Em homenagem ao aniversário de Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo nasceu no dia 23 de maio de 1863, no povoado de Juazeiro. Conheciam-a como Maria Preta.
Nossa beata Maria de Araújo era artesã , fazia bonecas de pano para vender com o algodão que fiava. Era de familia humilde e cedo perdeu os pais vindo a morar na casa do Padre Cicero.
" Passou a vestir o hábito de beata em 1885, com 22 anos, após ter participado de uma espécie de curso de beata, (na verdade, um retiro espiritual de oito dias) ministrado pelos Padres Cícero Romão Batista e Vicente Sóter de Alencar."
É protagonista na nossa história junto ao Padre Cicero e essa mesma história haverá de lhe fazer justiça. Em primeiro de março de 1889 acontece um fato extraordinário que muda toda história de Juazeiro: A Hóstia se transformou em SANGUE VIVO na boca da Beata. Na época , e até agora , não se fez justiça a pessoa da Beata e a sua santidade. Como nos diz a Palavra de Deus em Mt 5,48: " Sede Santos como vosso Pai celeste é Santo " Esse chamado foi seguido fielmente por nossa Beata, que injustiçada, violentada, marginalizada, morreu calada. Mas, reconhecemos a grandiosidade de sua fé e do fato extraordinário de que foi protagonista inúmeras vezes. Devemos sim ,render graças a essa Maria humilde ,grandiosa na fé.
Nos permitimos trazer apenas partes do cordel da escritora e professora Salete Maria, leiam mais , disponível no seu blog Cordelirando:
MARIA DE ARAÚJO e seu lugar na história ou A Beata Beat Cult
Maria de Araújo
Beata, pobre, iletrada
Desse enredo não fujo
Que história mal contada!
Ela não foi figurante
Era estrela fulgurante!
Da hóstia ensangüentada
Beata, pobre, iletrada
Desse enredo não fujo
Que história mal contada!
Ela não foi figurante
Era estrela fulgurante!
Da hóstia ensangüentada
Baixinha, negra e mouca
Casta, cambota e silente
Considerada “a louca”
Devota e penitente
Mulher sozinha no mundo
Só lhe restava, no fundo,
Achar que não era gente
P:
Vivendo num ambiente
Onde a religião
Era um forte componente
Para sua formação
Sem qualquer perspectiva
Sem pai, sem mãe, à deriva
Vivia em oração
N:
Obediente e prendada
Servia ao sacerdote
Vivia como agregada
Em Juazeiro do Norte
Na casa do Padim Ciço
Jovem, ainda no viço
Pranteava sua sorte
Casta, cambota e silente
Considerada “a louca”
Devota e penitente
Mulher sozinha no mundo
Só lhe restava, no fundo,
Achar que não era gente
P:
Vivendo num ambiente
Onde a religião
Era um forte componente
Para sua formação
Sem qualquer perspectiva
Sem pai, sem mãe, à deriva
Vivia em oração
N:
Obediente e prendada
Servia ao sacerdote
Vivia como agregada
Em Juazeiro do Norte
Na casa do Padim Ciço
Jovem, ainda no viço
Pranteava sua sorte
Dizem que foi artesã
De muita habilidade
Contudo não era sã
Sofria de enfermidade
Espasmos, melancolia
Perturbação, anemia
Foi sua realidade
Muitas vezes recebia
Certas manifestações
Cristo e a Virgem Maria
Em muitas ocasiões
Surgiram na frente dela
Na camarinha a donzela
Via tias aparições
Às vezes não entendia
Chegou a se rebelar
O Padre Ciço dizia:
Maria vá comungar
Orava com muita fé
Aquela simples mulher
Cuja história vou contar
Com nove anos de idade
Ficou sozinha na terra
Viveu sua mocidade
Ali pertinho da serra
Da Chapada do Araripe
Porém nunca andou de jipe
Mas soube onde o bode berra
Tinha suas turbulências
Seus agitos buliçosos
Ouvia maledicências
Dos ‘espritos’ invejosos
O seu corpo tumefacto
Fazia lembrar um cacto
Daqueles mais escabrosos
Recebia muito insight
Muita sincronicidade
Às vezes dentro da night
Clamava por piedade
Era um ser especial
Etecetra e coisa e tal
Dentro daquela cidade
Isto já era comum
E o Padre aconselhava
A que fizesse jejum
E água benta lhe dava
Ela a Jesus se entregou
Por esposo ela o tomou
E já não se lamentava
Como ela, outras beatas
Viviam desse fervor
Eram todas celibatas
Sublimavam seu amor
Moral e religião
Para evitar que o cão
Atentasse a vida em flor
Assim o tempo corria
Nas terras do Juazeiro
O cenário que havia
Chamavam de tabuleiro
Mandacaru, xiquexique
Casinhas de pau-a-pique
Muita novena e romeiro
Muita vela e lamparina
Muita cabaça e quartinha
Donzelas e vitalinas
Muita cumade e madinha
Menino tinha em magote
Na feira vendiam pote
Mii e saca de farinha
Jumento pra todo lado
Chapéu, arreio e gibão
Um coronel potentado
Uma cúia de algodão
Uma muié dando a luz
Fazendo o sinal da cruz
Parindo mais um cristão
A vida ali era assim
No mei dos pé de Juá
Celebrava meu padim
E as beata a rezar
Às veiz uma desavença
Dispois uma penitença
E tudo vortava ao normá
Até que chegou o dia
Da dita transformação
Na hora da eucaristia
No meio da multidão
A hóstia ensangüentada
A besta extasiada
Deu-se o ‘milagre’ então
A partir deste instante
O padre é taumaturgo
Fanatismo militante
Do bispo veio o expurgo
Maria não é ouvida
Chega a ser preterida
De muita habilidade
Contudo não era sã
Sofria de enfermidade
Espasmos, melancolia
Perturbação, anemia
Foi sua realidade
Muitas vezes recebia
Certas manifestações
Cristo e a Virgem Maria
Em muitas ocasiões
Surgiram na frente dela
Na camarinha a donzela
Via tias aparições
Às vezes não entendia
Chegou a se rebelar
O Padre Ciço dizia:
Maria vá comungar
Orava com muita fé
Aquela simples mulher
Cuja história vou contar
Com nove anos de idade
Ficou sozinha na terra
Viveu sua mocidade
Ali pertinho da serra
Da Chapada do Araripe
Porém nunca andou de jipe
Mas soube onde o bode berra
Tinha suas turbulências
Seus agitos buliçosos
Ouvia maledicências
Dos ‘espritos’ invejosos
O seu corpo tumefacto
Fazia lembrar um cacto
Daqueles mais escabrosos
Recebia muito insight
Muita sincronicidade
Às vezes dentro da night
Clamava por piedade
Era um ser especial
Etecetra e coisa e tal
Dentro daquela cidade
Isto já era comum
E o Padre aconselhava
A que fizesse jejum
E água benta lhe dava
Ela a Jesus se entregou
Por esposo ela o tomou
E já não se lamentava
Como ela, outras beatas
Viviam desse fervor
Eram todas celibatas
Sublimavam seu amor
Moral e religião
Para evitar que o cão
Atentasse a vida em flor
Assim o tempo corria
Nas terras do Juazeiro
O cenário que havia
Chamavam de tabuleiro
Mandacaru, xiquexique
Casinhas de pau-a-pique
Muita novena e romeiro
Muita vela e lamparina
Muita cabaça e quartinha
Donzelas e vitalinas
Muita cumade e madinha
Menino tinha em magote
Na feira vendiam pote
Mii e saca de farinha
Jumento pra todo lado
Chapéu, arreio e gibão
Um coronel potentado
Uma cúia de algodão
Uma muié dando a luz
Fazendo o sinal da cruz
Parindo mais um cristão
A vida ali era assim
No mei dos pé de Juá
Celebrava meu padim
E as beata a rezar
Às veiz uma desavença
Dispois uma penitença
E tudo vortava ao normá
Até que chegou o dia
Da dita transformação
Na hora da eucaristia
No meio da multidão
A hóstia ensangüentada
A besta extasiada
Deu-se o ‘milagre’ então
A partir deste instante
O padre é taumaturgo
Fanatismo militante
Do bispo veio o expurgo
Maria não é ouvida
Chega a ser preterida
No famigerado burgo
.........................
(“Eu não estou aqui”. “ Alias, eu estou aqui”.)
Autora: Rosário Lustosa
01
Que me venha inspiração
Para uma história eu contar
Sobre um fato interessante
Que estive a pesquisar
E aqui neste cordel
Vou agora registrar
02
Este fato ocorrido
É algo bem diferente
Que mudou uma cidade
E a vida de sua gente
O que eu vou escrever
É um tema comovente
03
Foi na Vila Joaseiro
Que é Juazeiro do Norte
Este acontecimento
De muitos mudou a sorte
Envolveu duas pessoas
Sofridas até a morte
04
O primeiro é Padre Cícero
Que lá no Crato nasceu
E foi aqui no Juazeiro
Que sua vida viveu
Pregando o Evangelho
Depois que Deus lhe escolheu
05
E a segunda pessoa
É a Beata Maria
De Araújo, moça simples,
Não conheceu regalia
Vivia para o trabalho
Na luta do dia a dia
06
Nascida no Juazeiro
Na era de oitocentos
No ano sessenta e dois
De luxo não tinha intentos
Viveu na simplicidade
Longe de divertimentos
07
Foi uma religiosa
De muita dedicação
Reconhecida beata
Por toda a população
E tinha por Padre Cícero
Muita consideração
08
No ano de oitenta e nove
Um fato lhe ocorreu
Estava assistindo a missa
Quando a hóstia recebeu
Das mãos de Padrinho Cícero
E veja o que aconteceu
09
Ao abrir a sua boca
Quando estava a comungar
A hóstia ficou em sangue
Sem saber como explicar
Foi por cento e treze vezes
Que chegaram a contar
10
Apareciam as chagas
Em seu corpo e arrebentava
E sem pisar pelo chão
Dando passada ela andava
A hóstia sangrando em carne
Muitas vezes transformava
11
A Igreja investigou 11
E pegou muito pesado
O caso como um milagre
Nunca foi mesmo aceitado
E depois de grande inquérito
Deu tudo por encerrado
12
A consequência que teve
Foi do Padre a suspenção
Dos seus atos na Igreja
Com grande humilhação
Tempos depois também veio
Pra ele a excomunhão
13
O Padre Cícero sofreu
Até a morte chegar
Não desprezou a Igreja
Obedeceu, quis ficar
E sobre o caso da hóstia
Ninguém podia falar
14
Em novecentos e onze
A cidade emancipou
Para ficar junto ao povo
Na politica ele entrou
Em trinta e quatro morreu
E vivo continuou
15
Voltando para Maria
Foi triste o destino seu
Nos inquéritos que houve
Com tudo muito sofreu
Levou uma vida penada
Depois do que aconteceu
16
Lá na cidade do Crato
Maria foi torturada
Na casa de Caridade
Ela foi enclausurada
Proibida de sair
Era muito vigiada
17
Muitas perguntas faziam
E ela sem responder
Com bolos de palmatória
Chegaram a lhe bater
Para dizer que era farsa
O que veio a acontecer
18
E por quase trinta anos
Ela foi bem perseguida
Viveu no anonimato
Com a existência perdida
Mil Novecentos e quatorze
Foi o fim de sua vida
19
E como se não bastasse
Toda esta perseguição
Em novecentos e trinta
Fizeram a violação
Do túmulo em que a sepultaram
Sem fazer exumação
20
Seus pobres restos mortais
Sem poder ser descansados
Roubaram do cemitério
E nunca foram encontrados
Ainda não descobriram
Aonde foram enterrados
21
Com toda esta palhaçada
O povo se revoltou
Padre Cícero indignado
Nada disso aprovou
No Cartório da cidade
Documento registrou
22
O documento descreve
Pouca coisa do caixão
Uma parte da cabeça
De um santo um medalhão
E uma parte da roupa
Encontrada pelo chão
23
Neste ato violento
A Igreja se envolveu
Foi um crime hediondo
Que por nada respondeu
E calando sua boca
Sua opinião não deu
24
Na igreja do Socorro
Este seu túmulo ficava
A direita de quem entra
Na parede se escorava
Era dentro da capela
Todo mundo admirava
25
Desta história esquisita
O povo nunca esqueceu
Fez em dois mil e quatorze
Cem anos que ela morreu
Pra ela uma homenagem
No Juazeiro se deu
26
Um fato interessante
Juazeiro registrou
Comemorando os cem anos
Do tempo que nos deixou
Um túmulo no cemitério
Do Socorro ela ganhou
27
Por fora desta parede
Onde ela foi enterrada
O escritor Daniel Walker
Colocou placa explicada
Fazendo a indicação
Que ali foi sepultada
28
No pesinho da parede
Abaixo deste local
Foi colocada uma urna
Simbolizando a tal
Corrigindo este erro
Desumano e marginal
29
Sepultamento simbólico
Para isto aconteceu
Em cortejo na cidade
O povo compareceu
Até carro funerário
Com flores apareceu
30
Placa em porcelanato
No túmulo foi colocada
Em uma justa homenagem
Ela foi agraciada
Com uma frase bem bonita
Pra sempre será lembrada
31
Diz: “ Eu não estou aqui”
Para depois completar:
“Alias, eu estou aqui”
Afirma para explicar.
Foi uma boa maneira
Pra poder justificar
32
Justificar a ausência
Do seu corpo no local
Mas seu espírito por certo
Em forma angelical
Protege nossa Juazeiro
De maneira especial
33
No Juazeiro Maria
Entre nós permaneceu
Acompanhando a história
Que ela não escolheu
Como figura importante
Tem o que bem mereceu
34
Finalmente o Juazeiro
Fez o reconhecimento
E colocou o seu busto
Com todo destacamento
Em praça pública exposto
Com um belo monumento
35
Bem ao lado da Matriz
Tem uma praça pra ver
Para quem ali chegar
De beata não esquecer
Está desengavetada
Todos podem conhecer
36
“Os últimos serão os primeiros”
É ditado popular
Com Maria de Araújo
Podemos acreditar
Esse erro do passado
Começaram a consertar
37
Dr. Ralph Della Cava
Esteve a tudo presente
Veio dos Estados Unidos
Todo feliz e contente
“Milagre em Juazeiro”
Lançou aqui novamente
38
“Milagre em Juazeiro”
É um livro documento
Que relata a voz do povo
Em grande depoimento
Falando do Padre Cícero
Em rico e feliz momento
39
Foi a terceira edição
Dois mil e quatorze saiu
Com novas informações
O momento garantiu
Celebrando da Beata
O centenário que partiu
40
Foi uma noite de festa
Muito chique, sim senhor,
Presente na ocasião
Um monte de escritor
Que veio prestigiar
Mais uma prova de amor
41
Amor pelo Juazeiro
E ao Padre Cicero Romão
Que o professor Della Cava
Guarda em seu coração
Foi um momento importante
Um encontro de irmão
42
Os artistas da cidade
Deu um toque especial
Prestigiando o evento
De nível internacional
Valorizando a cultura
Em gesto monumental.
43
Raimundo e Daniel Walker,
Renato Dantas também
E Renato Casimiro
Nome importante ainda tem
É uma lista bem grande
Se não esquecer ninguém
44
Geová Sobreira veio
De Brasília abrilhantar
Foi ele que organizou
Este caso singular
Ainda trouxe seu filho
Para um show realizar
45
Daniel Sobreira e banda
Ao Gadelha se uniu
Fez um grande espetáculo
Que todo mundo aplaudiu
Foi um momento bem raro
Este que a gente assistiu
46
Este livro é um sucesso
Muita coisa a explicar
Documento importante
Pra o Juazeiro resgatar
E Maria de Araújo
Junto a participar
47
Participar do progresso
Da grandeza do Juazeiro
Que é um grande milagre
Bem visto pelo romeiro
E cumpre a profecia
Do nosso pai milagreiro
Juazeiro do Norte,
Maio de 2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário