QUINTO DOMINGO DA PÁSCOA
Texto bíblico: Jo 15, 1 –
8
28 de Abril
Por
qual misteriosa razão Jesus se nos apresenta neste domingo a nós como a
verdadeira videira? Acaso não lhe bastava dizer simplesmente: “eu sou a
videira?” Digo que não, porque Jesus sabia que havia e sempre haveria falsas
videiras e por saber disto foi que disse: “eu sou a verdadeira videira.”
Há,
de fato no mundo muitas falsas videiras. Verdadeira, porém, somente uma, a qual
é o que hoje solenemente nos diz: “eu sou a verdadeira videira.”
Lembrai-vos
que domingo passado a verdadeira videira não disse apenas que era pastor, mas o
que ouvistes: “eu sou o bom pastor.” Ele é o bom e o verdadeiro em sumo grau!
Com esta afirmação categórica, quis
nosso Senhor ensinar-nos que apenas ele conta e importa, sendo nada todo o
resto.
Ele
é o salvador, nós os salvos; ele o criador e nós as criaturas; ele o redentor e
nós os redimidos; ele o libertador e nós os libertos; ele o médico e nós os
doentes; ele o todo poderoso e nós suas frágeis criaturas; ele a cabeça da
Igreja, nós, os membros de seu corpo místico. Eis o que ele é e eis o que nós
sem exceção alguma somos!
“Eu
te plantei como videira de escol, toda de cepa confiável.” (Jr 2, 21) Estas
palavras constantes nos oráculos do profeta Jeremias, conquanto no contexto em
que se acham refiram-se a Israel, aplicam-se muito mais a Cristo, a verdadeira
videira, assim como a expressão vinha viçosa de que fala o profeta Oséias
compete em grau máximo a Cristo, sendo ele mesmo a vinha que o Pai plantou,
como se lê no salmo 80.
“Eu
sou a vinha, prossegue Jesus, vós sois os ramos.” Quanto está a videira acima
dos ramos, que sem ela que lhes serve de fundamento não poderiam de modo algum
subsistir, tão mais acima de nós está Cristo, o Verbo que no início estava
voltado para Deus, sendo Deus ele próprio.
Nós
somos os ramos porque totalmente dependentes daquele sem cujo sobrenatural
auxílio nada somos, nada temos e nada podemos. Que acontece aos ramos se forem
separados da vinha? Definham e morrem, porque privados do indispensável
nutriente que só da vinha pode provir, não podem de modo algum sobreviver. Não
é coisa diferente o que nos sucederá caso nos separemos de Cristo-vinha. A ele
unidos e por ele vivificados, daremos fruto abundante. Dele separados,
infalivelmente pereceremos. “Se alguém não permanece em mim é jogado fora como
o ramo e seca. Depois são ajuntados, jogados ao fogo e queimam. Em outra
ocasião o Senhor disse: “Quem não ajunta comigo dispersa.”
Todo
ser humano só tem duas opções, cabendo-lhe antes da morte optar por uma ou por
outra: ou decide permanecer em Cristo e produz fruto em abundância ou opta por
viver sem ele e longe, e neste caso, “é jogado fora”, e a semelhança do que
ocorre com um ramo estéril separado da videira, seca e morre, restando-lhe como
triste e inevitável destino ser jogado fora e queimado.
Separados
de mim, alerta-nos o Senhor Jesus, nada podeis fazer. Não nos podemos salvar
sem Cristo; não podemos ser felizes sem que ele esteja em nós e nós estejamos nele; não podemos ser bons se sua
graça não nos fizer tais. De nenhum bem seremos capazes se ele não nos ajudar.
Sem Cristo estamos perdidos. Só por ele podemos ser bons e só contando com o
seu auxílio sempre eficaz poderemos evitar o mal de que todos somos capazes e
para o qual somos sem cessar amiúde impelidos.
Cegos,
precisamos de quem nos abra os olhos; errantes, temos necessidade de quem nos
guie; doentes, precisamos deste celeste médico. Esforcemo-nos, pois, quanto de nós depende,
para permanecermos junto daquele sem o qual nada podemos, mas com a ajuda de
quem ser-nos-à fácil o que é difícil e possível o que a nós nos parece
impossível. Assim seja.
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