Quem foi José Ramos Vitorino
JOSÉ RAMOS VITORINO – Nasceu em 21 de Novembro de 1934 no município de Presidente Wenceslau, no Estado de São Paulo. Casado com a psicóloga Dra. Neide Trigo Ramos com quem teve três filhos, Dr. Renato Teodoro Ramos (Médico), Dr. Rogério Tadeu Ramos (cientista) e Dr. Régis Tércio Ramos (economista). Professor Ramos, como é conhecido por todos é Formado pela Faculdade de Geografia da USP. Lecionou além de Geografia, Português, Latim, História, Noções de Direito e Educação Moral e Cívica, em escolas estaduais e particulares dos municípios de Ribeirão Pires, Santo André, São Bernardo do Campo e São Paulo. Em 2004, após 54 anos de magistério, Prof. Ramos foi aposentado compulsoriamente pelo estado, aos 70 anos de idade. Mesmo trabalhando muito, cursou as faculdades de Direito de Bragança Paulista e depois o curso de Pedagogia na Faculdade Leonor Mendes de Barros, em São Bernardo do Campo. Membro do Conselho Diretor da Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul; Membro co-fundador da Academia Popular de Letras. A poesia possibilitou enriquecer a sua geografia interior. Enquanto ensinava aos seus alunos a ciência dos lugares com seus rios, montanhas e florestas, enquanto demonstrava a disposição das constelações no céu, sua alma foi buscando latitudes infinitas e flutuando como a lua. Encontra-se no prelo seu livro “Um Aprendiz de Sonhos” . Membro da Academia de Letras da Grande São Paulo, ocupa a cadeira de número 33 cujo Patrono é Amadeu Amaral.
Tinha a poesia enraizada em seu coração. Sensível na proporção de sua bondade. Criatura lutadora, uma vida exemplar para seus filhos, netos e amigos. Educado e gentil no mais alto nível. Alma branca com clarão de luar. Soube fazer das agruras da vida, degraus para alcançar seus sonhos. Soube empregar suas forças no bom combate. Viajemos um pouco pela trajetória de seus exemplos:
Filho de agricultor alagoano e mãe cearense, do Juazeiro do Norte, nasceu em 21/11/1934, no município de Presidente Wenceslau, no Estado de São Paulo. Ele e suas duas irmãs tiveram uma infância pobre, dormindo em jiraus de varas, colocados em cima de quatro forquilhas e os colchões eram de panos, recheados de algodão e penas de galinha. No inverno, braseiro debaixo da cama, pois não havia cobertores. Mesas e cadeiras não conheciam, sentavam-se do em toras de madeiras, as refeições simples eram feitas no fogão de lenha e saboreadas com o prato na mão.
Sua infância no meio do laranjal, a roça verdinha, com plantas enfileiradas, cheiro do mato, canto do galo, frutas maduras deixaram recordações inesquecíveis. Viviam em uma palhoça, mas a vida era tranquila e feliz. Seu pai mexia a terra a amor, colhia o que plantava e agradecia.
Depois da tapera, foram para a casa de madeira, quase no mato. Sua distração eram as gabirolas amarelinhas, espalhadas no chão, o canto dos passarinhos, fiscalizar o João de Barro na construção de sua casa. Seu pai, festeiro e alegre, convidava as pessoas para dançar em volta da casa, nos fins de semana. Havia um sanfoneiro que tocava sempre as mesmas coisas e todos se divertiam. A casa cheia e a mãe servindo bolo de fubá, assado no forno de barro. Eram felizes, nunca souberam o que era tristeza, mas um belo dia, seu pai resolveu voltar para o nordeste, atrás de uma vida melhor.
O Prof. Ramos, cursou o primário no Colégio Salesiano em Juazeiro do Norte, o ginásio no Colégio Salesiano Coração de Jesus em Recife, e o Colegial Técnico na Escola Técnica de Comércio de Juazeiro do Norte. Como pagamento para estudar, ele zelava pelos móveis e utensílios do estabelecimento, também, lecionava caligrafia, desenho geométrico e geografia.
Em 1954 voltou a São Paulo, em São Caetano do Sul, onde foi acolhido por tio , que morava num barraco de madeira, no fundo de uma serraria, na Rua Santa Catarina, 84. O piso era úmido, de chão batido, passou a dormir em uma rede que havia trazido do nordeste. Passou muitas privações, às vezes, sua principal refeição, eram tomates colhidos no terreno da Light.
Passado quase um ano, queria entrar na faculdade e, como não tinha direito a férias ainda, aceitou a demissão voluntária. Conseguiu na biblioteca de São Paulo permissão para retirar os livros de que precisava. Como não dispunha de um local silencioso para os estudos, obteve permissão do chefe do cemitério da Vila Paula para lá estudar e, assim passou manhãs e tardes com livros em cima das tumbas. Foi dessa maneira que ele se preparou para ingressar na USP onde fez faculdade de geografia.
No vestibular, naquele tempo havia provas escritas e orais, e a prova oral de português era das mais exigentes. O chefe da mesa examinadora, era o professor, doutor Napoleão Mendes de Almeida, catedrático e autor da gramática da língua portuguesa. Os temas eram sorteados pelos alunos. Quando foi solenemente chamado, tremeu feito vara verde, humildemente retirou o papel e lá estava escrito “Padre Antonio Vieira”. Por incrível que pareça, no tempo em que esteve no Colégio em Recife, discorreram, quase um semestre sobre os sermões do padre Vieira, seus famosos discursos, suas teses, inclusive sua visita ao Papa. Num gesto mágico, ficou de pé e começou a falar com entusiasmo sobre o tema. Após longos minutos, o Presidente da banca foi incisivo: “o nordestino sabe tudo de Vieira, chega, o jovem está bem preparado, sua nota é dez.” Naquele momento, todos os candidatos o aplaudiram e ele não viu mais nada, desmaiou, quando acordou estava dentro da Santa Casa de Misericórdia, sendo levado pelos colegas à Faculdade, na rua Maria Antonia.
Casou-se com Da, Neide Ramos e tiveram tres filhos : Seu primogênito, Dr. Renato Teodoro Ramos, psiquiatra, professor doutor, livre docente da USP e catedrático da Universidade Metodista; o segundo Dr. Rogério O segundo filho, engenheiro e físico com doutorado na Universidade de Londres e pós Doutorado na França, leciona na Telecom de Paris., o terceiro filho Regis O caçula fez economia com mestrado na USP, palestrante em convenções em vários estados.Concluiu a faculdade junto com a mãe que naquele ano se formou em psicologia.
"O prof. Ramos exerceu o magistério com magnitude e com amor. A poesia possibilitou enriquecer a sua geografia interior. Enquanto ensinava aos seus alunos a ciência dos lugares com os seus rios, montanhas e florestas, enquanto demonstrava a disposição das constelações no céu, sua alma foi buscando latitudes infinitas e flutuando como a lua" Eva Bueno Marques
Os irmãos ZenildaRamos , prof. Ramos e Terezinha Ramos = em São Paulo 2017.`E de sua autoria , e como homenagem , ao tio falecido , de quem saudosos, ousamos trazer aqui um pouco dos seus versos :
MEDITAÇÃO
José Ramos Vitorino
É tempo de afagar as emoções
E abraçar as almas divididas…
É o momento certo dos perdões
Por mais que inda doam as feridas.
É tempo de esquecer desilusões
E perdoar promessas não cumpridas.
E, mesmo persistindo alguns senões,
Repensar as chegadas e partidas!
Melhor que condenar as madrugadas
E os sonhos jogados nas calçadas
Que, por motivos óbvios, feneceram…
Seria insistir nas tentativas
De conservar, no peito, sempre vivas
As esperanças que sobreviveram.
E ainda...
E ao final de muitos anos,
Quando a nossa voz já for cansada…
Nossas mãos juá forem trêmulas,
Nossos cabelos tingidos pela neve,
Nossos sonhos mais lindos já sonhados,
E nossa missão maior já terminada.
Amanhã, Senhor, amanhã…
Seja feita a Tua vontade!
Dá-nos o Teu Reino de Paz
Eternamente!
Um abraço Tio Ramos sempre lembrado por nós pelo espírito criativo e bom humor, das suas irmãs Zenilda (90 anos) e Terezinha Ramos,86. e dos sobrinhos Sávia, Zenival, Terezinha, Ronaldo, Gislene, pautilia, Aderval e Melquiades e ainda, Tania, Taise, teogenes, Telma , Tenise e Tarciane.
fonte: Academia de letras da Grande São Paulo
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