O prof. Hildebrando Maciel Alves acaba de concluir seu Mestrado – na área de História – na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.Título da monografia dele: “A face historiadora de J. de Figueiredo Filho e a construção do Cariri cearense”. Hildebrando aprofundou a análise de construção do passado do Cariri, a partir dos escritos de J. de Figueiredo Filho. Este – juntamente com um grupo de notáveis carirenses – foi responsável pelo movimento da defesa intransigente da região sul do Ceará, num trabalho de valorização do torrão natal e divulgação da caririensidade.
Essa plêiade de bons intelectuais promoveu diversas ações – nas décadas de 40 a 70 do século passado – restaurando a memória do nosso passado regional. Para tanto, escreveram livros e artigos; promoveram solenidades; reconstruíram calendários cívicos; recuperaram o panteão dos heróis caririenses; fundaram entidades culturais e o Museu Histórico de Crato, o qual, infelizmente – nos últimos anos –, vem sendo malcuidado, dada a falta de uma boa gestão por parte do Poder Público Municipal, a quem – em má hora –, o museu foi entregue. (Para ler a íntegra da monografia de Hildebrando clique: (http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/173614).
Em 1958, há precisamente 60 anos, o Ministério da Agricultura do Brasil publicava o livro “Engenhos de Rapadura do Cariri”, de J.de Figueiredo Filho, um clássico na temática da produção da rapadura. José Alves de Figueiredo Filho – foto ao lado – (ou J.de Figueiredo Filho como assinava seus escritos) nasceu em Crato em 14 de julho de 1904. Falecido há 35 anos, continua sendo uma das maiores referências à narrativa histórica do sul cearense.
J. de Figueiredo Filho foi, também, jornalista, cronista, historiador, pesquisador e memorialista. Escreveu e publicou 16 livros. O mais conhecido é o autobiográfico: “Meu mundo é uma farmácia”. Pertenceu à Academia Cearense de Letras. Sua vasta obra é polivalente. Formado em Farmácia, foi professor de várias disciplinas em colégios cratenses. Lecionou “História do Cariri”, na Faculdade de Filosofia de Crato. Estreou na literatura, em 1937, como romancista, com a obra “Renovação”, publicado pela Editora Odeon, do Rio de Janeiro, à época capital do Brasil. Na década 40 do século passado, Figueiredo Filho já escrevia – para os jornais de Fortaleza e Recife – sobre as reservas paleontológicas do Cariri.
Ele foi a alma da fundação do Instituto Cultural do Cariri–ICC. Figueiredo Filho foi o editor, por longos anos, da revista “Itaytera”, órgão oficial do ICC. Escreveu dois livros sobre as manifestações da tradição popular no Cariri; um sobre Patativa do Assaré e chegou a lançar quatro volumes de “História do Cariri”, série interrompida com sua morte ocorrida em 1973.
Mauriti exporta manga e banana
A notícia abaixo foi publicada na coluna de Egídio Serpa (publicada no Diário do Nordeste), em 13-07-2018, e mostra a potencialidade da agricultura de Mauriti.
“No município Mauriti, na região do Cariri, no Sul do Ceará, segue avançando a produção de manga para o mercado interno e para exportação que é feita pelo aeroporto de Petrolina, onde pousam e decolam, semanalmente, grandes aviões cargueiros. Em 300 hectares distribuídos em várias propriedades da zona rural de Mauriti – que também produz banana em outros 2 mil hectares – a produção de manga tem alta produtividade. Só na fazenda de Cícero Cartaxo colhem-se 36 toneladas da fruta por hectare. Além de ter um solo propício para a fruticultura, seu subsolo é rico em água. Pluviometria deste ano foi de 800 mm.”
A aristocracia de Barbalha
Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Barbalha, solenemente consagrada em 2 de fevereiro de 1921. Foram responsáveis pelo término das obras do templo os leigos Antônio Correia Sampaio Filgueiras e José de Sá Barreto Sampaio (Zuca Sampaio).
Desde o final do século XIX, e ao longo das primeiras décadas do século XX, Barbalha teve uma elite que se esmerou em influenciar o destino daquela comunidade. Influência direcionada a fazer o bem. A amparar a pobreza. A buscar melhoramentos para a sua cidade. Algumas lideranças barbalhenses de outrora serviram como exemplo de honestidade e ousadia na luta por melhoramentos para sua terra. Ressalte-se a criação do “Gabinete de Leitura” (instituição destinada à alfabetização de pessoas carentes de Barbalha) e a “Conferência de São Vicente de Paulo” (com sua ação social-caritativa para a pobreza), ambas criadas em 1889. Corria parelhas, a tudo isso, a educação esmerada das famílias barbalhenses. Nos dias atuais, Barbalha é uma cidade pujante, com a melhor rede hospitalar da região, com faculdade de medicina, indústrias e um setor de comércio e de serviços consideráveis. Salve a Terra dos Verdes Canaviais!
Chama a atenção do público de outras regiões um fenômeno presente numa parcela da população caririense: a “resistência” para a preservação dos valores monárquicos no sul do Ceará. Tão logo ocorreu a “Proclamação” da República – em 15 de novembro de 1889 – um grupo de habitantes, de todas as camadas sociais do Cariri, pessoas bem-conceituadas em suas comunidades, passou a defender – de forma pacífica e dentro da lei – os benefícios advindos da forma de governo monárquica–parlamentarista–constitucional, que vigorou no Império do Brasil.
Dentre esses monarquistas avultaram alguns nomes e dentre os já falecidos são lembrados: em Juazeiro do Norte: Antônio Corrêa Celestino, Edward Teixeira Ferrer, Olívio de Oliveira Barbosa. Em Crato: Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, Coronel de Milícias Joaquim Pinto Madeira e o prof. José Denizard Macedo de Alcântara. Em Barbalha: José de Sá Barreto Sampaio (mais conhecido por Zuca Sampaio) chamado de “Sertanejo de Escol”, num opúsculo escrito por Pe. Azarias Sobreira; Antônio Costa Sampaio, Marchet Callou, Giovanni Livônio Sampaio, Antônio Gondim e Fabriano Livônio Sampaio.
No Cariri, nos dias atuais, existe uma nova geração de monarquistas. A maioria deles composta por jovens. No último dia 15 de novembro (aniversário da “Proclamação” da República) alguns desses jovens fizeram uma manifestação junto ao monumento do Padre Cícero, (foto abaixo) protestando contra a atual debacle política-administrativa do Brasil, perguntando aos transeuntes: “Valeu a pena o Brasil ter sido transformado numa República? ”.
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