JOVEM MÁRTIR DA CASTIDADE
A causa? Para conservar intacta o belo e puro lírio de sua virgindade, pela qual tanto apreço tinha. A semelhança de santa Maria Goretti, a qual tornou-se conhecida em todo o mundo católico, por ter se tornado mártir da pureza, tendo perdido a vida para defendê-la, a jovem Benigna Cardoso da Silva – tal era o seu nome, nascida na cidade de Santana do Cariri, no extremo Sul do sertão cearense, no dia 15 de outubro de 1928 – já é considerada como modelo para a juventude atual. Efetivamente, o seu martírio cruento, sobretudo numa época tão profundamente dessacralizada como a nossa, impressiona e faz-nos pensar naqueles sagrados, imperecíveis e imorredouros valores que o divino mestre ensinou durante a sua vida em nosso meio.
Apesar de ter vivido num meio adverso, marcado pela pobreza, tendo ficado órfã de pais, ainda muito pequena – como todos os grandes santos – Benigna dava desde cedo sinais de uma alma de escol, escolhida e amada com predileção por Deus.
Confiando inteiramente na divina providência, sempre soube abandonar-se nas mãos daquele que conduz todas as coisas para um fim excelente, sem jamais ter desfalecido em sua fé profunda e sincera. Foi aluna exemplar, tendo se destacado por seu comportamento edificante e modesto. Era por natureza cativante, simpática e serena. Segundo testemunhos, era piedosíssima. Assemelhou-se ao grande santo de Assis no seu entranhado amor pela mãe natureza. A soma de tantos predicados com que Deus a distinguira não a poderiam deixar oculta visto que como disse o salvador uma luz deve necessariamente brilhar.
Benigna, que muito provavelmente ter-se-ia tornado religiosa caso tivesse vivido mais, suponho eu, começou a ser assediada por um jovem chamado Raul, o qual a queria como namorada. Firme em seu propósito, Benigna sempre recusou categoricamente as suas propostas.
Numa sexta feira, 24 de Outubro de 1941, tendo o puro lírio do céu ido pegar água numa cacimba nas proximidades da casa onde residia com suas tias de criação, o jovem, novo judas cheio de malignos intentos, com insinuações indecentes tentou violentá-la. Benigna disse um “Não” categórico e não cedeu. Foi assassinada com violentos golpes de fação e tombou qual cordeiro inocente e imaculado em defesa de sua virgindade, banhada com seu casto sangue virginal.
O padre Neri Feitosa relata que 50 anos depois o assassino, regenerado espiritualmente, voltou ao local do crime hediondo para “chorar, elevar preces e pedir perdão a Benigna. Nesse retorno comovente, relatou sua mudança de vida e conversão ao Cristianismo, graças, segundo ele, a intercessão daquela que ele próprio matara.
Consta que após a morte da jovem mártir, começou espontaneamente diversas manifestações de veneração popular a sua pessoa, que vêm crescendo nos últimos anos. Tal fato chamou a atenção do Bispo da Diocese do Crato, Dom Fernando Panico, o qual já nomeou uma comissão paroquial para colher relatos de graças e favores especiais obtidos por intercessão da jovem Benigna, além de uma outra para escrever uma biografia completa da jovem cearense, forte candidata a canonização, em virtude das circunstâncias especialíssimas em que ocorreu a sua gloriosa morte.
Já existem testemunhos escritos de graças alcançadas. A fama de santidade da “santinha cearense”, corre mundo afora, do que dá eloquente testemunho os comoventes relatos de admiradores de outros países.
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