segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Solenidade da Assunção de Maria à Glória celeste

SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE MARIA A GLÓRIA CELESTE

 Texto bíblico: Lc 1, 39 - 56

 Parece ser contrário à Bíblia crer tenha Maria subido ao céu em corpo e alma, no que aliás, consiste a essência da solenidade que a Igreja neste domingo celebra, se Cristo afirmou: “E no entanto, ninguém subiu ao céu senão aquele que do céu desceu, o filho do homem.” (Jo 3, 13) Cristo, porém, quando tais palavras pronunciou, não tinha ainda subido ao céu com nossa carne glorificada!

É de fé que Cristo subiu ao céu, conforme se lê nos Atos dos Apóstolos. É de fé também, que sua mãe subiu igualmente, assim o cremos nós. Se subiu o que se fez homem no seio daquela que fora desde sempre predestinada para ser sua mãe, nada mais natural que também subisse após a morte a genitora de Deus, a que o anjo saudara como plena de graça, a que Isabel chamara de a mãe do seu Senhor.

Se Maria era ela própria um céu, em cujo seio habitou aquele no qual habita corporalmente toda a plenitude da divindade, nada mais natural do que ter ido para o céu em corpo e alma aquela que fora inteiramente santificada com uma graça especial e preservada de todo pecado, em vista da sublime missão de mãe do redentor do gênero humano.

Adão, princípio e cabeça da humanidade que nele caiu, foi condenado a morrer, e nós, seus descendentes, por causa do pecado original, já nascemos condenados a uma morte inapelável da qual ninguém escapa, e para a qual estamos todos caminhando dia após dia. A morte, portanto, pela qual todos sem exceção havemos de passar, é pena do pecado. Quem nasce pecador, fatalmente morrerá!

A virgem de Nazaré, no entanto, tendo sido preservada daquela negra mácula manchados pela qual todos nascemos, não poderia por isso mesmo, passar pela dolorosa experiência da morte – pena do pecado. Se, pois, a santa virgem mãe de Deus, não experimentou a humilhação do sepulcro pela qual todos haveremos de passar, o corpo que o filho eterno do Pai habitou e sua alma, ambos, subiram glorificados ao céu quando de sua morte.

Aquele corpo que foi inundado e invadido pela presença santificadora da eterna palavra do Pai, aquela a quem o anjo dissera: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra”, finalmente, o corpo do qual Deus mesmo quis se servir para assumir ele próprio um corpo, não poderia nem deveria de modo algum ser reduzido a pó, e convinha fosse preservado da humilhante decomposição de que mortal algum se livra, pelo poder de Deus, e fosse depois da sua feliz morte, imediatamente glorificado no céu.

A escolhida para ser mãe de Deus foi por ele glorificada. Foi por um incomparável mistério de graça superabundante concedida a Maria pela inefável Trindade divina que ela foi preservada do pecado de Adão, não cometeu pecado algum durante a sua vida, concebeu o filho de Deus feito homem em seu seio puríssimo sem ter perdido a sua integridade virginal e permaneceu virgem após o seu parto singular, caso único na história da humanidade.

Hoje, recebe a excelsa filha de Sião, o tabernáculo vivo em que habitou o unigênito filho do Pai eterno, a homenagem que a Igreja com justiça lhe presta, a ela por meio de quem nos veio a eterna salvação prometida por Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, o qual, sendo seu verdadeiro filho, a quis com ele glorificada no céu em sua alma sem pecado e no seu corpo sem mancha.

Santa mãe de Deus, vós que estais no céu como soberana rainha ao lado daquele que neste mundo quis ser vosso filho, lembrai-vos de nós que humildemente recorremos a vós e não desprezeis, vo-lo pedimos, as súplicas que em nossas necessidades e tribulações vos dirigimos. Amém.

Dom Samuel Dantas (OSB)

 

 


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