TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO
PASCAL
Texto bíblico: Lc 24, 35
– 48
14 de abril
Domingo
passado escutamos Jesus censurar a Tomé por não ter crido no testemunho dos que
lhe disseram: “vimos o Senhor!” Neste
domingo, lemos que Jesus, aparecendo aos apóstolos, lhes perguntou: “Qual o
motivo dessa perturbação e por que se levantam essas objeções em vossos
corações?”
O
evangelista São Lucas escreveu que “espantados e cheios de medo, eles pensaram
que estavam vendo um espírito.” Por qual razão será que aqueles homens estavam
perturbados? Por qual razão levantavam-se tantas objeções naqueles pobres e
amedrontados corações?
Na
passagem proposta pela Igreja neste domingo à nossa consideração não há uma
resposta explícita, mas nem se precisa pensar muito para se descobrir qual
teria sido a resposta dada pelo próprio Jesus se ele mesmo quisesse responder à
pergunta por ele feita aos apóstolos.
Qual
o motivo dessa perturbação e por que se levantam essas objeções em vossos corações,
perguntou-lhes Jesus. Nós poderíamos responder
com toda tranquilidade, sem medo de dizer alguma impropriedade inconveniente: a
falta de fé.
A
causa tanto da perturbação quanto das objeções só podia ser esta: falta de fé!
Efetivamente,
quando esta luz divina e sobrenatural falta ou é pequena demais, o resultado só
pode ser o que se lê no trecho bíblico deste domingo: perturbação e o
surgimento de uma série de objeções de todo tipo em nossos corações, das quais
uma das mais comuns e frequentes pode ser a dúvida sobre o fato da ressurreição
do Senhor.
O
ser humano a quem uma fé sólida, sadia, robusta e esclarecida não ilumina e
instrui condena-se a vagar sem rumo nem direção enquanto peregrina neste mundo,
sem saber donde veio, ignorando que faz aqui e o que é mais trágico, sem fazer
a menor ideia de para onde está indo.
Ao
olhar atentamente para dentro de si mesmo, ao refletir seriamente sobre a vida
em geral e a sua em particular, descobre-se como um ser profundamente
perturbado por uma série de questões fundamentais para as quais não consegue
encontrar respostas satisfatórias, e não raro cheio de objeções.
Quanto
a falta de fé é capaz de gerar toda sorte de perturbação na mente, no coração e
na vida sabem-no muitíssimo bem todos quantos dela carecem! Sem que a luz da fé
ilumine e esclareça, de quanta confusão não nos tornamos vítimas impotentes! Que o digam os apóstolos, os quais chegaram a
pensar fosse Jesus que lhes aparecera corporalmente um espírito. Ora, se é próprio de um espírito ser
invisível, o que então lhes apareceu, claro está que não poderia de modo algum
ser um espírito.
É
realmente bem grande a dureza do pobre coração humano. Jesus aparece aos seus
íntimos e lhes diz cheio de amor: “A paz esteja convosco”, e ei-los espantados
e cheios de medo; o Senhor lhes mostra, compadecido de sua cegueira, as mãos e
o pés, dizendo-lhes: “tocai-me, olhai”, e eles ainda permanecem incrédulos,
como anotou São Lucas em seu relato sobre tal episódio.
Hoje,
irmãos e irmãs, como outrora aos apóstolos, Jesus dirige-se a nós e nos
pergunta: qual o motivo dessa perturbação e por que se levantam essas objeções
em vossos corações?
Nos
perturbamos com bastante frequência por causa disto ou daquilo? Das duas uma:
ou é que não temos fé nenhuma, ou a que supomos ter é tão pequena que não nos
permite viver sem ser continuamente assaltados por perturbações e objeções, e é
precisamente por tal motivo que amiúde nos perturbamos e com frequência
levantam-se objeções em nossos corações.
Creiamos
com fé firme na ressurreição do Senhor e a certeza tomará o lugar da
perturbação. Creiamos com fé sólida e não haverá qualquer espécie de objeção,
por espinhosa que nos possa parecer, que não seja logo dissipada pelo
fulgurante clarão da fé. Amém.
Dom Samuel
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