Editorial
Uma matéria do jornalista Alexandre Dall´Ara publicada ontem no jornal Folha de São Paulo online sobre as romarias de Juazeiro do Norte deixou alguns leitores que a leram bastante desanimados e até revoltados. Isso por causa do trecho onde se lê: "As pessoas viajam de pau de arara e isso está acabando por causa da fiscalização das rodovias pela polícia. A tradição é comum entre os mais velhos e pouco disseminada entre os jovens. A tendência da peregrinação é diminuir até acabar".
Sobre isso o Portal de Juazeiro como vitrine da história de Juazeiro diz o seguinte:
Realmente, a fiscalização em cima dos tradicionais paus de arara está mesmo rigorosa, impedindo a vinda de romeiros mais pobres, especialmente os do Piauí.
Realmente, a tradição de visitar Juazeiro não é repassada para os filhos e netos com a mesma empolgação vivida pelos ancestrais.
Mas, daí a dizer que a peregrinação vai acabar é uma declaração imprudente. Sempre haverá romarias em Juazeiro, embora o perfil do romeiro venha se modificando de uns tempos para cá. Muitos estão deixando de vir por que agora são evangélicos.
No ano passado entrevistamos feirantes e deles ouvimos a reclamação de que havia menos romeiros e que as vendas estavam caindo ano após ano.
Constatamos que as vendas estão caindo, mas, por conta de dois fatores: a grande concorrência e por que muitos romeiros melhoraram seu poder econômico e direcionaram seu consumo para outros produtos fora dos tradicionais artigos religiosos e artesanato utilitário, antes os dois maiores nichos de consumo das romarias.
No passado os romeiros eram procedentes de cidades pequenas, de comércio insignificante, e assim, quando eles chegavam a Juazeiro compravam tudo que não havia em suas cidades. Depois, muitos feirantes daqui para atender aos anseios de consumo dos romeiros passaram a vender também além de artigos religiosos e artesanato utilitário produtos importados do Paraguai, do tipo 1,99. Mas acontece que, com o passar dos anos, os artigos 1,99 se expandiram por todo o Brasil, e por isso, aqui os romeiros deixaram de comprá-los, pois em suas cidades já existiam. As vendas, então, começaram a diminuir. E para complicar, com mais dinheiro disponível (por conta da melhoria nas condições econômicas do País) os romeiros passaram a consumir produtos encontrados fora do comércio tradicional das romarias, migrando para lojas do comércio convencional, novidades como Lojas Americanas, self serf, lan house, shopping, motéis, churrascarias etc.
É por isso que os feirantes tradicionais estão achando que suas vendas estão diminuindo. E estão mesmo! Mas no final das contas as romarias continuam deixando muito dinheiro em Juazeiro do Norte e jamais deixarão de ser um dos grandes aportes para o desenvolvimento econômico da cidade.
E quando dizemos que o perfil do romeiro está mudando é por que a geração de romeiro tradicional, de chapéu de palha na cabeça, de procedência rural, muito religioso, está se extinguindo e uma nova geração, de jovens adeptos da moda, de bermuda e boné está invadindo a cidade. Essa nova geração tem perfil religioso e de consumo diferente do seguido por seus pais.
Não há dúvida: está em curso uma profunda transformação de natureza religiosa e econômica nas romarias de Juazeiro!
E isso precisa ser muito bem estudado pelas nossas faculdades.
LInk da matéria do Folha:
http://www1.folha.uol.com.br/turismo/2014/01/1392923-juazeiro-do-norte-no-ceara-e-tema-do-album-de-viagem-desta-semana.shtml
LInk da matéria do Folha:
http://www1.folha.uol.com.br/turismo/2014/01/1392923-juazeiro-do-norte-no-ceara-e-tema-do-album-de-viagem-desta-semana.shtml
Comentários
Dolani Oliveira: Daniel, Li alguns comentários sobre a Romaria e como sou também de Juazeiro, gostaria de postar aqui a minha opinião sobre o assunto.
Concordo com algumas colocações postadas e afirmo ainda que Padre Cicero não é uma lenda, ele é real no coração de todos que nele tem fé. Existe pelo Brasil outras cidades que também tem romarias, não podemos esquecer Aparecida do Norte (com nossa Senhora Aparecida) Recife (com Frei Damião), Canindé e outras cidades que tem como padroeiro outros santos.
A fiscalização deve existir para todos os seguimentos, isso se constitui numa questão de segurança, até porque, Juazeiro HOJE é uma cidade que abastece o coração do cariri e tem fora da época das romarias de Setembro e Novembro, um comércio forte. Não podemos atribuir o desenvolvimento de Juazeiro apenas a romaria que hoje tem outro perfil, O romeiro hoje, não quer ficar largado num galpão, dormindo um em cima do outro como no passado, tem toda uma mudança social e de poder aquisitivo. É só voltar o olhar para os índios que formatava outro perfil no passado e hoje até pedágio estão cobrando em suas reservas. Nada se acaba, existe apenas as transformações necessárias e urgentes pela LEI do consumo e hábitos.
Deveríamos nos preocupar e questionar em Juazeiro, a questão da segurança que é precária, das ruas esburacadas, professores ganhando uma miséria, e cobrar mais desses políticos o que realmente estão fazendo para a melhoria da infraestrutura desta cidade pelos impostos que arrecadam.
Este mês saiu uma mateira sobre Juazeiro, onde inúmeras famílias estavam dormindo na porta de uma escola para conseguir vaga para matricular seus filhos. Se fala tanto em educação, em desenvolvimento do país pela educação e nos deparamos com uma situação predatória e que é dever do Estado, Munícipio garantir.
Todos querem chegar lá, quando chegam, a maioria tende a copiar comportamentos políticos similares. É só lembrar o mensalão, a fraude do INSS, as enchentes constantes, os investimentos em obras fantasmas e o povo não EVOLUI NESTE SENTIDO parece até que suas capacidades estão vinculadas a quem estiver no comando. Infelizmente não se tem uma estrutura boa para receber tanta gente. Recentemente estive por lá e não compreendo como famílias inteiras podem viver ilhados em cima de uma praça cheia de barracas, agora "padronizadas", com os carros dos moradores tendo que circular por cima e com enterros passando também passando na porta das pessoas, porque não tem uma via de acesso pela frente da estátua do Padre Cicero. E o povo aceitou esta obra que fechou totalmente as ruas de acesso ao Padre Cicero e ao cemitério, tirando toda sua privacidade.
O povo deveria se unir e pedir a reabertura desses acessos que são importantes e necessários. As praças hoje, estão servindo para barracas, sujeiras e abrigo à noite de pessoas que chegam de todos os lugares. Não existe segurança e nem fiscalização, apenas receio de se passar por ali depois das 22:oo horas. CUIDAR DAS CIDADES , SIGNIFICA ATRAIR OS TURISTAS SEJAM ROMEIROS OU NÂO.
Tem tanta coisa que precisa ser olhada e lembrada para depois compreender porque o perfil do romeiro mudou tanto.
Recife, 12 de janeiro de 2014.
Elizangela Santos: Bem observado, Daniel. Também tenho percebido essas mudanças ao longo dos anos em que acompanho as romarias de Juazeiro do Norte.
Paulo Leonardo Celestino: A realidade é que os romeiros estão ficando, e com razão, mais exigentes em relação ao bem estar e conforto. Reclamam do desconforto e exploração dos ranchos, da sujeira na cidade, da falta de segurança. Acho que o poder público devia dar mais atenção a estes aspectos.
Jose Joaquim Santos: Infelizmente...é triste o nosso Juá! Os políticos e os comerciantes e "povo" de juazeiro nunca soube valorizar o q tem de mais rico nessa cidade: os nossos queridos romeiros e acho que a igreja tbm não exige nada para as mudanças isso é uma cidade pobre...!
Jose Eudes Fernandes Morais: Daniel, essa tendência é irreversível. fazendo um paralelo é igual ao Brasileit.
Daniela Medina: A Romaria se reinventa, se ajusta e não vejo a menor perspectiva de ver o fim desta prática ...
Jose Eudes Fernandes Morais: Daniel, essa tendência é irreversível, fazendo um paralelo, é igual ao Brasileiro que vai para a USA, comprar, consumir. No nosso caso, aqueles romeiros tradicionais estão fadados a minguar, dando lugar as novas gerações conectadas nas novas tecnologias.Cabe a administração municipal capitanear e fazer essa nossa leitura. afinal de contas, nossa economia ainda depende muito dos recursos que os romeiros do meu Padim gastam em Juazeiro e, é claro não esquecer dos tradicionais, procurando dar mais conforto.
Jose Eudes Fernandes Morais digo. nova leitura
Tadeu Brito: Não acredito que vá diminuir, isso estaria em desencontro com os números que mostram o fenômeno ROMARIA EM JUAZEIRO, ativado e até mesmo em ascensão.
Celia Costa Campos: isso jamais acontecera !
Lucia de Jesus: Hoje vemos muitos visitantes com aspecto de turistas, não de romeiros. Os romeiros caracterizados realmente vêm em menor número. Mas a tradição se estabeleceu e o Juazeiro sempre receberá muitos peregrinos, seja por devoção ou por qualquer outra motivação.
Celia Costa Campos: e isso mesmo! concordo Lucia de Jesus !
Eurides Dantas de Sousa: O ESPÍRITO de ROMARIA vem do ALTO. E o que vem do Altíssimo não tem fim. É verdadeiro. É real.
Selma Crisostomo: É que os nossos governantes se meterem mais do que já se metem e com muito respeito que lhe tenho ( continuar fazendo as merdas que fazem) explorando os romeiros. Não sou daqui mais vim pra ficar tanto que já vai completar 35 anos de juazeiro e ja me considero uma romeira e filha do meu padim . E isso ele nunca vai permitir. Pois a força espititual dele ainda vibra por onde você pisa nesta terra.
Francisco Neri Filho: Os romeiros nunca foram tratados com a devida atenção em Juazeiro. Mons. Murilo era só quem os recebia de braços abertos. Mas essa boa acolhida era limitada à área de atuação do sacerdote. Dizia-se que os antigos vigários recebiam ordem de não lhes fazer afagos para não estimular o fanatismo...
Neuma Toledo: Com tantos problemas no Brasil, por que essa preocupação com a nossa romaria?
Rosângela Maria Reginaldo Tenório: Meu caro amigo Daniel Walker, você agora me faz "shaulinsofar". "Sorria" se concordar comigo: esse elemento que escreveu essa matéria, se tivesse escrito usando uma caneta esferográfica, aposto que teria que substituí-lá por, pelo menos umas 10, pois garanto que todas iriam (como dizia Patativa do Assaré), "FAIAR". Quando o Padre Cicero foi chamado pelo Pai Celestial para a sua eterna morada, o Céu, muitos pensavam que. A cidade iria se abanar, se escafeder, sumir do mapa e hoje, ela só cresce e de agora em diante, com a implantação da UFCA e das demais faculdades que estão se instalando aqui, o Juazeiro esta iniciando o seu DESENVOLVIMENTO e envolvendo todos os municípios da Região a crescer e se desenvolver também. E sabe quem é o principal responsável por isto? O Padre Cicero Romão Batista, que agora está trazendo romeiros de todo o mundo para cá. Viva meu Padim, viva o romeiro, viva o turista do mundo e viva nós.
Péricles Vasconcelos: A forma muda e já está mudando, o nº de romeiros pode até cair, mas jamais acabará, fazendo um paralelo é como se o turismo um dia fosse acabar.
Rita Clemente Rodrigues: Esse deve ser um protestante malamado...
Linda Callou: Os paus de arara estão sendo trocados por outros tipos de transportes mais seguros, até aviões são usados por romeiros, as antigas pousadas são melhores, agora, mas a romaria jamais acabará. Eu conheci um povo aqui em Jampa que disse assim: a gente não pode ir pra Jerusalém, vai pro Juazeiro...
Marileide Magalhaes: Esse reportezinho de araque é um idiota!!
Vilma Maciel Maciel Lira: Enquanto existir a força da FÉ NA MÃE DAS DORES E NO PADIM CÍCERO A ROMARIA SÓ CRESCE, NÃO adianta tentar mudar esse fenômeno.
Lazaro Marques Lima: Os paulistas têm inveja dos cearense
Iderval Tenorio: A reportagem não é sensacionalista, é uma análise que merece reflexão e um alerta para Juazeiro. Juazeiro do Norte hoje nao é mais nosso, mais de 80% da população vem de outros estados. A população de Juazeiro é moderna, é de Shopping, é do rock, é da boite, é da noite e muitos não conhecem a história DO Padre Cícero, lógico que não vai acabar, o reporte falou da queda do tipo de Romeiro, das casas que alojam, hoje eles ficam em Hoteis bons ou ruins, não dormem mais no chão, não comem o que comiam 40 anos atrás, Luiz Gonzaga morreu, João Silva Morreu, as velhas cantadeiras sumiram, os Juazeirenses mais velhos morreram, o nordeste se urbanizou, os violeiros ficaram velhos, o Padre Murilo morreu. Então Daniel esta reportagem veio para chamar a atenção dos que fazem hoje o Juazeiro. Antes era Romaria, hoje é Turismo Religioso, e o turismo religioso não evoca na essência a FÉ, evoca mais a história. Juazeiro é mais fé. Daniel proponha um grande debate e bote este assunto para ferver o nosso JUÁ. Agora a romaria acabar é UTOPIA. VIVA MEU E AQUI TEM MAIS UM ROMEIRO.
Geraldo Pereira Fariass: Boa matéria é isso mesmo eu mesmo já tinha percebido tudo isso.
3 comentários:
O ESPÍRITO de ROMARIA vem do ALTO. E o que vem do Altíssimo não tem fim. É verdadeiro. É real.
Queridos do meu Juazeiro, sou bairrista , sou juazeirense até o gogó, lendo este artigo da Folha e comentado pelo Daniel Walker fico aqui pensando, parece que o Nordeste e os Nordestinos segundo o Jornalista não têm direito de evoluírem e parece até que o município deixou de crescer . Esquece o amigo que a Romaria faz parte de um conglomerado turístico e que não é apenas em novembro ou em setembro, o programa é anual e Juazeiro é visitada todos os meses. Outro fator importante é que, devido os pólos Universitário , Industrial Comercial muitas pessoas visitam o município por via aérea , de ônibus de primeira ou de carros confortáveis. O boom da romaria de novembro é apenas a data principal, e todos sabem que não tem o mesmo peso de 30 ou 40 anos atrás, naquela época era a única fonte de riqueza e toda a população se encontrava comprometida, como o município era menor e tudo ficava concentrado nos nosso bairros – SOCORRO E MATRIZ a cidade virava um formigueiro, caminhões e caminhões ocupando as ruas, barracas de todos os tipos, não existia a lei do silêncio e o nível de escolaridade dos Romeiros era baixo. A cidade cresceu, os romeiros pertencem a todas as classe sociais e de todos os graus de escolaridades e o gasto per capta deve ter aumentado. O que aconteceu foi o fenômeno ORGANIZAÇÃO DA ROMARIA. Outro fator importante foi a mudança do CLERO JUAZEIRENSE- IGUAL AO PADRE MURILO DE SÁ BARRETO O POVO DO JUAZEIRO VAI TER DE ESPERAR MUITO, tomara a Deus que o Padre Aureliano que promete muito , que ainda é jovem e já é uma grande voz pela cidade, seja um grande agregador.
A ROMARIA DE JUAZEIRO É DURANTE TODO O ANO, SETEMBRO E NOVEMBRO FAZEM PARTE DO GRÁFICO COMO OS DOIS PICOS PRINCIPAIS . APENAS UMA OBSERVAÇÃO. OS GESTORES NÃO PODEM DEIXAR A APETECA CAIR, NÃO PODEM TITUBIAR. OS CAMINHÕES SERÃO SUBSTITUÍDOS POR ONIBUS E POR AVIÕES. A ROMARIA JAMAIS ACABARÁ.
"MESMO QUE AS ROMARIAS PARA ROMA SE ACABEM, AS DE JUAZEIRO JAMAIS SE ACABARÃO"
MINHA OPINIÃO é a mesma do ilustre amigo Juazeirense Dr. Iderval Tenório. Acredito que o entrevistado do conceituado Jornalista Alexandre Dall´Ara estava certo em dizer que os caminhões PAU DE ARARA estão diminuindo e a tendência é deixarem de viajarem nas festas de Romaria para Juazeiro pelo motivo de falta de segurança. Na última Romaria passada (01/11/2013), observei que não chegava a 20% a quantidade de PAU DE ARARA comparada com a quantidade de onibus, o que era ao contrario à 40 anos atrás. Isso não quer dizer que os Romeiros irão deixar de viajar. Acredito que o ilustre Jornalista pensou que diminuindo os PAU DE ARARA, diminuiria a quantidade de Romeiros e o que vemos hoje é que a cidade cresceu e que a quantidade de Romeiros tambem cresceu. Outro motivo bom dessa matéria e nos sentimos recompensado, foi entre as seis fotos apresentadas, duas delas, indiretamente a cidade de Ilhéus Co-Irmã da cidade de Juazeiro do Norte tem participação.
1º a foto do ARTISTA ilheense PIRILAMPO e a 2ª a pintura do mural feita pelo PINTOR ARTISTA ilheense RILDO FOGE.
José Leite de Souza
Ilhéus - Bahia
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