O problema do abastecimento d’água em Juazeiro do Norte não é de hoje. Sobre ele muito já se falou, mas até agora as providências atinentes ao problema não foram levadas a sério pelas autoridades a quem o caso está afeto nem tampouco se vê da parte da população nenhuma expressão visível de que está preocupada com a situação. O juiz aposentado Dr. Sávio Leite Pereira é uma voz que fala sobre o tema e não é de hoje. Em mensagem enviada ao Portal de Juazeiro ele escreveu:
“Há anos me preocupo com o fato de que o nosso abastecimento de água provém exclusivamente do subsolo. Escrevi sobre isso, por exemplo, na coluna Outras Palavras no jornal A Notícia, cerca de 18 anos atrás.
Esse aquífero subterrâneo é volumoso e é renovável, mas a velocidade de reposição é lenta e depende do volume de chuvas na chapada do Araripe, praticamente.
Há anos se fala em conversas privadas que o nível do aquífero está baixando e são apontados exemplos empíricos que comprovariam tais assertivas. Não duvido um instante de que seja verdade, até porque a gente sabe que muitos poços profundos abertos na Lagoa Seca nos anos 70 e 80 hoje estão secos. Além do mais, o crescimento populacional da região é fora dos padrões, sem falar que ela recebe milhares de visitantes diariamente, que também são consumidores.
A transposição das águas, tão comentada antes, tornou-se silente e ninguém sabe se e quando se concretizará. Não quero parecer alarmista, mas gostaria demais de levantar o véu de ignorância que acoberta este assunto no Cariri. Sei que há uma lei estadual de 2015 que proíbe a abertura de novos poços profundos na região e me consta que a Cagece já fechou 3 poços dela em Juazeiro por contaminação por metais pesados, como mercúrio. Será verdade.
Recentemente, conversei com um especialista em instalação e reparos em bombas submersas de poços e fiquei estarrecido ao ouvir dele que o nível do aquífero já baixou 25% nos últimos cinco anos.
Para mim, os sinos de alerta já estão soando. As circunstâncias são extremamente preocupantes: as cidade crescem desordenada e caoticamente; os empresários são egoístas e gananciosos; a administração municipal é inepta na fiscalização, para dizer o mínimo. De forma que o quadro tende a piorar, sem controle.
Podemos ter uma cidade sem educação, sem cultura, sem empregos, sem saúde e sem outros itens essenciais. É péssimo, mas podemos. Jamais poderemos ter uma cidade sem água, é impossível. Por isso, o abastecimento é prioridade absoluta, acima de qualquer outra reivindicação”.
O recado do juiz foi dado em alto e bom tom. Mas precisamos de mais vozes. Que a população se conscientize da gravidade do problema e pressione o poder público para que a solução (a definitiva) seja logo adotada, pois do contrário todos sofrerão quando o colapso, hoje iminente, ocorrer.
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