terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Escritor paraibano lança livro sobre o Nordeste


Não é de hoje que o professor pombalense José Romero Araújo Cardoso presenteia os amantes da boa literatura com obras de grande relevância para os estudos nordestinos.
Ao longo da carreira já são mais de doze livros publicados e um incontável número de plaquetes (publicações com menos de 50 páginas).
Adaptando-se aos novos tempos, acaba de sair do “forno” o segundo e-book de autoria do historiador, intitulado "Notas para a História do Nordeste".
A obra foi organizada pela professora Marinalva Freire da Silva, da Universidade Estadual da Paraíba, e conta trinta e três textos, alguns ainda inéditos, como o "Josué de Castro e a Ousadia de Denunciar um Tema Ainda Proibido".
"É um texto que causa reflexão pelas disparidades sociais ainda hoje. A fome ainda é um assunto delicado de se tocar e Josué de Castro ainda é a maior referência sobre este assunto", diz Romero.
Assuntos como a origem do comércio do Nordeste (A Civilização do Couro) e as tradições nordestinas (O Heroísmo das Parteiras Tradicionais) também estão presentes no trabalho que reúne escritos produzidos pelo autor há mais de dez anos.
Sem data ainda para lançamento, "Notas Para a História do Nordeste" pode ser adquirido diretamente com o escritor pelos seus telefones: (84) 9702-3596 e 8738-0646 ao custo de R$ 10,00 (dez reais).



APRESENTANDO NOTAS SOBRE A HISTÓRIA DO NORDESTE  DE  JOSÉ  ROMERO  CARDOSO

Francisco Alves Cardoso
 
Ao escrever e lançar a mais encantadora toada intitulada “Asa Branca”, em 1947, a dupla Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga já alertava as autoridades brasileiras para as catástrofes da seca no Nordeste, e num grito desafiador do mais fundo do peito pedia socorro ao Supremo Criador de todas as coisas: “Quando oiei a terra ardendo, qual fogueira de São João, eu preguntei, ai, a Deus do céu, porque tamanha O  jovem e renomado escritor paraibano José Romero Araújo Cardoso no seu novo livro “Notas para a História do Nordeste” , busca com força, na sua intocável destreza mental colocar em ação grandes figuras do mundo sábio, corajoso e defensor do nosso sofrido torrão nordestino, provando a luta de cada um para tornar esse quase país, em igualdade de condições às demais regiões brasileiras muito bafejadas pelo governo central, numa demonstração do desprezo para com os estados nordestinos que contam com cinquenta e três milhões, oitenta e um mil e Esboçando uma força gigante do peito revoltado, Romero grita contra “o drama da fome, feridas abertas que os poderosos insistem em não curar”.
Em termos de cultura, o Nordeste é rico nos seus mais diversos tipos, mesmo esmagada, algumas, pelo fogo aterrorizante dos capatazes do poder, mesmo assim continua viva para o desenvolvimento da Pátria. A cultura religioso-desenvolvimentista, patrocinada pelo Padre Cícero Romão Batista e seus romeiros, do Juazeiro do Norte cresce a cada instante, porque é obra pura, cristalina que transforma aquela terra forte com o crescimento do seu movimento artístico. Nem mesmo a força dos canhões do governo Franco Rabelo, à época, fez os ciceristas se renderem. Continuaram unidos e fortes na defesa dos seus A cultura viva transmitida por Luiz Gonzaga, defendendo o território nordestino, sua fauna, sua flora, nosso povo e nossa arte imbatível continua em expansão no Brasil inteiro, superando os arrojos de regiões outras que teimam em não aceitar a nossa força sempre vitoriosa.
As secas continuam, e agora a gravidade é muito maior. Os alimentos são possíveis, mas a água parece que não tem remédio. O governo federal continua a  propaganda enganosa da Transposição do Rio São Francisco. Mas tudo isso não passa de uma farsa pregada somente às vésperas das eleições presidenciais de quatro em quatro anos, desprezando a inteligência e a capacidade de entender que José Romero enaltece um dos mais brilhantes movimentos culturais nordestinos, na atualidade, o cordel que está tomando conta das salas de aula, dos terreiros das fazendas, das promoções juninas. E juntamente a essa legenda cultural, a poesia, que neste ano de 2014 realiza através de um grande festival, o III CONPOZAGÃO – Concurso de Poesia em Homenagem a Luiz Gonzaga e seus seguidores, promovido pelo Parque Cultural “O Rei do Baião”, na Comunidade São Francisco, município de São João do Rio do Peixe-Paraíba. O I CONPOZAGÃO foi publicado no livro “Gonzagão: O Centenário em Poesia”.
Louvo, neste livro de Romero a coragem e a profundidade estudiosa de buscar ensinamentos de obras sobre a democracia racial de Gilberto Freire, a dramaticidade da violência do cangaceirismo, sob a égide de Lampião. E detalhes sobre o brutal assassinato do Padre Aristides, pela Coluna Prestes, em Piancó-Nas visitas que fiz recentemente a cidade de  Quixeramobim, estado do  Ceará fiquei entusiasmado com a  movimentação daquele povo em favor da eternização do nome de Antônio Conselheiro, na sua terra natal. É o reconhecimento da sua gente ao heroísmo do Conselheiro. O sentido amoroso de cultura entre os quixeramobienses crescem a cada dia pela lembrança do filho mais ilustre. Louvo as campanhas promovidas pelo produtor cultural Fernando Ivo, Presidente do Fã Clube Romero já está colocado entre os maiores e melhores escritores do Brasil, e com o lançamento de “Notas para a História do Nordeste” imortaliza o grau cultural que nossa região proclama e o Brasil exalta.
Tem razão o escritor Clemildo Brunet quando afirma ser “Romero Cardoso - uma inteligência rara”, e Marinalva Freire que eleva o grau cultural do nosso escritor. Não se pode falar da obra de Romero sem lembrar fervorosamente a capa do livro, pelo espírito de criatividade juntando monstros sagrados como Luiz Gonzaga e Padre Cícero, retirantes saindo das várzeas secas buscando o solo fértil, vaqueiro na corrida pelo boi, as árvores do mundo novo e o castigo das mortas pela falta de chuvas nesse Nordeste tão esquecido pelo poder dos homens e sempre exaltado por líderes inesquecíveis como: Raimundo Asfora, Delmiro Gouveia, José Américo de Almeida, Vint-un Rosado, Josué de Castro e Ariano Suassuna.
Junto a Romero as palavras de um dos maiores paraibanos, Senador Argemiro de Figueiredo sobre a seca: “A seca destrói tudo, as lavouras, os rebanhos, o patrimônio, a tranquilidade, o bem estar, a esperança e até a própria dignidade A respeito da consciência da nossa região, Argemiro fala com propriedade: “O Nordeste tem nesta hora uma consciência formada: a consciência de que é um pedaço do Brasil. A consciência de que é uma parcela da Nação. A consciência de que merece viver dignamente, sem fome e sem miséria”.
É assim, José, temos que ser fortes, corajosos, dinâmicos, livres, prontos para todas as batalhas, criativos como o “Caldeirão Político”, que homenageia os heróis nordestinos com o Troféu “Vencedor de Todas as Lutas”.
Temos que seguir ensinamentos seus, reconhecendo o valor da civilização do couro, o heroísmo das parteiras tradicionais, como a querida “Mãe Fulô”, a luta dos almocreves, o aboio dos vaqueiros. Temos de vencedores de todas as lutas, para fazer os nossos irmãos nordestinoslivres e independentes.

Francisco Alves Cardoso, Advogado, escritor, jornalista e cronista social. Membro da União Brasileira de Escritores-PB

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