Região Metropolitana do Cariri
A Região Metropolitana do Cariri–RMC, antigo Crajubar, surgiu a partir da conurbação entre os municípios de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha. A RMC foi criada pela Lei Complementar Estadual nº 78, sancionada em 29 de junho de 2009. Nesta lei foram incluídos – como integrantes da nova área metropolitana brasileira – os municípios de Caririaçu, Farias Brito, Jardim, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri.
A população estimada da RMC é de 650 mil habitantes. Sua área territorial abrange 5.460.084 Km2. A Região Metropolitana do Cariri tem como sua área de influência todo o Sul cearense, e mais a região da divisa entre o Ceará e os estados de Pernambuco, Paraíba e Piauí.
Cariri: um importante polo cerâmico no centro-nordestino
No século passado, início da década 60, o Cariri cearense foi beneficiado com a chegada da energia de Paulo Afonso. Consequência desse fato foi Raul Barbosa (Presidente do BNB) e Antônio Martins Filho, (Reitor da Universidade Federal do Ceará), convidarem o Professor Morris Asimow – da Universidade da Califórnia (EUA) –, para criar um programa voltado à prospecção das oportunidades de desenvolvimento socioeconômico da região do Cariri.
Morris Asimow e sua equipe estiveram aqui. Da visita surgiu o “Plano Morris Asimow”, focado na industrialização do Cariri. As indústrias criadas – infelizmente fora da realidade regional – tiveram suas atividades encerradas pouco tempo depois. Foi uma ducha de água fria no empresariado do Crajubar.
No entanto, Morris Asimow acertou pelo menos num ponto: uma das vocações econômicas naturais do Cariri seria a produção de produtos cerâmicos. Duas grandes indústrias cerâmicas foram então implantadas na década 60: a Cecasa (em Barbalha) e a Norguaçú (em Crato). Por problemas parecidos, ambas faliram. Mas o filão descoberto continuou presente. Hoje, o município do Crato constitui o maior e o mais importante polo cerâmico da Região Metropolitana do Cariri. Um polo já possui 12 indústrias de médio porte instaladas ao longo da rodovia Crato–distrito de Ponta da Serra. 12 empresas que geram emprego e renda. Pagam impostos e ajudam o progresso do Cariri.
Jubileu de Prata de Dom Fernando Panico
No próximo 11 de agosto – um dia de sábado – a população católica do Sul-cearense comemorará o jubileu de prata da sagração episcopal do bispo-emérito Dom Fernando Panico. A solenidade ocorrerá às 17:00 horas, com a celebração de uma Santa Missa, na Catedral de Crato. Decorridos quase dois anos, desde que Dom Fernando Panico deixou de ser o Bispo Diocesano de Crato – passando a residir em João Pessoa (PB) – já se vislumbra uma análise serena e imparcial da sua passagem entre nós.
Dom Fernando reservou seu lugar na história da diocese sul-cearense pelo fato de ter conseguido – junto à Congregação para a Doutrina da Fé, do Vaticano – a reconciliação histórica da Igreja Católica com a herança espiritual do Padre Cícero. Antes da chegada de Dom Fernando existia restrição (de algumas lideranças católicas) à herança espiritual do Padre Cícero. Tratava-se de uma ferida aberta.
Dom Fernando Panico conseguiu cicatrizar essa ferida.
Escritores do Cariri: Padre Antônio Gomes de Araújo
Nasceu em Brejo Santo em 6 de janeiro de 1900. Padre Antônio Gomes de Araújo foi um dos grandes historiadores do Cariri. Aliás, ele dizia que não se considerava um historiador e sim um pesquisador. Viveu mais da metade de sua vida em Crato, mas, próximo da morte, retornou a sua cidade natal, onde faleceu em 26 de janeiro de 1989. Em 1950, Pe. Gomes venceu um concurso na Bahia com a monografia “Formação da Gens Caririense”. Escreveu muitos opúsculos dentre os quais: “Naturalidade de Bárbara de Alencar” (1953); “Pe. Pedro Ribeiro da Silva–Fundador e Primeiro Capelão de Juazeiro do Norte” (1955); “Apostolado do Embuste” (1956); “1817 no Cariri” (1962); “Povoamento do Cariri” (1973). Em 1971, a Faculdade de Filosofia de Crato reuniu alguns de seus trabalhos no livro “A Cidade de Frei Carlos”.
Padre Gomes era um sacerdote irrequieto e sem papas na língua. Dizia ele que se não tivesse sido ordenado sacerdote teria optado pela carreira militar. Colaborou, longos anos, com excelentes trabalhos de pesquisa, nas revistas “Itaytera”, “A Província” e “Hyhyté”, bem como no jornal “A Ação”, órgão oficial da Diocese de Crato. O semanário “A Ação” foi dirigido algum tempo pelo notável monsenhor Pedro Rocha de Oliveira. Este mantinha uma coluna naquele periódico com o título “Alfinetadas”. Nessa coluna Mons. Rocha fazia a defesa da doutrina católica e combatia implacavelmente as ideias comunistas.
Certo dia, ministrando uma aula de História do Brasil, no tradicional Colégio Diocesano de Crato, Pe. Gomes foi interrompido por um aluno com a pergunta:
– “Padre, é pecado utilizar folhas do jornal “A Ação” como papel higiênico? ”
Padre Gomes respondeu de chofre:
– “É não! Livre-se das “Alfinetadas” de monsenhor Rocha e faça bom uso”...
História: Um caririense ilustre e esquecido
O advogado Leandro Bezerra Monteiro (que tinha o mesmo nome do avô, o legendário Brigadeiro Leandro) nasceu em Crato em 11 de junho de 1826. Foi batizado pelo primo, o Pe. Pedro Ribeiro da Silva. Este construtor da primitiva capelinha de Nossa Senhora das Dores, hoje Basílica Menor de Juazeiro. Dr. Leandro Bezerra Monteiro( foto ao lado) era advogado e foi parlamentar, em diversos mandatos, à época do Império do Brasil. Teve destaque nacional quando saiu na defesa dos Bispos de Olinda (Dom Vital Maria de Oliveira) e do Pará (Dom Antônio Macedo Costa), ambos perseguidos e presos, durante o gabinete do Primeiro-ministro Visconde do Rio Branco.
Com o golpe militar que implantou a República no Brasil, em 1889, Dr. Leandro abandonou a política. Durante alguns anos, residiu na cidade de Paraíba do Sul, estado do Rio de Janeiro. Lá construiu uma Casa de Caridade e o Asilo N.S. da Piedade, destinados a beneficiar a pobreza daquele lugar. Dr. Leandro Bezerra Monteiro faleceu em Niterói, em 15 de novembro de 1911. O escritor Carlos de Laet (um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras) assim escreveu sobre Dr. Leandro:
“Há uma nobreza do sertão que estuda e sabe a sua genealogia. A família Bezerra (de Menezes) é nobre, em todo o rigor da acepção(...) “Percebem-se no seu arcabouço moral (do Dr. Leandro Bezerra Monteiro) as linhas rígidas e fortes do sertanejo, em cuja fibratura, se me não engano, está o genuíno caráter brasileiro”(...) “ (ele foi) Monarquista, antes do movimento vitorioso; monarquista permaneceu até morrer”.
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