DOMINGO DA QUARESMA
Texto bíblico: Jo 2, 13 –
25 (Expulsão dos vendilhões do templo)
3 de março
Não
era porventura o templo um lugar de oração? E não dissera Deus expressamente:
“Minha casa(o templo) será chamada casa de oração para todos os povos?” E as
pessoas não iam ao templo sobretudo para orar? O que então deveriam encontrar
no templo os que para ele acorressem? Naturalmente, como seria de se esperar,
pessoas devotas e piedosas orando e rendendo culto a Deus, já que, por expressa
vontade e desejo do mesmo Deus, o templo deveria ser casa de oração, que para
isso e não para qualquer outra coisa tinha sido construído.
O
que todavia encontra nele Jesus quando ali chega? “No templo, encontrou os
vendedores de bois, de ovelhas e de pombas, como também os cambistas que ali se
haviam instalado.” (Jo 2, 14) Ao invés da piedade para com Deus, do zelo pela
glória divina, da oração, do cântico de hinos espirituais e de salmos, da
penitência, da reverência para com o sagrado e as coisas santíssimas, Jesus se
depara com vendedores e cambistas que ali se haviam instalado.
No
mesmo espaço sagrado, Deus e os vendedores de bois e de ovelhas, o culto de
Deus e os negócios feitos por vendedores de bois e de ovelhas. No mesmo templo
consagrado a Deus e ao culto que lhe era devido, onde eram feitas orações públicas e privadas
e onde eram oferecidos sacrifícios ao eterno, ai se haviam instalado homens
profanos e atividades seculares que naquele espaço sagrado de modo algum
deveriam jamais ter lugar.
Todo
o capítulo oitavo do livro dos oráculos do profeta Ezequiel contém uma
descrição das muitas abominações infames que ao tempo do profeta eram cometidas
no interior do templo.
Na
casa de Deus – o templo de Jerusalém antigamente, e a igreja do Deus vivo hoje
– houve, há e por certo continuará havendo “vendedores de bois, de pombas e
cambistas.” Não disse o Senhor Jesus uma vez que era necessário houvesse
escândalos? E quem duvida que um dos muitos escândalos que ele via
antecipadamente quando tais palavras proferiu não era justamente este de que o
Evangelho de hoje nos fala, qual seja, a casa de Deus convertida em comércio e
infestada de espertalhões inescrupulosos? Dos doze apóstolos que Jesus
escolhera um deles não se tornou traidor, tendo vendido seu mestre por trinta
moedas?
Jesus,
porém, vendo aquele espetáculo degradante, diz-nos São João, expulsou aqueles
homens do templo, aos que haviam feito da casa de seu Pai um balcão de
negócios.
Infelizmente,
triste é ter de dizê-lo, mas a verdade dos fatos obriga-nos a que o digamos,
muitos há pelo mundo que tem feito da casa de Deus uma máquina de negócios,
convertendo a fé em uma espécie de
ferramenta miraculosa por meio da qual pode-se comprar tudo. Muitos há que tem
apresentado a Deus como alguém a quem damos uma oferta e de quem recebemos em troca por aquilo que lhe tivermos dado algo ainda
maior.
A
Igreja do Deus vivo, como outrora o templo de Jerusalém, deve ser antes de tudo
e em primeiro lugar casa de oração para todos os povos, para onde se há de ir
afim de se adorar a Deus e orar. Ai de quem aí comercia, aí dos que nela
negociam, aí dos atuais vendedores de bois, pombas e ovelhas que a tem
convertido numa casa de comércio! Mais dia menos dia, serão expulsos pelo mesmo
Jesus que expulsou os vendilhões que encontrou no templo quando lá entrou.
É bem verdade que há muitos que se escandalizam por verem instalados no templo de Deus vendedores de bois, pombas e ovelhas. Muitos há que se perguntam angustiados e perplexos como é possível existam no lugar feito para a oração, a adoração e o culto divino cambistas de toda a espécie, talvez comprando cargos e vendendo e negociando a peso de ouro benefícios e posições. Realmente tais coisas são para se estranhar, mas não se esqueçam os que assim pensam que aquele que outrora habitou no templo e hoje habita na Igreja não deixará impunes os que tais coisas fazem. Os atuais vendedores de bois e de pombas bem como os cambistas destes tempos difíceis a seu tempo terão o que merecem!
colaborador : Dom Samuel
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