segunda-feira, 17 de junho de 2024

Texto Bíblico: Mc 4, 26 – 34 - texto de Dom Samuel -OSB

 

Primeiro Jesus nos diz que “sucede com o reino de Deus o mesmo que com um homem que lança a semente a terra. Quer ele durma, quer esteja levantado, de noite e de dia, a semente germina e cresce, sem que ele saiba como”(Mc 4, 26 – 27) para em seguida compara-lo(o reino de Deus) a um grão de mostarda, o qual, quando é semeado na terra, é a menor de todas as sementes do mundo; mas, depois de semeada, cresce e torna-se a maior de todas as hortaliças, e dá grandes ramos, de tal forma que, à sua sombra, os pássaros do céu podem fazer seus ninhos.”(Mc 4, 31 – 32)

No Antigo Testamento, o reino de Deus foi o povo de Israel, modesto em seus inícios, podendo ser comparado à uma pequena semente lançada à terra que com o transcorrer do tempo, germinou e cresceu. O autor do livro do Êxodo nos informa que umas poucas pessoas desceram ao Egito. Após um certo tempo, o que inicialmente fora apenas uma ínfima semente, tornou-se um povo tão numeroso como as estrelas do céu.

Todas as obras de Deus, sempre pequenas no início, tendem depois a se tornar grandes. Qualquer semente lançada por Deus a terra, tornar-se-à uma frondosa e robusta árvore. O menino nascido numa manjedoura em Belém não se tornou depois o mais belo entre os filhos dos homens? São José, o humilde carpinteiro, não se tornou o patrono da igreja universal? A humílima virgem de Nazaré não foi elevada a condição de rainha do céu e da terra?

Neste mundo, a Igreja, onde floresce o Espírito e onde desabrocham suavemente os divinos dons, é ela própria o reino de Deus. Que foi a igreja de Cristo no seu início senão esta pequena semente de que Jesus hoje nos fala? Que foi ela senão um grão de mostarda, inicialmente a menor de todas as sementes do mundo, mas depois convertida pela incessante ação divina na maior de todas as hortaliças, repleta de grandes e potentes ramos? Limitada a Jerusalém quando de seu nascimento, e a um punhado de homens – eram apenas doze – em pouco tempo a semente lançada na terra pela pregação do filho de Deus, espalhou-se por todo o mundo, não tendo havido um único lugar onde o Evangelho não tenha sido anunciado.

Em pouco tempo já não eram mais apenas doze anunciando a palavra de Deus, mas muitos outros que haviam abraçado a fé por causa da pregação daqueles doze primeiros infatigáveis operários da gigantesca obra que em breve espalhar-se-ia por toda a terra.

A igreja de Cristo cresceu e de insignificante semente tornou-se uma bela e distinta árvore, de colossal estatura,  que não obstante fraquezas e misérias de muitos dos seus filhos, gerou e continua ainda a gerar frutos abundantíssimos. Ao longo de sua história não foram poucos os pássaros – alguns dentre eles geniais e brilhantes – que à sua sombra protetora e benfazeja fizeram seus ninhos. À sombra da grande mãe e mestra igreja abrigaram-se inumeráveis sábios, santos, cientistas, poetas, homens ilustres por seus talentos e virtudes, oriundos das mais diversas partes do mundo; à sombra desta hortaliça sempre verdejante que nunca morreu nem há de morrer e de cuja perene juventude é prova cabal e irrefutável sua mesma história, encontraram abrigo no passado e o encontram ainda hoje todos os que sofrem e penam neste mundo.

Cristo, o divino agricultor que veio do céu para semear a palavra no mundo, lançou a semente a terra que germinou e cresceu. Hoje, vemos, e é a história que no-lo mostra e testifica, o pequenino grão de mostarda do modesto início misteriosamente convertido na maior de todas as hortaliças, cheio de grandes ramos, de tal forma que, à sua sombra, os pássaros do céu podem fazer seus ninhos.

Lemos no salmo 103 que “as árvores do Senhor são bem viçosas e os cedros que no Líbano plantou. As aves ali fazem os seus ninhos.” (Sl 103, 16 – 17) A Igreja de Cristo é esta árvore imorredoura de que nos fala o salmista inspirado; é ela este indestrutível cedro plantado pela mão do onipotente neste mundo, e onde, tanto no passado como ainda hoje todas as espécies de aves, grandes e pequenas, podem, se quiserem, fazer seus ninhos.

 

 

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