sábado, 17 de junho de 2023

NENHUM CUIDADO É DEMAIS COM ELA!

 

NENHUM CUIDADO É DEMAIS COM ELA!


 Creio que por uma misteriosa disposição da divina e eterna Providência chegou-me às mãos um notável artigo escrito pelo cientista político e professor do INSPER Fernando Schuler, intitulado “A Era da Dispersão.”

De tudo que li no texto do citado professor, alguns trechos me impressionaram vivamente, conduzindo-me a uma profunda reflexão sobre o tema nele abordado, aliás, de suma atualidade.

“James Williams, ex-estrategista do Google, faz o alerta: era pago para criar estratégias de “captura da atenção das pessoas. Quando percebeu que tinha sido fisgado, “deu um tempo. Foi estudar em Oxford e tentar decifrar o problema. Ele diz que vivemos uma epidemia. Que há uma indústria inteira focada em capturar aquilo que cada um tem de mais importante: nosso tempo e nossa atenção.”

Noutra parte deste texto que todos deveriam ler atentamente, porque utilíssimo, lê-se: “Há uma tonelada de estudos que mostram a conexão direta entre o uso intensivo de redes sociais e o aumento da ansiedade e do estresse.” Ora, se o uso intensivo –  é raro que os usuários façam uso moderado ou bem limitado – verdadeiro fenômeno de massa espalhado por todo o globo, gera dois dos maiores responsáveis pela existência de um difuso mal-estar cada vez mais generalizado nas pessoas, conclui-se que o “uso intensivo” de que muitos são vítimas, não é nem pode ser uma coisa boa, na medida em que produz efeitos nefastos, neste caso, o estresse e a ansiedade.

Prossegue o professor Fernando: “Um grupo de pesquisadores da universidade de Pittsburg conduziu um amplo estudo identificando uma significativa associação entre o uso das mídias sociais e o aumento da depressão.” No último parágrafo do texto, o autor permitiu-se dar um sábio e mais que oportuno conselho: “Larguem um pouco a internet. Em especial as mídias sociais. Há quem ganhe dinheiro com isso, mas não são muitos. A maioria só perde seu bem mais precioso, o tempo, esse bem fugidio, que apenas vai escorregando, sem que a gente perceba, e cujo preço, no final, vem na conta de uma tristeza morna por tudo aquilo que deixamos de viver.”

 Há algo sobre o qual convém que reflitamos muito. Em geral, quem ganha dinheiro não é nenhuma espécie de aficionado compulsivo. Ganha dinheiro, mas sabe bem que não deve perder muito tempo com o que no final das contas poderá deixa-lo doente. Inversamente falando, o usuário comum, o anônimo no meio da multidão nem ganha dinheiro e ainda por cima perde um tempo precioso que bem poderia consagrar a algo de mais útil e proveitoso para si mesmo.

Conta-se que o filósofo Platão, tendo uma vez surpreendido um dos seus servos a jogar dados ter-lhe-ia feito a seguinte reprimenda: “Não te repreendo pelo dinheiro gasto, mas pelo tempo perdido que jamais será recuperado ainda que saias vencedor.”

Walcir Carrasco, autor de novelas de grande sucesso exibidas pela rede globo, chegou a dizer que o “whats é invasivo, está virando uma neurose. É uma praga do nosso tempo.”

Concluo este texto com alguns testemunhos de pessoas de grande projeção social, os quais começaram a perceber que certas coisas não fazem bem. Convenceram-se dos vários riscos a que se expõem todos os que vivem a navegar em um mar cheio de perigos.

“Hoje, as redes sociais estimulam mais problemas de saúde mental, como depressão, síndrome do pânico, insônia.” (Leandro Karnal, historiador, escritor e professor)

“O celular mata a saúde mental. É a nova droga que está enlouquecendo as pessoas e causando dependência.” (Nizan Guanaes, empresário e publicitário brasileiro, fundador da empresa que trabalha para alguns dos principais grupos empresariais do Brasil)

“As mídias sociais são altamente prejudiciais. O que precisamos de fato é sair das redes porque elas estão afetando nossa saúde. Muitos dos meus amigos que pararam de usar esses serviços e plataformas reconhecem estar mais felizes agora.” (Orkut Buyukkokten, engenheiro turco, que desenvolveu a rede social Orkut)

“As redes sociais foram criadas para capturar a atenção e o tempo dos usuários, mesmo que de forma apelativa, com o único objetivo de lucrar cada vez mais.” (Brittany Kaiser, ex-diretora de desenvolvimento de negócios da Cambridge Analytica)

“O facebok é uma coisa do mal. O whatsapp também. É uma coisa que serviu para nos deixar desconfiados e com medo o tempo inteiro. Estamos sendo usados.” (Ignácio de Loyola Brandão, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras)

“Evito as redes sociais pela mesma razão que evito as drogas.” ( Jaron Lenier, americano, cientista da computação e um dos precursores da realidade virtual, autor do livro “Dez argumentos para você deletar agora todas as suas redes sociais.”

colaborador : Dom Samuel Dantas, OSB

Dom Samuel(Émerson Dantas de Araújo), é natural de Mauriti- Ce. Monge professo solene de votos perpétuos do Mosteiro de São Bento da Bahia, Salvador. É licenciado em Filosofia e Bacharelado em Teologia pela antiga faculdade de São Bento da Bahia e mestre em Filosofia pela UFBA(universidade Federal da Bahia)


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