quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Centenário de Dió




Neste 2 de fevereiro de 2015, se vivo fosse, o Sr. Deoclécio Ribeiro de Menezes, mais conhecido como Dió, estaria festejando o seu centenário de nascimento. Para lembrar o evento seus filhos mandarão celebrar no próximo domingo, 1º de fevereiro, uma Missa em Ação de Graças na Igreja de São Miguel, às 10h30min.  

Quem foi
Deoclecio Ribeiro de Menezes, filho de  José Porfirio Ribeiro e Maria Bezerra  de Menezes, nasceu em 02/02/1915  no sitio Pau seco em Juazeiro do Norte, onde viveu até sua adolescência.  Mais tarde toda família veio morar na cidade. Com muita disposição para o trabalho e pensando já em sua independência financeira ,iniciou sua vida profissional como sapateiro, trabalhando na sapataria de Raimundo Siqueira. Em 1952 casou-se com a juazeirense Anunciada Marques com quem teve oito filhos, sendo cinco mulheres. Como no ramo de sapataria não estava ganhando o suficiente para o sustento da família numerosa, resolveu investir noutra profissão e escolheu a que estava em franca expansão na época, que é era a de vendedor ambulante de joias. Recebeu todo apoio do seu cunhado, Zeca Marques, já estabelecido no ramo da ourivesaria, e começou a fazer viagens. Inicialmente nas cidades da redondeza e depois, à medida que os negócios melhoravam, passou a visitar também cidades de outros estados, especialmente os da Região Norte do Brasil.  Na década de 70, já detentor de um bom capital, resolveu se estabelecer no ramo de comércio de cereais, abrindo o Armazém Tapajós localizado na Rua São Paulo, onde ficou até se aposentar. A formação humana e educacional, pautada da ética, honestidade e respeito para com o próximo foi a maior herança deixada para seus filhos que hoje, todos com formação universitária, festejam seu centenário.

Um caso real contado por Dió
Dió era devoto do Padre Cícero, cuja vida conhecia muito bem através de leitura de livros. Ele contou ao Editor do Portal de Juazeiro um fato interessante envolvendo o Padre Cícero o qual reproduzimos abaixo:

Em 1973 ele precisou ir a  Santarém, no Pará, para vender um carro (uma Rural Willys). O negócio não foi feito e ele teve de voltar, trazendo o carro, viajando pela  Transamazônica, àquela época uma péssima rodovia. Quando estava entre  as cidades de Altamira e Marabá, o carro bateu numa pedra no meio da estrada, causando um grande rombo no tanque de gasolina. Só depois de uma longa espera passou um motorista que se propôs a ajudar. Mas quando viu do que se tratava o defeito partiu para a gozação, dizendo:
   - Vê-se logo que você é marinheiro de primeira viagem, pois com material do próprio carro você pode consertar o furo, e foi tirando uma borracha localizada na frente da Rural, com a qual tapou o buraco do tanque de gasolina. Terminado o conserto, ele notou que a placa do carro era de Juazeiro do Norte, e ironizou:
   -  Estou vendo que você é da terra do Padre Cícero, que vocês dizem que é santo. Então, por que ele não fez um milagre para evitar que você ficasse no prego?
   Foi aí que Dió, num feliz momento de inspiração, arrematou:
   - Mas, meu amigo, você quer milagre maior do que este! Foi Padre Cícero quem mandou você me socorrer!
Encabulado, o cara foi embora apressado sem esperar agradecimento.

Memória fotográfica


Dió em companhia dos filhos: Diógenes, Denise, Darci, Décio, Diana, Dilma e Darlene

Casal Dió-Anunciada



CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE 
DIOCLECIO RIBEIRO DE MENEZES

Era 1915.
O poeta profeticamente rimava:

“Setembro passou com
Outubro e Novembro
Já estamos em Dezembro
Meu Deus, que é de nós,
Assim fala o pobre
Do seco Nordeste
Com medo da peste
Da fome feroz

A treze do mês
Ele fez experiência
Perdeu sua crença
Nas pedras de sal,
Mas noutra esperança
Com gosto se agarra
Pensando na barra
Do alegre Natal

Rompeu-se o Natal
Porém barra não veio
O sol bem vermelho
Nasceu muito além
Na copa da mata
Buzina a cigarra
Ninguém vê a barra
Pois barra não tem

Sem chuva na terra
Descamba Janeiro,
Depois fevereiro
E o mesmo verão
Então o nortista
Pensando consigo
Diz: "isso é castigo
não chove mais não". (Triste Partida -Patativa do Assaré)

Numa das maiores secas do Nordeste, mais tarde retratada na obra imorredoura de Raquel de Queiroz, O QUINZE, no sítio Pau Seco, situado à margem esquerda do Rio Salgadinho, nascia o quarto filho de Porfírio Ribeiro de Matos e de Maria Bezerra de Menezes (D. Maroca), sendo seus avós paternos Antônio Félix Ribeiro e Maria Félix Ribeiro. E seus avós maternos, Joaquim Micena Bezerra e Ana Bezerra de Menezes.

Naquele dia, os devotos do Pe. Cícero e de Nossa Senhora das Dores, em louvores, cantavam:

Ó que caminho tão longo,
Tão cheio de pedra e areia.
Valei meu padim Ciço
E a mãe de Deus das Candeias.

E os primeiros povoadores e romeiros rogavam:

Rogai por nós ó Maria,
Auxílio dos pecadores.
Pedi a Deus nos dê chuvas,
Mãe de Deus por vossas dores.

O rebento abençoado pela Mãe de Deus das Candeias e pelo Padim Ciço, nascido no correr de uma das maiores intempéries que se abateu sobre o Nordeste brasileiro, se revelou, no decorrer de sua existência, verdadeiramente, na feliz expressão de Euclides da Cunha, em os Sertões, UM FORTE.

Saindo Sitio Pau Seco, começa desarnar-se nas primeiras letras e a aprender a profissão de sapateiro, a qual exerceu com brilho, sendo considerado um dos melhores soladores do Cariri.

Deixando a arte de sapateiro, onde juntamente a seus irmãos Senhorzinho, José Porfírio e seu cunhado Vicente eram considerados MESTRES, abraça a vida de comerciante ambulante, levando para fora do Estado a arte de ourivesaria dos artífices da Terra do Padre Cícero.

Cessadas as viagens, estabelece-se comercialmente na rua São Paulo, com o ramo de balas e bombons, buscando tornar menos amarga a vida dos seus conterrâneos. Em tudo, um homem íntegro.

Filho extremado, que o digam os seus cuidados com D. Maroca, por certo, restou frustrado por, logo cedo, ter sido furtado pela providência divina da presença do seu genitor, o Professor Porfírio Ribeiro.

Irmão acolhedor, solícito, pronto a ajudar fosse com uma palavra amiga, de conforto, de orientação e carinho, fosse com uma ajuda material, às vezes, acima até de suas posses.

Marido amoroso, eterno amante de sua querida Anunciada,  por quem era amado e, por que não dizer, venerado. Hoje, por certo, juntos, na Glória, desfrutam da eternidade de Deus, um ao lado do outro. 

Pai dedicado, atento, educador pelo exemplo, severo, mas justo, buscando sempre dar não só a sensação, mas a certeza de que no esteio da família havia UM FORTE. Um eterno orgulhoso de sua família, cujas virtudes dos filhos exaltava de um a um, uma a uma.

Avô preocupado, carinhoso, amigo, participativo, sem, contudo, deixar de estabelecer as regras que entendia necessárias, isto, sem a preocupação de desagradar os pais dos netos.

Genro e Cunhado merecedor de todos os encômios de seus sogros e cunhados, haja vista que, até nos momentos em que divergia o fazia de forma respeitosa.

Tio mui querido.  Os sobrinhos a eles se referiam de forma respeitosa e carinhosa, havendo entre alguns, e são muitos, e não me perguntem quem são, pois eu não digo, uma disputa sadia e ciumenta, na busca de saber quem era o sobrinho mais querido de Tio Dió.

Hoje é só saudade. E eu, Raimundo meu fi, sou só lágrimas.
A ele nosso preito de carinho, admiração, GRATIDÃO e eternas saudades.
Os Siqueira Ribeiro
02/02/1915 – 02/02/2015.


3 comentários:

Unknown disse...


Daniel,
Agradecemos sua atenção . A matéria ficou ótima, guardaremos com muito carinho essa lembrança do nosso inesquecível paí. Abraços pra vc e Numa.

Unknown disse...

Saudades que eterniza sua presença em nosso coração. Ensino e exemplo que nos fortalece...
Agradeço pela bela homenagem, meu primo.
Abraço,

Darlene

Ivonete C.Ribeiro disse...

Meus padrinhos de batismo.Muito inspirado nessa resposta ... E em plena Transamazônica! Não nega a coragem do povo Nordestino!