O tão propagado e discutido
milagre da hóstia, que teria ocorrido em Juazeiro por dezenas de vezes, a
partir de 1º de março 1889, também ocorreu na cidade do Crato, em 1891. O fato
já foi divulgado em vários livros, sendo que no de Lira Neto, Padre Cícero, poder, fé e guerra no sertão, ele
aparece com mais detalhes. Este autor narra o fato da ocorrência do milagre na
cidade do Crato de acordo com os documentos que fazem parte do inquérito
elaborado pelos padres Antero e Clicério, a pedido do bispo Dr. Joaquim. Conforme
está nos documentos, em Crato o milagre se repetiu por várias vezes, durante o
tempo em que a beata Maria de Araújo esteve confinada na Casa de Caridade, a
qual se localizava onde hoje é o prédio da Rádio Educadora. Segundo Lira Neto
“quando se soube que Maria de Araújo estava na cidade acompanhada pelos dois
representantes do bispo, a população cratense acorreu em massa ao prédio. No
meio da multidão, quem não conseguiu forçar a entrada pelo portão principal deu
um jeito de saltar as grades, escalar os muros e, de um modo ou de outro,
arranchar-se nos salões e corredores da casa, na contagiante esperança de ver e
tocar a beata tida como milagrosa”.
Foi uma verdadeira romaria! Mas
isso não é de causar espanto, pois foi Crato quem de fato começou a romaria de
adoração aos paninhos ensanguentados. Durante
o tempo que durou o inquérito naquela cidade, a hóstia se transformou em sangue
diversas vezes; também se transformou em carne (coração) e uma vez em pão. Também por
diversas vezes a hóstia apareceu misteriosamente entre os dedos das mãos de
Maria de Araújo e em todas essas vezes os padres investigadores as utilizaram
em comunhões dadas (incrível!) por Maria de Araújo.
Quem quiser saber mais detalhes
sobre isso pode consultar o livro Padre
Cícero Romão Baptista e os fatos do Joaseiro – A Questão Religiosa, volume
organizado por Antonio Renato Soares de Casimiro, lançado recentemente, cuja publicação foi autorizada e coordenada
pela Diocese do Crato. Nele se encontram cópias dos inquéritos realizados para
averiguação dos fatos relativos aos milagres da hóstia, as quais podem ser
consultadas por qualquer pessoa no Departamento Histórico Diocesano Padre
Antônio Gomes de Araújo.
Assim não tem mais sentido os
escritores se referirem ao milagre como sendo “milagre de Juazeiro”, quando ele
também ocorreu no Crato, mesmo que muitos cratenses detestem a ideia. E quanto
a isso não há nada de errado, pois em Juazeiro também tem muita gente que não
aceita de forma alguma este fato como
sendo milagre.
Falso ou verdadeiro, o que a
história revela, com base em documentos autênticos, é que aconteceu com a beata
Maria de Araújo, em Juazeiro e em Crato, fatos extraordinários ou, no mínimo,
esquisitos, tais como, transformação da hóstia em sangue, carne de coração e
pão; aparecimento de hóstias entre os dedos das mãos da beata; crucifixos de
bronze vertendo sangue; beata em estado êxtase, tendo seu corpo chagado e
molhado de sangue etc. etc. Fatos semelhantes acontecidos na Europa e em outros
locais, até mesmo na América do Sul, foram tratados como “milagres
eucarísticos”. Os de Juazeiro e Crato, não! Por que será?
Quem quiser conhecer mais sobre
milagres eucarísticos entre no Google e procure por “milagres eucarísticos” e
veja como eles são bem parecidos com os ocorridos em Juazeiro e Crato. Parece
que o problema que faz com que os daqui não sejam reconhecidos como tais, seja
a localização geográfica e a origem racial da protagonista...
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