QUINTO DOMINGO DA
QUARESMA
Texto bíblico: Jo 12, 20
– 23
17 de março
“Quem
ama sua vida, perde-a”, disse Jesus um dia. E a Igreja, neste Domingo, torna a
nos recordar, para nosso bem, o que um dia Jesus disse: “Quem ama a sua vida,
perde-a.”
O
problema talvez não seja tanto o de se amar a vida, pois como não haveríamos de
amar um dom gracioso recebido do mesmo autor da vida? mas o de amá-la mais do
que convém, como se esta vida mortal e caduca fosse a única e nada mais
houvesse além dela. Na verdade, quem ama demais esta vida expõe-se a um duplo risco, qual seja, o de
perder a si mesmo enquanto caminha neste mundo e o de perder a Deus e a vida
eterna, a vida verdadeira para a qual todos fomos criados e para participar da
qual somos chamados afim de nela
tomarmos parte.
Ao
que o Senhor Jesus disse: “quem ama a sua vida perde-a” poder-se-ia acrescentar
que quem ama de maneira excessiva e desordenada seja lá o que for que exista
neste mundo corre não apenas o risco de perder a mesma vida, mas também, o que
é uma tragédia incomparavelmente maior do que perder algo que inevitavelmente
haveremos de perder quando soar para nós a hora de nossa morte, de perder-se a
si mesmo.
A
vida, por boa e bela que nos possa parecer, perdê-la-emos para a morte,
agrade-nos ou não tal ideia, contra a qual ninguém pode coisa alguma. Vença
quantas vezes quiser e obtenha todas as vitórias esplêndidas que obtiver, mesmo
o maior dos vencedores, no fim há de ser vencido por um único golpe certeiro,
porque na prática a vida humana é um combate de que só se pode sair vencido.
Para a senhora morte, só há perdedores!
Todos
nós, porém, podemos nos perder antes que a morte sobrevenha. Nesta vida e neste
mundo com quantas coisas e de quantos modos nos podemos perder! E já que Jesus
nos está dizendo que “quem ama a sua vida, perde-a” reflitamos e pensemos nos
muitos que já perderam e ainda agora continuam perdendo sua saúde, sua alegria,
sua paz, suas noites, seu equilíbrio, seu brilho, em suma, sua vida e a si
mesmos, por causa de dinheiro, por causa de apego desmedido ao poder, de
vícios, de relacionamentos destrutivos, enfim, por causa de escolhas contrárias
a sã razão e aos ensinamentos da fé.
Amemos
a vida, que nisso não há problema algum. É não apenas legítimo, como também
normal e até natural que amemos um bem que a divina liberalidade se dignou
dar-nos. Não a amemos, porém, idolatrando-a, a ponto de nos esquecermos que não foi para
esta efêmera existência que Deus nos criou. Tristíssima seria a sorte do ser
humano se tudo se resumisse a nascer chorando, viver penando e morrer.
Disse
ainda Jesus que “quem deixa de se apegar a ela(a vida) neste mundo, a guardará
para a vida eterna.” Evitemos o apego sempre nocivo ao que está destinado a
passar para não perdermos o que é eterno; evitemos apegar-nos ao que terá fim
depressa, para não perdermos o bem infinito, e quando porventura nos sentirmos
tentados a apegar-nos a esta vida, pensemos que mais dia menos dia teremos de
despedir-nos dela e dizer um adeus definitivo a este mundo, cuja figura passa,
no dizer do apóstolo Paulo.
Amemos
de preferência a vida eterna, e que o desejo de chegar a ela bem como o medo de
a perder, nos preservem de todo e qualquer tipo de apego desordenado a esta
vida e a seja lá o que for que existe neste mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário