Logo mais às 17h, na Capela do Socorro, será celebrada uma missa para lembrar o Centenário de Nascimento de Luiz Gonçalves Casimiro. Segundo informa seu filho, Renato Casimiro, a despeito de ter nascido em 29.11.1914, era no dia 6 de dezembro que
ele costumava celebrar o dia dos seus anos.
Luiz Gonçalves foi pessoa muito importante em nossa cidade. No dia 25 de março de 2011 ele foi homenageado com a Medalha Memórias de Juazeiro, outorgada pela Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro do Norte, em solenidade realizada no Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza e o editor do Portal de Juazeiro foi escolhido para fazer a saudação, cujo discurso é reproduzido abaixo para conhecimento de quem não leu na época:
LUIZ GONÇALVES CASIMIRO
O paraibano Luiz Gonçalves Casimiro foi um dos mais
conhecidos empresários do ramo elétrico de Juazeiro do Norte. Sua tradicional casa
de negócios, chamada de Centro Elétrico e localizada na Rua São Pedro, foi
durante muito tempo o principal estabelecimento desse ramo no comércio
juazeirense.
Era de lá que saía todo material elétrico para instalações
residenciais, comerciais e industriais do Município. Na época natalina era
também de lá que saía a grande quantidade de lâmpadas coloridas com que a
Prefeitura Municipal ornamentava as ruas e as praças da cidade.
Mas Luiz Gonçalves não tem somente isso na sua fecunda
biografia. Também deu sua contribuição para o progresso da cidade que o
acolheu, desenvolvendo intenso trabalho sócio-cultural como membro da diretoria
de muitas instituições, como Associação Comercial, Rotary Club, Treze Atlético
Juazeirense, Clube dos Doze, Labre etc.
Foi também um dos maiores baluartes em prol da implantação da
energia de Paulo Afonso no Cariri e da captação dos primeiros sinais de
televisão em Juazeiro, assuntos sobre os quais vamos nos reportar agora.
Na década de 50 a população de Juazeiro do Norte vivia
preocupada com a possibilidade da não eletrificação do Cariri porque estudos
realizados por técnicos da Chesf indicavam que a região não apresentava o
índice mínimo de consumo de energia elétrica exigido.
Foi aí, que Luis Gonçalves exercitando sua capacidade
criativa e empreendedora, segundo relato de seu filho Renato Casimiro “teve a
idEia de passar a vender eletrodomésticos de grande potência, como ferro de
engomar, cafeteiras, aquecedores chamados popularmente de mergulhões, bombas,
enceradeiras, máquina para engraxar sapato, churrasqueiras, sanduicheiras,
etc., já bastante usados em centros mais avançados,
Também na iluminação ele procurou lâmpadas mais potentes, com
grande brilho, pois até então o comum era se usar lâmpadas de apenas 20 ou 40
velas. Como profissional experiente, ele acreditou nessa proposta e nela
empenhou tudo o que estava ao seu alcance. E o resultado não tardou: a
população colaborou comprando os eletrodomésticos, e assim Juazeiro e o Cariri,
graças à ideia de seu Luis Gonçalves, aumentaram consideravelmente seu consumo
de energia elétrica e os técnicos se convenceram de que a chegada da energia de
Paulo Afonso à localidade era viável.
Vejamos agora como foi sua participação na era da televisão
no Cariri. Tudo começou com uma conversa informal entre ele e o técnico em
eletricidade Luiz de França na Praça Padre Cícero, na década de 60.
Eles discutiam sobre a possibilidade de trazer para Juazeiro
o sinal de TV que já existia em Recife. As informações técnicas prestadas por
Luiz de França aumentaram o entusiasmo de seu Luiz, e assim os dois resolveram
disseminar esse entusiasmo com o médico Hildegardo Belém e o Sr. Antoni
Arraias.
Formou-se uma pequena comissão para angariar dinheiro junto
ao comércio juazeirense a fim de comprar o material necessário para as
primeiras experiências, as quais foram realizadas na casa de Antoni Arrais,
localizada à margem da rodovia Juazeiro-Barbalha num ponto relativamente alto.
Eles passaram a noite toda fazendo experiência, mas não
lograram êxito. O sinal não apareceu. Foi aí, que tiveram a idEia de procurar
um local mais alto e o escolhido foi a Serra de São Pedro, em Caririaçu, para
onde a comitiva seguiu.
O prefeito de lá, Raimundo Bezerra (Mundeza) ficou empolgado
com a idéia e convenceu o vigário, Pe. Vicente Feitosa, a ceder a torre da
igreja, como sendo o ponto mais alto do lugar, para montar a antena.
Seu Luiz em cima da torre da igreja, tentava posicionar a
antena em direção a Recife enquanto em baixo, Luiz de França procurava
sintonizar a estação num televisor especialmente comprado para esse fim.
A expectativa era grande. No adro da igreja, uma multidão de
curiosos e incrédulos esperava ansiosa a chegada do tão esperado sinal de tevê.
Era uma experiência hilária. De cima se ouvia a voz de seu Luiz, perguntando:
Chegou? Em baixo, respondia Luiz: “Não! E essa maratona durou um bom tempo, até
que em dado momento - alguém deve ter pedido ao Padre Cícero - o “milagre”
aconteceu, e todos os presentes puderam ver pela primeira vez no Cariri uma
imagem e som de televisão. Dizem que o prefeito tomou um grande porre para
comemorar.
É claro que essas primeiras imagens não tinham a perfeição
que têm hoje. Mas mesmo em preto e branco, cheias de chuviscos e falhando de
vez em quando, elas foram suficientes para convencer a equipe de que com
aparelhagem melhor (já disponível em ouros centros) poderiam melhorar.
A comissão recebeu novas adesões e passou a contar também com
o apoio do prefeito Humberto Bezerra. Um especialista de Recife foi contratado
e ficou decidido que na Serra do Horto o sinal também poderia ser captado desde
que ali fosse instalada uma antena mais potente.
Surgiu então um grande problema: lá não existia ainda energia
de Paulo Afonso. Mas isso não desanimou ninguém. A prefeitura fez a
infraestrutura, preparando o terreno para instalação dos aparelhos, a Celca
iniciou a posteação e seu Luiz Gonçalves pagou do próprio bolso toda a fiação
necessária. E foi assim, que Juazeiro conseguiu receber o sinal da TV Jornal do
Commercio de Recife. E graças a essa experiência pioneira de valorosos cidadãos
juazeirenses preocupados com o desenvolvimento da terra, como Luiz Gonçalves
Casimiro, Juazeiro do Norte tem hoje dois canais de televisão.
Seu Luiz era pessoa do meu ciclo de amizade e por isso posso
garantir sem medo de errar que sua vida foi toda ela moldurada pela honestidade
e ele tinha um amor muito profundo por Juazeiro.
Vou relatar um fato curioso. Quando fui gerente da Credimus,
a agência era no mesmo quarteirão do Centro Elétrico e bem pertinho, na Rua
Alencar Peixoto, existia o Depósito ABC de Aderson Borges de Carvalho. Era
comum naquele tempo, anos 70, nós três nos reunirmos lá no Centro Elétrico
(imaginem só!) para brincar de prefeito de Juazeiro. Cada um de nós dizia o que
poderia fazer para impulsionar o desenvolvimento da cidade e posso garantir que
seu Luiz seria um bom prefeito de Juazeiro, pois suas ideias eram sempre muito
bem estruturadas.
Mas mesmo sem ter sido prefeito de fato, ainda fez muita
coisa pelo Juazeiro. E felizmente Juazeiro não cometeu com ele o pecado da
ingratidão, pois reconheceu seus relevantes serviços prestados concedendo-lhe
em 1988 o título de Cidadão Juazeirense e em 1999, o nome de uma rua no Bairro
José Geraldo da Cruz.
LUIZ GONÇALVES CASIMIRO nasceu no Sítio Carnaúba, distrito de
São Francisco, município de Sousa, PB, em 06.12.1916 e faleceu em Juazeiro do
Norte em 28.08.1989. Veio para Juazeiro do Norte aos cinco anos de idade, em
1922, na companhia de seus pais.
Prestou serviço militar no Corpo de Bombeiros da Paraíba e
foi telegrafista. Trabalhou no DNERu - Departamento Nacional de Endemias
Rurais, no Cartório Machado e no Banco do Juazeiro, até 1953, estabelecendo-se
depois como empresário. Casou com a professora Doralice Soares Casimiro com
quem teve dois filhos: Renato, doutor em microbiologia de alimentos, professor
aposentado da UFC e Ana Celi, pós-graduada em Biologia, professora aposentada
do Estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário