Corpus Christi: Felizes os convidados
FELIZES OS CONVIDADOS PARA A CEIA DO SENHOR
“Tomai: isto é o meu Corpo; Este é o meu sangue, o sangue da nova aliança,
que é derramado em favor de muitos.”
“Terra exulta de alegria, louva o teu Pastor e Guia, Com teus hinos, tua voz […]”. Assim é iniciada a primorosa sequência composta por São Tomás de Aquino especialmente para a festa de hoje. Qual o sentido dessa festa? Celebrar, proclamar, professar, expressar a nossa fé inabalável em Jesus Cristo, presente em corpo, alma e divindade na Eucaristia.
Na Primeira Leitura (Êx 24,3-8), Moisés celebra com o povo de Israel, antes de entrar na terra prometida. Faz um memorial dos quarenta anos de peregrinação no deserto, lugar onde o povo, através das provações, foi preparado para começar vida nova. Recorda-se que Deus não só permaneceu ao lado do seu povo como saciou de sua sede e o alimentou com o maná. Assim sendo, Israel deve viver a gratidão na lembrança do que o Senhor fez: libertou, acompanhou, guiou, protegeu e alimentou o seu Povo.
Na Segunda Leitura (Hb 9,11-15), o autor da Carta aos Hebreus, fazendo um paralelo entre Antigo e o Novo Testamento, recorda que a redenção humana foi realizada não com derramamento do sangue de animais, mas com o sangue do próprio Deus. Cientes desse sacrifício único, somos convidados a fugir do perigo de esvaziar a essência da celebração eucarística.
No Evangelho (Mc 14,12-16.22-26), Jesus, a Palavra viva de Deus que se tornou carne, reúne-se na última ceia com seus discípulos. Antes de se oferecer na Cruz, oferece-se como Pão que dá vida nova ao mundo. A oferta que Ele faz de Si mesmo na Cruz foi antecipada na oferta da Eucaristia e a oferta da Eucaristia expressa sua doação plena pela nossa redenção. A celebração é encerrada com salmos e com a decisão de ir ao Monte das Oliveiras, lugar onde Jesus iniciará sua Paixão. Os discípulos o acompanham como expressão de que a Igreja deve sofrer e se doar pelo Mestre como Ele próprio o fez. Permanece em Jesus quem o comunga; e permanecer em Jesus significa viver o seu projeto do Reino.
As celebrações suntuosas, em que se instalam as divisões onde alguns são privilegiados e outros humilhados, destroem a Unidade que a comunhão do Corpo de Cristo exige. Comungar o Senhor, seu Corpo e seu Sangue, significa comungar seu desejo de alimentar a vida plena da humanidade. Assim, compreendemos que para verdadeira experiência da Eucaristia é necessário que aqueles que comungam ofertem a própria vida conforme o coração divino presente na Eucaristia. Não apenas receber a comunhão é necessário se tornar também comunhão. A Eucaristia é o princípio da comunhão na vida da Igreja e convoca a todos para a mesma missão em busca da unidade. O mundo com suas divisões ideológicas e culturais não deve influenciar a caminhada da Igreja. Devemos acolher a todos, mas sem renunciar aos compromissos e exigências que a fidelidade ao Evangelho impõe.
Somos convidados a adorar o Senhor. Somos convidados a receber a Eucaristia e nos tornar também Eucaristia. Quando comungamos nos tornamos sacrários vivos, onde Cristo se faz realmente presente em nós na Hóstia Consagrada. Na procissão que realizamos depois da comunhão levamos o ostensório, onde apresentamos ao mundo nosso Salvador. No entanto, não esqueçamos que na mesma procissão somos testemunhas vivas de sua presença pela Eucaristia que comungamos e pelo testemunho que damos pela vivência da fé cotidiana.
Hoje, quando o sacerdote, depois de elevar o sagrado Corpo e o sagrado Sangue afirmar: “Eis o mistério da fé”, plenos de alegria, afirmemos com fé e coração eucarístico: “Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos vossa vinda.”
Que nós, em nossa vida e missão, tenhamos certeza de que a Igreja nasce e vive da Eucaristia e que a Eucaristia realiza em nós, ainda aqui na terra, a comunhão que viveremos no céu com Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo.
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