segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Turma de 1973 da Escola Normal comemora 40 Anos

Com um almoço de confraternização em Suel Festas a Turma de 1973, a última da extinta Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte, comemorou seus 40 anos de formatura como professoras normalistas. Foi um encontro muito festivo ao qual compareceram também pessoas que não eram da turma, mas que foram especialmente convidadas. O evento teve uma programação extensa e diversificada constando de brincadeiras, discursos, mensagens, números musicais, sessões de fotos e após o almoço aconteceu o ponto culminante que foi o lançamento do livro  1973-2013: Uma Escola, várias histórias. O livro é um resgate biográfico das participantes da Turma com informações sobre a história da famosa Escola. 

Abaixo alguns flagrantes fotográficos da animada  festa






 

Momento após o lançamento do livro em que Tereza Neuma (convidada)  prestou sua homenagem às normalistas
















Sobre o livro o editor deste blog escreveu no Prefácio:

Este livro é uma espécie de repositório das lembranças da histórica Turma de 1973, a última da extinta Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte. Esta Turma materializa e simboliza um tipo difícil de encontrar, especialmente nos tempos atuais, em que amizades sinceras e duradouras estão em fase de  extinção. 
Antes as amizades eram sediadas no coração, nasciam de um singelo contato,  e cresciam e se perenizavam com a presença física, o aconchego, as palavras sinceras ditas ao ouvido e o abraço de pessoas que realmente se afeiçoavam e eram solidárias em todos os momentos. 
Aí chegou a modernidade e através da sua força mais poderosa hoje – a internet – foi criado um novo tipo de amizade, a virtual, sem necessidade dos ingredientes que compõem a verdadeira e autêntica amizade, sediada nas chamadas redes sociais e alimentada exclusivamente da publicação de fotografias muitas vezes ridículas e postagens de mensagens escritas fúteis e de sinceridade suspeita. É uma amizade totalmente à distância sem necessidade de encontro pessoal. Que coisa mais esquisita!
Quem está nessa é bom parar para refletir, pois a vida ensina que só depois de algum tempo a gente aprende que a verdadeira amizade continua a crescer mesmo com longas distâncias, desde que existam de fato sinceridade e solidariedade. Afinal, o que realmente importa não é o que se tem na vida, mas quem se tem na vida. Por isso, é necessário os amigos se encontrarem. O encontro fortalece a amizade.
Esta Turma, mesmo tendo se passado exatos 40 anos continua unida, embora com muitos dos seus participantes morando longe, pois para ela a distância apenas afastou os locais de morada. Desde que deixaram os bancos da querida e inesquecível Escola Normal as ex-alunas mantêm inalteráveis os laços que as uniram, e afora os encontros efêmeros do dia a dia, se reúnem de forma intensa e festiva de cinco em cinco anos para um balanço geral de rememoração das lembranças e consolidação dos laços de amizade. 
Nesses encontros quinquenais aquelas eternas jovens (embora muitas já sejam vovós) mergulham no túnel do tempo e se transformam novamente nas alegres e esperançosas normalistas vestidas de uniforme vinho e branco “trazendo um sorriso franco e encantador” e que, sobretudo ostentam a honra de terem participado da última turma diplomada pela mais famosa escola de Juazeiro do Norte. 
Todas ainda lembram emocionadas do encontro realizado em junho de 2005, no açude da colega Beta, onde o querido professor Padre Murilo participou sem saber que aquele seria o último, pois em dezembro do mesmo ano faleceu. Todas tinham por ele uma estima que extrapolava os limites da sala de aula; era ele uma espécie de guru, de mentor, de pai espiritual, de conselheiro, de amigo verdadeiro, daí por que sua morte deixou em todas o vazio da presença, mas ficou a eternidade da lembrança cujo registro está impregnado de forma indelével nas fotos históricas clicadas no momento daquela singular festa de confraternização.   
A Turma de 1973 é mesmo privilegiada porque ainda conseguiu desfrutar de muita coisa boa que existia na velha Escola Normal. Merece destaque o currículo repleto de disciplinas úteis à vida e ao exercício da cidadania, como aulas de campo, educação para o lar, canto, educação moral e cívica afora atividades religiosas, estas possíveis de serem realizadas sem gerar discórdia em face de na época a quase totalidade dos alunos e professores professar a religião católica apostólica romana. 
Festas cívicas e religiosas (como o Dia da Padroeira) eram comemoradas com grande requinte. No Dia 7 de Setembro no qual o ponto culminante era o desfile, se vestia o uniforme de gala. O primeiro pelotão sempre era formado pela turma concludente com suas fardas impecáveis, gravata e luvas, portando bandeiras. Um detalhe curioso contado por Socorro Alencar: as saias eram colocadas debaixo do colchão para ficarem com as pregas sem nenhuma falha. 
O esforço todo valia a pena,  pois o retorno vinha no sabor dos aplausos vibrantes da grande multidão que se postava nas ruas e principalmente na Praça Padre Cícero quando acontecia a apoteose do desfile. Era bom ser normalista e, melhor ainda, ser da Escola Normal! 
Essas meninas são, enfim, do tempo em que naquela Escola a Educação era mesmo levada a sério, a começar pela disciplina, rígida, mas necessária, conduzida sob os olhares sempre vigilantes da maior educadora desta cidade, a austera Amália Xavier de Oliveira. Era até possível haver exagero, todavia era o sistema em voga na época para preservar os bons costumes reinantes. Eis um caso emblemático que simbolizava a rigidez da disciplina da Escola Normal daquele tempo: as inspetoras de alunos sempre com uma trena à mão se postavam à entrada do prédio para medir as saias das alunas  caso suspeitassem que as medidas do comprimento das mesmas estavam abaixo das medidas regulamentares. Quando as suspeitas finalmente se confirmavam, as barras da intrusa minissaia eram descosturadas na hora e nem adiantava protestar. Fazer isso hoje, nem pensar! 
O ensino era o que se podia esperar de melhor e não podia ser diferente porquanto no seu corpo docente estavam as maiores estrelas do magistério juazeirense. As condições de ensino eram plenamente satisfatórias. As aulas tinham conteúdo. Havia ensino e cobrança. Até dia de prova, já pensou?   E era uma escola pública!   
A Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte tinha realmente um universo próprio, no qual imperavam majestosamente dona Amália Xavier de Oliveira e toda a sua corte. Visto hoje sob a ótica da modernidade poderia sofrer restrições de alguma ordem, porém é indiscutível que foi importante e deu resultado. De qualquer maneira, foi justamente por causa desse fabuloso mundo oferecido pela famosa Escola que as ex-alunas da Turma de 1973 até hoje não romperam os laços que as uniram na sala de aula e se prolongaram fora dela. E também nunca tiraram a Escola da lembrança. 
Não tive o prazer de ser professor desta Turma. Embora tenha ingressado no quadro de professores em 1970, lecionando inicialmente no Madureza Ginasial à noite, com a direção de dona Amália, somente em 1983 foi que passei a ministrar aulas no Curso Pedagógico (matutino) então já com a denominação de Centro Educacional Professor Moreira de Sousa e a direção da professora Valba Gondim. Já era outra realidade, bastante diferente da vivenciada pela Turma de 1973, de ensino ruralista.
Mas mesmo não tendo sido professor desta Turma era e ainda sou amigo de muitas alunas e por elas tenho o maior apreço, não apenas por termos a mesma respeitosa e profunda admiração pelo amigo comum – Padre Murilo -, mas também por que as tenho na conta de mulheres talentosas e inteligentes e que têm a amizade como um troféu de dignidade da pessoa humana. 
Fiquei muito honrado e também surpreso com o convite para prefaciar este livro. E posso dizer que sou particularmente grato pela distinção, pois a elaboração deste texto terminou me proporcionando a feliz oportunidade de também mergulhar no túnel do tempo e revisitar a minha queria Escola Normal, um capítulo importante na minha biografia pelos momentos de alegria que desfrutei e pelos inúmeros laços de amizades verdadeiras que conquistei.
Finalizando desejo que a amizade que une esta Turma histórica seja eterna e que os encontros a cada cinco anos sejam sempre momentos de sadio convívio. 
Um grande abraço, Turma de 1973! 
Daniel Walker


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