Década de 90. Juazeiro do Norte
ainda não possuía faculdades. Com isto, era grande o fluxo de jovens estudantes
para as capitais, especialmente Recife e Fortaleza. Particularmente, também
segui a peregrinação dos estudos e fui para a capital pernambucana. Ao todo
foram 08 anos e meio convivendo tanto com os benefícios quanto com as mazelas
da cidade grande.
Se por um lado tinha a
oportunidade de frequentar cinemas, passear em shoppings ou comprar em
hipermercados, também enfrentava longos engarrafamentos ou andava nas ruas com
medo de ser assaltado. Inclusive presenciei a ação de bandidos contra uma
indefesa senhora às 13:00h em plena Av. Domingos Ferreira, uma das mais
movimentadas do bairro Boa Viagem.
Ao concluir os estudos em 2001,
voltei para a minha terra natal. A partir daí, ao longo desses 11 anos,
testemunhei Juazeiro do Norte sofrer uma incrível transformação. Um crescimento
acelerado e desordenado.
Hoje também passeamos em
shoppings, comemos em lanchonetes internacionais e fazemos compras nas mesmas
lojas famosas das capitais. Em contrapartida, a violência cresce
assustadoramente. Comerciantes e consumidores frequentam o centro da cidade com
medo dos assaltos. A frota de veículos, por sua vez, promove cada vez mais
engarrafamentos nas nossas estreitas ruas. Recentemente fiquei preso em
congestionamento na Av. Leão Sampaio; pensei que se tratasse de algum acidente,
mas era resultado apenas da quantidade de veículos. Nos cruzamentos dos
semáforos já há uma legião de pedintes, muitos deles crianças fazendo
malabarismos num espetáculo de muita tristeza.
Tenho agora a sensação que
voltei a morar em
Recife. Convivo com os mesmos benefícios e mazelas da cidade
grande. Diante desta realidade, fico a pensar: por que a maioria das metrópoles
brasileiras não sabe associar progresso com organização e justiça social? Por
que os políticos só agem quando os problemas tomam proporções insuportáveis?
Deixaremos Juazeiro do Norte seguir esta regra? Por que não podemos ser uma
grata exceção?
Um comentário:
Enquanto tivermos eleitores que só se preocupam com "bola na rede" e políticos de um partido apenas (PFdMS - partido farinha do mesmo saco), nada mudará neste país. Faça sua parte: cumpra seus deveres, pague seus impostos, tenha cidadania, mesmo que fique com aquele sentimento de ser um otário. Educar as novas gerações, mostrando que cidadania, altruísmo e política são importantes para todos.
Postar um comentário