SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE
MARIA A GLÓRIA CELESTE
É
de fé que Cristo subiu ao céu, conforme se lê nos Atos dos Apóstolos. É de fé
também, que sua mãe subiu igualmente, assim o cremos nós. Se subiu o que se fez
homem no seio daquela que fora desde sempre predestinada para ser sua mãe, nada
mais natural que também subisse após a morte a genitora de Deus, a que o anjo
saudara como plena de graça, a que Isabel chamara de a mãe do seu Senhor.
Se
Maria era ela própria um céu, em cujo seio habitou aquele no qual habita
corporalmente toda a plenitude da divindade, nada mais natural do que ter ido
para o céu em corpo e alma aquela que fora inteiramente santificada com uma
graça especial e preservada de todo pecado, em vista da sublime missão de mãe
do redentor do gênero humano.
Adão, princípio e cabeça da humanidade que nele caiu, foi condenado a morrer, e nós, seus descendentes, por causa do pecado original, já nascemos condenados a uma morte inapelável da qual ninguém escapa, e para a qual estamos todos caminhando dia após dia. A morte, portanto, pela qual todos sem exceção havemos de passar, é pena do pecado. Quem nasce pecador, fatalmente morrerá!
A
virgem de Nazaré, no entanto, tendo sido preservada daquela negra mácula
manchados pela qual todos nascemos, não poderia por isso mesmo, passar pela
dolorosa experiência da morte – pena do pecado. Se, pois, a santa virgem mãe de
Deus, não experimentou a humilhação do sepulcro pela qual todos haveremos de
passar, o corpo que o filho eterno do Pai habitou e sua alma, ambos, subiram
glorificados ao céu quando de sua morte.
Aquele
corpo que foi inundado e invadido pela presença santificadora da eterna palavra
do Pai, aquela a quem o anjo dissera: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder
do Altíssimo te cobrirá com sua sombra”, finalmente, o corpo do qual Deus mesmo
quis se servir para assumir ele próprio um corpo, não poderia nem deveria de
modo algum ser reduzido a pó, e convinha fosse preservado da humilhante
decomposição de que mortal algum se livra, pelo poder de Deus, e fosse depois
da sua feliz morte, imediatamente glorificado no céu.
A
escolhida para ser mãe de Deus foi por ele glorificada. Foi por um incomparável
mistério de graça superabundante concedida a Maria pela inefável Trindade
divina que ela foi preservada do pecado de Adão, não cometeu pecado algum
durante a sua vida, concebeu o filho de Deus feito homem em seu seio puríssimo
sem ter perdido a sua integridade virginal e permaneceu virgem após o seu parto
singular, caso único na história da humanidade.
Hoje,
recebe a excelsa filha de Sião, o tabernáculo vivo em que habitou o unigênito
filho do Pai eterno, a homenagem que a Igreja com justiça lhe presta, a ela por
meio de quem nos veio a eterna salvação prometida por Deus, nosso Senhor Jesus
Cristo, o qual, sendo seu verdadeiro filho, a quis com ele glorificada no céu
em sua alma sem pecado e no seu corpo sem mancha.
Santa mãe de Deus, vós que estais no céu como soberana rainha ao lado daquele que neste mundo quis ser vosso filho, lembrai-vos de nós que humildemente recorremos a vós e não desprezeis, vo-lo pedimos, as súplicas que em nossas necessidades e tribulações vos dirigimos. Amém.
Dom Samuel Dantas (OSB)
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