quarta-feira, 13 de março de 2024

QUINTO DOMINGO DA QUARESMA : “Quem ama sua vida, perde-a”, disse Jesus um dia.

 

QUINTO DOMINGO DA QUARESMA

Texto bíblico: Jo 12, 20 – 23

17 de março

 

“Quem ama sua vida, perde-a”, disse Jesus um dia. E a Igreja, neste Domingo, torna a nos recordar, para nosso bem, o que um dia Jesus disse: “Quem ama a sua vida, perde-a.”

O problema talvez não seja tanto o de se amar a vida, pois como não haveríamos de amar um dom gracioso recebido do mesmo autor da vida? mas o de amá-la mais do que convém, como se esta vida mortal e caduca fosse a única e nada mais houvesse além dela. Na verdade, quem ama demais esta vida  expõe-se a um duplo risco, qual seja, o de perder a si mesmo enquanto caminha neste mundo e o de perder a Deus e a vida eterna, a vida verdadeira para a qual todos fomos criados e para participar da qual  somos chamados afim de nela tomarmos parte.

Ao que o Senhor Jesus disse: “quem ama a sua vida perde-a” poder-se-ia acrescentar que quem ama de maneira excessiva e desordenada seja lá o que for que exista neste mundo corre não apenas o risco de perder a mesma vida, mas também, o que é uma tragédia incomparavelmente maior do que perder algo que inevitavelmente haveremos de perder quando soar para nós a hora de nossa morte, de perder-se a si mesmo.

A vida, por boa e bela que nos possa parecer, perdê-la-emos para a morte, agrade-nos ou não tal ideia, contra a qual ninguém pode coisa alguma. Vença quantas vezes quiser e obtenha todas as vitórias esplêndidas que obtiver, mesmo o maior dos vencedores, no fim há de ser vencido por um único golpe certeiro, porque na prática a vida humana é um combate de que só se pode sair vencido. Para a senhora morte, só há perdedores!

Todos nós, porém, podemos nos perder antes que a morte sobrevenha. Nesta vida e neste mundo com quantas coisas e de quantos modos nos podemos perder! E já que Jesus nos está dizendo que “quem ama a sua vida, perde-a” reflitamos e pensemos nos muitos que já perderam e ainda agora continuam perdendo sua saúde, sua alegria, sua paz, suas noites, seu equilíbrio, seu brilho, em suma, sua vida e a si mesmos, por causa de dinheiro, por causa de apego desmedido ao poder, de vícios, de relacionamentos destrutivos, enfim, por causa de escolhas contrárias a sã razão e aos ensinamentos da fé.

Amemos a vida, que nisso não há problema algum. É não apenas legítimo, como também normal e até natural que amemos um bem que a divina liberalidade se dignou dar-nos. Não a amemos, porém, idolatrando-a,  a ponto de nos esquecermos que não foi para esta efêmera existência que Deus nos criou. Tristíssima seria a sorte do ser humano se tudo se resumisse a nascer chorando, viver penando e morrer.

Disse ainda Jesus que “quem deixa de se apegar a ela(a vida) neste mundo, a guardará para a vida eterna.” Evitemos o apego sempre nocivo ao que está destinado a passar para não perdermos o que é eterno; evitemos apegar-nos ao que terá fim depressa, para não perdermos o bem infinito, e quando porventura nos sentirmos tentados a apegar-nos a esta vida, pensemos que mais dia menos dia teremos de despedir-nos dela e dizer um adeus definitivo a este mundo, cuja figura passa, no dizer do apóstolo Paulo.

Amemos de preferência a vida eterna, e que o desejo de chegar a ela bem como o medo de a perder, nos preservem de todo e qualquer tipo de apego desordenado a esta vida e a seja lá o que for que existe neste mundo.

 colaboração de Dom Samuel 

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