A professora Maria Lucia Alves, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, estabeleceu um contraponto entre as romarias em Bom Jesus da Lapa (BA) e Juazeiro do Norte na manhã desta quinta-feira no V Simpósio Internacional sobre o Padre Cícero: "Reconciliação... e agora?". Pela primeira vez em Juazeiro, ela disse que conhecia apenas pela literatura e reportagens e confessou sua emoção dizendo ser preciso conhecer de perto o lugar para perceber o misticismo.
Nascida em Bom Jesus, lembrou que as peregrinações ali tiveram o dedo do Monge Francisco e, em Juazeiro, de Padre Cícero. Sua pesquisa de mestrado baseou-se no catolicismo oficial e popular, enquanto a de doutorado teve como foco o pluralismo religioso. Sobre Juazeiro, considerou o tema “reconciliação” controverso e polêmico e, mais à frente, observou que “se não fosse a beata, não teria o milagre”. Na terra de Padre Cícero viu que os lugares sagrados são distintos e distantes.
Quanto a Bom Jesus, comparou tratar-se de um circuito com 15 grutas em torno de um santuário e onde uma catedral está sendo construída. Entretanto, nesses dois contextos observou que os “santos” locais dividem espaços com os santos romanizados. O Tema central da Mesa Redonda foi: "Apropriações e usos: Cultura, ecologia e economia" e teve como expositor o professor Edin Sued Abumanssur, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Após afirmar que, para alguns no Brasil, romaria é turismo de pobre, ele traçou comparativos entre tipos de peregrinações classificando as de Juazeiro como de destino final e local de força montado na razão maior da visita “não importando como chegar e sim chegar”. O outro seria mais pontuado na maneira como se chega sendo a razão da peregrinação sem observar uma importância maior para o lugar, passando apenas na porta do santuário e indo para as baladas.
Membro da Pastoral da Terra da Diocese de Crato, o padre Vilecy Basilio Vidal fez referências às romarias ao Caldeirão do Beato José Lourenço em Crato após considerar que o tipo de visão religiosa do Padre Ibiapina influenciou o Padre Cícero. Nesse aspecto, lembrou os conselhos do sacerdote caririense no sentido de tornar cada sala um oratório e cada quintal uma oficina. Ou seja, oração e trabalho a exemplo do que ocorria na comunidade do Caldeirão.
De acordo com o padre Vilecy, o sítio chegou a reunir cerca de 400 famílias e algo em torno de duas mil pessoas dentro de um modelo de desenvolvimento sustentável com forte apelo religioso, fartura, alegria e exemplo ecológico para o Nordeste. Na reta final da manhã houve mais um Testemunho à “Sombra do Pé de Juá” com Mestres da Cultura Popular. No início da tarde, os Minicursos: Arquivos e pesquisas sobre o Padre Cícero: uma "cronogenealogia" para o grande acervo com Renato Casimiro e “Um olhar em preto & branco sob a luz de Juazeiro” com Nívea Uchoa.
Assessoria de Imprensa
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