Mestre Pelúsio em sua oficina |
Pelúsio Correia de Macedo é uma
figura importante na história de Juazeiro. Foi o primeiro telegrafista daqui,
autor do Hino da Independência de Juazeiro, fundou a primeira escola de música
da cidade, criou e dirigiu a primeira banda de música, fundou a primeira
oficina mecânica e também foi fundador do Cine Iracema (o segundo cinema de Juazeiro). Foi exímio
construtor de relógios de
torre, muitos dos quais
ainda hoje existem,
como os instalados na Igreja de Nossa Senhora das Dores (hoje Santuário
Basílica) e na Coluna da Hora (Praça Padre
Cícero), sendo que este era especial pois marcava até as fases da lua. Na
Catedral de Petrolina (PE) e na Matriz de Jardim (CE) existem relógios construídos
por ele. Também se destacou na fundição de sinos. Em muitas cidades do Cariri
existem sinos construídos por ele. Mestre Pelúsio teve o privilégio
de ter quatro dos seus filhos ordenados padres, entre os quais Monsenhor Macedo,
que foi o segundo Vigário de Juazeiro. Mestre Pelúsio era pessoa da maior
confiança do Padre Cícero e sua história precisa ser conhecida por todos os
juazeirenses.
Segundo consta no livro Dados biográficos dos homenageados em
logradouros públicos de Juazeiro do Norte, de Raimundo Araújo e Mário Bem
Filho, Pelúsio Correia de Macedo nasceu no Sítio Pau Seco, então município de
Barbalha, Ceará, atualmente município de Juazeiro do Norte, no dia 7 de abril
de 1867. Era filho do Professor Semeão Correia de Macedo (segundo professor
régio de Juazeiro) e de Rosa Amélia Parente Macedo. Através do Padre Cícero foi
matriculado no Seminário do Crato. Casou-se com a Sra. Antônia de Sá Barreto
Sampaio Correia, de cuja união nasceram dez filhos: Mons. Dr. Manuel Correia de
Macedo, Cônego Simeão Correia de Macedo, Cônego José Correia de Macedo, Padre
José Carlos, João Batista, Jeová, Moacir, Alísio, Alacoque e Estela. Faleceu no
dia 1º de maio de 1955, em Juazeiro do
Norte, e encontra-se sepultado no cemitério do Perpétuo Socorro. Graças aos
relevantes serviços prestados à cidade foi homenageado com nome de uma escola e
uma rua.
No livro Padre Cícero, pessoas, fotos e fatos, de Walter Barbosa, há uma
passagem muito interessante em que o autor explica como Mestre Pelúsio começou
a construir relógios, a qual transcrevemos abaixo devido a sua importância histórica.
“Certa vez, Padre Cícero mandou chamar à
sua presença Mestre Pelúsio Correia de Macedo, pessoa da sua mais grata
confiança e figura muito importante na história de Juazeiro. Ao vê-lo, disse
Padre Cícero:
– Seu camaradinha, eu lhe mandei chamar,
para lhe propor um negócio. Juazeiro está crescendo, mas o seu crescimento não
está sendo coordenado. Eu não disponho de tempo para realizar empreendimentos,
a fim de dar condições de subsistência a esse povo. E é constrangido que vejo
tudo isso acontecer. Não disponho de meios... Pensei, e cheguei à conclusão de
que vou precisar do trabalho de uma porção de gente que pode me ajudar; por
isso eu o escolhi.
– Estou às ordens do senhor... Se achar
que posso ser útil em alguma coisa...
– Como não. Olha Pelúsio, é condoído que
vejo essa criançada crescendo, sem ter um ofício. Já estou encaminhando uns
para aprenderem a arte de sapateiro, pois é uma arte que sempre dá, todo mundo
precisa andar calçado; outros, encaminhei para a ourivesaria, a fim de se tornarem
bons artífices, e agora, desejo montar uma fábrica de relógios...
– Meu padrinho, e onde vai ser essa
fábrica?
– Aqui em Juazeiro.
– E onde o senhor vai mandar buscar os
engenheiros para fazê-la funcionar?
– Aqui em Juazeiro.
– Em Juazeiro?
– Sim, homem de Deus. O engenheiro que
escolhi foi você. A fábrica vai ser dirigida pelo meu bom amigo e afilhado.
– Mas, meu padrinho, eu nunca tive a menor
noção de tal coisa.
– Pelúsio, para você não há problema.
Temos que montar essa fábrica de relógios monumentais, a fim de servir de
escola ou aprendizado para uma parte dessa rapaziada.
– Mas, meu padrinho, como é que eu posso
fazer uma coisa que nunca fiz.
– Fazendo a primeira vez. Olhe, vou mandar
comprar um despertador. Quando esse chegar, você o desmonta, veja como
funcionam as suas peças, estude-as. Depois você as montará. Quando isso
acontecer, já se tem meio caminho andado para se implantar uma fábrica de
relógios na nossa Juazeiro.
– Mas meu padrinho, e como vou fabricar
essas peças?
– Seu camarada, você usa o mesmo processo
dos ourives. Faz fundição em
areia. Quanto às ligas dos metais, essas, os livros ensinam.
Sentindo-se impotente para contestar os
argumentos do Padre Cícero, não restou a Mestre Pelúsio outra alternativa,
senão montar a tão sonhada fábrica de relógios idealizada pelo Padre Cícero. E
ela foi montada. E dela saíram muitos relógios que ainda hoje se encontram em
funcionamento em várias cidades da Região, como o que foi instalado na Praça
Padre Cícero, em Juazeiro do Norte. Um magnífico e singular relógio que marcava
inclusive as fases da lua.”
NOTA DO EDITOR: Muita muita gente ainda não se deu conta, mas no dia 23 de julho de 2014 a cidade de Juazeiro do Norte completará cem anos de criação. Para enaltecer este grande evento, o Portal de Juazeiro inicia a partir de hoje uma série intitulada PIONEIROS DE JUAZEIRO na qual serão enfocados personagens que foram pioneiras nesta cidade.
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