Exposição Retrata a vida de Maria de Araújo
No passado, mencionar o nome de Maria de Araújo ou defender os eventos de Juazeiro associados a ela era motivo de excomunhão, uma ameaça levada muito a sério pela população predominantemente católica do Cariri entre os séculos XIX e XX. Mas, afinal, que perigos representava a pequena Beata Maria?
A exposição atual busca explorar as poucas informações disponíveis sobre sua vida, utilizando linhas e cores digitais para traçar um perfil sinuoso e narrativo do espírito potente e desafiador de Maria. Ela ainda carrega uma aura de mistério.
A história de Maria, por mais pontual e enigmática que seja, possui uma força narrativa repleta de subjetividades. O ambiente da exposição é permeado por questões e, ainda mais, por indignações. As lacunas deixadas por sua trajetória são preenchidas por uma busca incessante por respostas, e nessa busca surgem livres interpretações artísticas.
Seu esquecimento, apagamento e a violência física, moral e psicológica que sofreu não foram naturais, nem resultantes de um simples distanciamento histórico. Foram premeditados, planejados e executados pela sociedade e pela Igreja, que, aos poucos, pareceu esquecer o que havia feito há mais de 100 anos. A memória de Maria, entretanto, não foi completamente apagada. A vela não se extinguiu totalmente, mantendo ainda uma faísca que, ao ser reacesa, voltou a brilhar e a inflamar a mente daqueles que reconhecem na Beata uma figura importante, merecedora de ter seu nome restabelecido em seu devido lugar.
A exposição revela, de forma impactante, o véu que caiu e escancarou o crime, o milagre e o falso moralismo em torno de Maria de Araújo, trazendo à tona sua significativa e desafiadora presença na história.
texto e curadoria de artista Álisson Flor Candieiros
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