Primeiro
Jesus nos diz que “sucede com o reino de Deus o mesmo que com um homem que
lança a semente a terra. Quer ele durma, quer esteja levantado, de noite e de
dia, a semente germina e cresce, sem que ele saiba como”(Mc 4, 26 – 27) para em
seguida compara-lo(o reino de Deus) a um grão de mostarda, o qual, quando é
semeado na terra, é a menor de todas as sementes do mundo; mas, depois de
semeada, cresce e torna-se a maior de todas as hortaliças, e dá grandes ramos,
de tal forma que, à sua sombra, os pássaros do céu podem fazer seus ninhos.”(Mc
4, 31 – 32)
No
Antigo Testamento, o reino de Deus foi o povo de Israel, modesto em seus
inícios, podendo ser comparado à uma pequena semente lançada à terra que com o
transcorrer do tempo, germinou e cresceu. O autor do livro do Êxodo nos informa
que umas poucas pessoas desceram ao Egito. Após um certo tempo, o que
inicialmente fora apenas uma ínfima semente, tornou-se um povo tão numeroso
como as estrelas do céu.
Todas
as obras de Deus, sempre pequenas no início, tendem depois a se tornar grandes.
Qualquer semente lançada por Deus a terra, tornar-se-à uma frondosa e robusta
árvore. O menino nascido numa manjedoura em Belém não se tornou depois o mais
belo entre os filhos dos homens? São José, o humilde carpinteiro, não se tornou
o patrono da igreja universal? A humílima virgem de Nazaré não foi elevada a
condição de rainha do céu e da terra?
Neste
mundo, a Igreja, onde floresce o Espírito e onde desabrocham suavemente os
divinos dons, é ela própria o reino de Deus. Que foi a igreja de Cristo no seu
início senão esta pequena semente de que Jesus hoje nos fala? Que foi ela senão
um grão de mostarda, inicialmente a menor de todas as sementes do mundo, mas
depois convertida pela incessante ação divina na maior de todas as hortaliças,
repleta de grandes e potentes ramos? Limitada a Jerusalém quando de seu
nascimento, e a um punhado de homens – eram apenas doze – em pouco tempo a
semente lançada na terra pela pregação do filho de Deus, espalhou-se por todo o
mundo, não tendo havido um único lugar onde o Evangelho não tenha sido
anunciado.
Em
pouco tempo já não eram mais apenas doze anunciando a palavra de Deus, mas
muitos outros que haviam abraçado a fé por causa da pregação daqueles doze
primeiros infatigáveis operários da gigantesca obra que em breve espalhar-se-ia
por toda a terra.
A
igreja de Cristo cresceu e de insignificante semente tornou-se uma bela e
distinta árvore, de colossal estatura, que não obstante fraquezas e misérias de
muitos dos seus filhos, gerou e continua ainda a gerar frutos abundantíssimos.
Ao longo de sua história não foram poucos os pássaros – alguns dentre eles
geniais e brilhantes – que à sua sombra protetora e benfazeja fizeram seus
ninhos. À sombra da grande mãe e mestra igreja abrigaram-se inumeráveis sábios,
santos, cientistas, poetas, homens ilustres por seus talentos e virtudes,
oriundos das mais diversas partes do mundo; à sombra desta hortaliça sempre
verdejante que nunca morreu nem há de morrer e de cuja perene juventude é prova
cabal e irrefutável sua mesma história, encontraram abrigo no passado e o
encontram ainda hoje todos os que sofrem e penam neste mundo.
Cristo,
o divino agricultor que veio do céu para semear a palavra no mundo, lançou a
semente a terra que germinou e cresceu. Hoje, vemos, e é a história que no-lo
mostra e testifica, o pequenino grão de mostarda do modesto início
misteriosamente convertido na maior de todas as hortaliças, cheio de grandes
ramos, de tal forma que, à sua sombra, os pássaros do céu podem fazer seus
ninhos.
Lemos
no salmo 103 que “as árvores do Senhor são bem viçosas e os cedros que no
Líbano plantou. As aves ali fazem os seus ninhos.” (Sl 103, 16 – 17) A Igreja
de Cristo é esta árvore imorredoura de que nos fala o salmista inspirado; é ela
este indestrutível cedro plantado pela mão do onipotente neste mundo, e onde,
tanto no passado como ainda hoje todas as espécies de aves, grandes e pequenas,
podem, se quiserem, fazer seus ninhos.
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