Leitor impenitente e assinante de há muito do Diário do Nordeste, li na edição de 29 de setembro na página Regional que alguém quer edificar uma estátua em homenagem a seu Lunga. Conheci Joaquim dos Santos Rodrigues de quem fui advogado em alguns casos e nada tenho contra. Ao contrario ele merece. O que me surpreendeu e do que discordo é dizer aquele artigo que Lunga "depois do padre Cicero a figura que mais divulgou a cidade". Agora explico: a figura mais conhecida em todo o Nordeste depois do padre Cicero e em grande parte do mundo é o padre Murilo. O Nordeste o batizou o VIGÁRIO DO NORDESTE e por sua pertinácia em promover o padre Cicero e Juazeiro tornou-se o ícone da devoção ao Santo Nordestino. Convivi com ele ao lado de Daniel Walker, 45 anos viajamos muito. Inclusive o Nordeste por inteiro. Já em Roma vi ao lado de Renato Casemiro bispos e padres dialogando com ele como se fossem velhos conhecidos. Vi em uma tarde de sol em Piranhas Alagoas à beira do São Francisco populações de Bahia e Pernambuco num total de 100 mil pessoas esperando do meio dia a noite para participar de missa celebrada por ele. Não foi governador, senador ou prefeito de Juazeiro porque como ele dizia:”Sou padre e o altar é meu ofício”.
Convidado a ser bispo não quis. Amado pelos romeiros, foi o maior vigário da história de Juazeiro, haja vista que o padre Cicero foi capelão. Desconhecer essa verdade é ofuscar a própria história de juazeiro nos últimos 60 anos. Mas, como ele me dizia num tratamento carinhoso de quem me viu menino e contribuiu para minha cidadania: "ei Pimentinha, depois da minha morte vão me esquecer!"
Não, Murilo, era assim que eu o chamava, esquecer você é apagar a história de Juazeiro.
Jose Carlos Pimentel Advogado/ Radialista
3 comentários:
É, meu caro amigo José Carlos, na verdade não houve quem defendesse com mais ardor, convicção e competência o nome de Juazeiro do Norte, o povo romeiro, sua crença, as tradições de nossa terra e nossa gente simples, do que o padre Murilo. Permita-me deixar o "monsenhor" de lado, porque depois de várias décadas chamando-o assim, não me acostumei com esse título honorífico. Quanto ao padre Cícero, não há o que se discutir, dado que os seus feitos são transcendentais... Todavia, não é impossível que o Lunga tenha se tornado mais conhecido por esses Brasis afora do que o próprio Vigário do Nordeste. Note que não se trata aqui de questão de mérito... O fato é que seu Lunga tornou-se uma figura folclórica e fizeram dele um tipo bem peculiar de pessoa super ignorante, capaz de justificar, com respostas a um tempo plausíveis e estapafúrdias, um comportamento muito peculiar, atribuído à pessoa dele. Assim, juntaram-se a alguns fatos da realidade muitos disparates interessantes, que contribuíram para a divulgação dessa figura popularíssima. Poder-se-ia dizer que seu Lunga é um novo João Grilo, Jeca Tatu ou Chicó. Por isso, a ideia dessa estátua também me parece defensável.
Prezado amigo Pimentel, adoro ler você. Defender nosso vigário é nossa obrigação. Nas minhas caminhadas matinais na estrada do Horto,sempre me choca ver a placa de homenagem ao padre Murilo totalmente abandonada em frente a um depósito de materiais de construção! Aquela placa, ou qualquer outra homenagem ao vigário do nordeste, é para estar em um local de destaque, tendo em vista a contribuição religiosa e social que Padre Murilo deu ao nosso Juazeiro. Quanto ao conterrâneo Lunga, acredito que o mesmo merece o reconhecimento por parte do poder público local, por ter se tornado uma figura de destaque na nossa cidade, sendo reconhecido Brasil a fora por sua personalidade,fazendo o Juazeiro ser ainda mais conhecido no nosso país.
Concordo com o meu amigo Pimentel. Pe. Murilo acolheu com dignidade os romeiros, abriu as portas da sua casa para receber tantos pesquisadores e estudiosos e respeitou a manifestação de fé e piedade do povo nordestino. Ele continua vivo na memória dos romeiros. Juazeiro precisa reconhecer o valor e a importância histórica do saudoso Pe. Murilo.
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