sábado, 26 de outubro de 2024

Reflexão : A cura do cego de Jericó Mc 10, 46-52 ( Dom Samuel OSB )

 

A cura do cego de Jericó

30º DOMINGO DO TEMPO COMUM     Texto bíblico: Mc 10, 46 – 52     

Domingo passado Jesus disse a Tiago e a João: “Que quereis que eu faça por vós?” (Mc 10, v. 36) Neste, dirigindo-se a um cego, lhe diz: “Que queres que eu faça por ti?” (Mc 10, 51) João e Tiago dizem a Jesus: “desejaríamos que faças por nós o que te vamos pedir.” O que eles pediram, nós o sabemos assim como o despacho final da petição. Não foram atendidos porque pediram mal, isto é, pediram o que não deveriam ter pedido.

Com o cego Bartimeu dá-se o contrário. Antes de pedir algo a Jesus, o cego lhe diz: “Tem compaixão de mim!” Antes de dizer a Jesus: “que eu recupere a vista”, diz-lhe: “tem compaixão de mim!”  Antes de pedir o benefício da cura a quem podia concedê-la, limita-se a pedir ao Deus encarnado que dele se apiede, que tenha misericórdia dele!

O pecador se humilha diante de Deus e por tal gesto recebe o que pede. Soube pedir e por isso foi atendido; humilhou-se e foi exaltado; pediu misericórdia e obteve a cura. Deus sempre usa de misericórdia para com quem pede misericórdia!

“O Senhor abre os olhos ao cego.” (Sl 146, 8) Eis o que aconteceu hoje!

Detalhe da mais alta importância é ter escrito o evangelista que o “cego estava sentado à beira do caminho, mendigando.” (Mc 10, v. 46) Estava sentado à beira do caminho? Logo, ainda não estava no caminho, o qual é Cristo, que disse: “Eu sou o caminho.” Ainda não conhecia o caminho quem estava à beira do caminho. Quantos há neste mundo que, à beira do caminho, mendigam!

O cego de que nos fala o Evangelho deste domingo, ao contrário de cegos muito piores que existiam no tempo em que viveu, não era de todo cego, visto que, reconheceu como Deus e salvador aquele de quem ouvira falar. Tendo crido naquele que não podia ver, mereceu a graça de poder ver aquele em quem acreditou. Seus olhos foram abertos por causa de sua fé. Não foi tanto o Senhor quem deu-lhe a visão, mas a sua fé, já que sem ela, pela qual dirigiu-se a Cristo, não teria obtido de Deus aquilo que lhe pediu. Eis porque ao curá-lo o Senhor lhe disse: “A tua fé te salvou.”

Grande é, pois, o poder da fé e graças a ela ser-nos-à possível obter tudo aquilo que quisermos, contanto que seja bom e conveniente para nós. Mas havia também na época de Jesus, como aliás há hoje em dia, outros tipos de cegos aos quais nem Deus pode curar, porque resolveram permanecer cegos, optando livremente em fechar os seus olhos para não ver.

“Ai de vós, guias cegos”, lemos em Mateus 23, 16. “Guias cegos, que filtrais o mosquito e engolis o camelo.” (Mt 23, 24) Guias cegos? Sim, porque viam apenas o que queriam ver e nada mais. Em Apocalipse 3, 17 está escrito: “E não sabes tu que és miserável, digno de lástima, pobre, cego e nu.”

Jesus curou um cego de nascença e alguns homens, ao invés de o reconhecerem como Deus e adorá-lo, o que fizeram foi dizer que ele não era de Deus, porque não guardava o sábado. Pode haver cegueira maior? Os apóstolos realizaram um milagre reconhecido como evidente pelos chefes do povo(At 4, 16) em nome de Jesus, e os mesmos chefes os proibiram  de mencionar o nome graças ao qual o milagre foi realizado. De novo a cegueira a manifestar-se em toda a sua extensão desmedida!

Realmente, conforme nos ensina a Bíblia, este mundo é um mundo de cegos! Sempre houve, há ainda agora e continuará a haver quem prefira não ver, ainda que tenha olhos bem abertos para enxergar.

Quanto aqueles que não veem porque não podem, não há o que fazer, a não ser que Deus queira lhes dar a visão. Quanto, porém, aos que não querem ver, tire sua conclusão quem até aqui teve a paciência de ler...!

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