segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Luitgarde comenta artigo de Océlio


A respeito do artigo do professor da Urca Océlio Teixeira de Sousa publicado neste Portal sábado passado, a antropóloga alagoana,  cidadã juazeirense e professora da UERJ Luitegarde Oiveira Cavalcanti Barros escreveu o texto abaixo transcrito:

Ora, ora, Océlio!
Por que estes “tão queridos romeiros” não ficaram SEQUER SABENDO que há CEM ANOS o Padre Cícero, lutou para CRIAR um Município Autônomo, onde eles não sofressem o  mesmo destino do Povo de Canudos?
 Por que será que de 2009 ( Início das COMISSÕES DO CENTENÁRIO)  até hoje as Secretarias de Turismo, Romaria, Cultura  etc  não Conseguiram “Economizar”, de tudo que “os pobrezinhos” gastam no Juazeiro,  os R$ 10.000,00  orçados, nestes sucessivos três anos,  para imprimir as “Lembrancinhas” desenhadas por Renato Dantas para serem distribuídas, em forma de “filipetas”, entre   aqueles por quem o Patriarca tudo sofreu, e que são a única razão de algum TURISTA ir à cidade conhecer este patrimônio imaterial?
Quanto ao Patrimônio Material de Juazeiro, sucessivas “gerações modernizadoras”, com suas respectivas e  “progressistas autoridades” foram “derrubando tudo”,  com o agravante de “os pesquisadores do Juazeiro” não terem o cuidado esperado de “preservadores da memória de um povo”, de sequer fazer  o “registro fotográfico” do bem existente, antes de seu desaparecimento do cenário da cidade. Você quer ver?
Quem fotografou o “pé de tambor”  a cuja sombra  durante décadas o Padre Cícero repousava no Horto e cujas folhas os romeiros levavam como relíquias usadas em chás para curar doenças? Imagine que ele foi destruído, simplesmente para colocar no lugar dele (PASMEM.....A torre para televisão!!!). Será que em toda a extensão do Horto não havia outro lugar? Os intelectuais do Rio Grande do Norte  preservaram um bem natural – O MAIOR CAJUEIRO DO NORDESTE, grande atração turística.
O grande colecionador das coisas do Juazeiro, Renato Casimiro, sabe quem me contou a história desta derrubada, e de como  o narrador descobriu, pelo pranto dos romeiros recolhendo lascas  e folhas do “pé de pau sagrado de meu Padrinho”, o que acabava de ser feito contra a memória do Padre Cícero, único bem que resta a seus seguidores.  O imaginário dos romeiros não se confunde com as concepções de mundo de quem gosta de aparecer, de ser chamado especialista  nas coisas do Juazeiro, ou desfrutar de cargos, de qualquer natureza.
Quem fotografou a casa do Professor Semeão  Macedo onde o Padre Cícero teve o sonho onde Cristo determina sua mudança  para Juazeiro, e permanência  protetora dos miseráveis sertanejos, antes que a PREFEITURA destruísse o maior marco da construção da hoje cidade do Juá? Que movimento foi feito para impedir a destruição da rua onde havia UMA ESCOLA e por onde o Patriarca andou os primeiros passos da hoje tão imensa  localidade, para dar lugar a um estacionamento?
Já não digo impedir a Derrubada, porque na DEMOCRACIA quem É ELEITO tem mais poder que Luiz XIV mas, por que não fotografaram a casa da Beata Bichinha e o INOMINÁVEL ALTAR ONDE O PADRE CÌCERO, DE !910 a 1934 manteve os “PANINHOS” vindos da casa de José Marrocos, ajoelhando-se em sua frente em adoração?
Onde estão os marcos para TURISTA VER, das moradias de Alencar Peixoto, Floro Bartholomeu da Costa, Beata Maria de Araujo, os fundadores do primitivo povoado?
Quem  violou e destruiu o SANTO SEPULCRO, mundo mágico-milagroso dos beatos do Juazeiro e do sertão das romarias?
Quem se opôs ao projeto nefando de REVITALIZAÇÃO DO HORTO, que promoveu desmatamento tão criminoso que até a “estátua quase do tamanho do Corcovado”, oscilou?
Enfim, por que tem de estar aí o italiano Padre Ventureli  desenvolvendo um reflorestamento da serra do Horto, pedido que faço a todos os prefeitos nestes quarenta anos de romaria ao Juazeiro?
 Houve autoridade do Juazeiro que  quase  desertificou a cidade, “arborizando-a com EUCALIPTO!!!
SEM COMENTÁRIO Crítico dos Intelectuais do Juazeiro, quanto mais uma passeata para manifestar uma vontade altiva de defender A TERRA DO PADRE CÌCERO!!
Océlio, paz e bem, e vamos pedir ao Padre Cícero que perdoe todos os nossos erros deliberados ou impensados e nos inspire a fazer coisas sempre dignas das concepções do mundo beato.
Antonio Conselheiro deixou esculpido na fachada da Igreja de Crisópolis: GRANDE SÓ DEUS.
Por que tanta loucura para ser chamado GRANDE isto, Grande aquilo... ?
No Juazeiro, SÓ É GRANDE A CRENÇA NA ENTREGA DO PADRE CÌCERO aos – DESAVENTURADOS,  termo usado por Antonio  CONSELHEIRO ( Discípulo do  Padre Mestre Ibiapina)
Abraço, Luitgarde

NOTA DO EDITOR: Luite, o saudoso Raimundo Gomes de Figueiredo tinha em seu arquivo fotos históricas de Juazeiro Antigo e dentre elas existe uma do famoso pé de tambor do Horto. Este arquivo hoje é propriedade de Renato Casimiro e Daniel Walker. Quanto às denúncias de que os intelectuais não combatem a destruição do patrimônio histórico de Juazeiro, isso é verdade com os intelectuais de ontem, pois os de hoje estão sempre atentos e têm se rebelado através de textos publicados na imprensa. O Portal de Juazeiro desde o tempo em que era Juaonline tem registrado em suas páginas os protestos contra a destruição do patrimônio histórico desta terra abençoada pelo Padre Cícero, destruição esta que é feita pela própria igreja do Padre Cícero, políticos, empresários e os falsos juazeirenses que aqui existem em quantidade exorbitante. O problema é que, hoje, esta cidade não é mais dos juazeirenses autênticos. São poucos os juazeirenses natos e naturalizados que conhecem a história de Juazeiro e lutam pelo seu resgate e preservação. Por isso,  é que a cidade está perdendo a sua identidade de cidade romeira, de passado glorioso, de terra fundada pelo Padre Cícero. O trator da modernidade é potente e passa por cima de tudo, derrubando monumentos, prédios, enterrando pessoas históricas. Logo logo Juazeiro perderá o encanto e será uma grande cidade comum. A gente protesta contra a destruição do patrimônio histórico de Juazeiro e com isso muitos padres, políticos e seus bajuladores já nos olham com ar de reprovação. 
E para provar que estamos atentos às transformações de Juazeiro, abaixo está mais uma de nossas denúncias:

MUDANÇA NO CRUZEIRO DO SOCORRO
O cruzeiro da Capela do Socorro (foto em p&b) era assim no tempo do Padre Cícero e agora está assim, como mostra a foto colorida.  Mais uma obra centenária que desaparece. Parece que as coisas antigas de Juazeiro envergonham as novas gerações. 


3 comentários:

Paulo Leonardo Celestino disse...

Infelizmente as verdadeiras marcas de identidade estão sendo destruídas para dar lugar a grandes monumentos. Os lugares simples são exterminados e passam em branco para as novas gerações. Eu mesmo não sabia desta árvore sagrada no Horto. Lamentável!

Daniel Walker disse...

Comentário de Euridesdantasdesousa Dantas de Sousa:
Excelente manifesto de apreço ao Juazeiro do Norte, centenário. No entanto, este juazeirense autóctone - embora filho de pernambucano com paraibana romeiros, ou adventícios - acha-se no dever de me congratular com todos os que lutam para a conscientização histórica deste município - centro do Nordeste brasileiro. Patrimônio da humanidade e, mais além, PATRIMÔNIO da "Jerusalém" caririense. Como dissera, na missa do Centenário, na - nossa BASÍLICA (reafirmemos esse nome na memória histórica do "Joaseiro") Santuário de Nossa Senhora das Dores, o intelectual teólogo e amado pastor da nossa Diocese, Dom Fernando Panico: JUAZEIRO DO NORTE É A TERRA DE JESUS CRISTO (na histórica homília do Centenário). Que PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE!!! QUE PATRIMÔNIO DA IGREJA CATÓLICA (universal) APOSTÓLICA ROMANA - Igreja de Milênios e ETERNA, santa e pecadora, porém guiada pelo ESPÍRITO SANTO. Por isso, meu querido JUAZEIRO DO NORTE, o sumo da "vossa" memória histórico-material - ainda há e haverá - mesmo com toda a avalanche finanaceira, mercadológica ou tecnológica - defensores dessa sua memória que, sem dúvida, permanecerá. Quanto mais há os que jamais deixarão de conservar a memória testamentária de espiritualidade, de religiosidade simples e pura: os AFILHADOS e os ROMEIROS (turistas também) do padre CÍCERO ROMÃO BATISTA.

Daniel Walker disse...

sem dúvida, permanecerá. Quanto mais há os que jamais deixarão de conservar a memória testamentária de espiritualidade, de religiosidade simples e pura: os AFILHADOS e os ROMEIROS (turistas também) do padre CÍCERO ROMÃO BAT

Iderval Tenorio: Amigos do meu Juazeiro do Norte, gosto de sentir esta preocupação pela Meca do Cariri, em artigo anterior falei da importância cultural,histórica ,antropológica e fóssil da nossa querida Chapada do Araripe , tendo como epicentro a cidade fundada pelo Padre Cícero,que além de grande estudioso dos fenômenos futuristas, era um homem do bem. Nascido na milagrosa cidade do Crato , escolheu no tabuleiro grande o seu epicentro, a sua vila,o seu povoado,que mais tarde seria a cidade de Juazeiro do Norte.
A Chapada do Araripe é uma terra abençoada, como abençoada toda a Região do Cariri, foi nesta Chapada que nasceram- O Padre Cícero Romão Batista , o Patativa do Assaré e o Luiz Lua Gonzaga, os três homens do século , os três homens mais importantes do Nordeste ou até mesmo do Brasil ,cada um no seu segmento ,não esquecendo que o Padre Cícero além de tudo isto, está em processo de beatificação e depois de canonização,é uma Serra abençoada. Tem mais, foi nas terras desta chapada que peregrinou os outros futuros Santos, o Padre Ibiapina e o Frei Damião de Bozano.
Quando deparo com debates como este , lamento a pouca responsabilidade dos nossos gestores que ,para deixarem as suas marcas na cidade ,apagam da sua memória as obras comemorativas, foi assim com a marca do cinqüentenário, com as pequenas obras que marcaram um passado mais distante, os casarios, os pontos religiosos em diversos pontos da cidade e principalmente na colina do horto tão badalados pela Luitegard.
Deve sim os gestores preservarem todo este patrimônio histórico sem destruir o patrimônio existente,devem preservar as suas marcas,os passos de uma cidade importante,a história de toda uma região. Os Romeiros e Romeiras clamam pela manutenção das coisas do Padre Cícero que também são nossas,o que os Romeiros não pedem é a destruição do que existe de mais sagrado que é a vida do nosso patriarca e padrinho de todos que habitam esta terra.
Que venham os bondinhos,água de qualidade,comida saudável,acomodações dignas,letreiros e mais letreiros de todos os tamanhos desde quando não sepultem o patrimônio histórico da cidade e da região, não é só o Juazeiro, todo o Cariri é abençoado ,todo o Cariri sente a presença do maior ícone do Nordeste.
Faço todas as perguntas da grande Luitegard, onde andam os feitores que deram cabo a todo este patrimônio, onde andam os gestores que apagaram a memória da cidade para a construção de obras que poderiam ser construídas ao lado ou aos seus arredores. Juazeiro fez cinqüenta anos e foi homenageada com um logradouro,com uma praça na qual toda uma geração viveu,saboreou e sedimentou dentro do cérebro a sua infância e juventude, este marco foi arrancado materialmente por gestores sem compromisso co a história do Município, mas continua vivo na mente de cada um dos Juazeirenses.

A Cidade cresceu e tem que oferecer melhoras em todos os seus equipamentos turísticos e religiosos, sem esquecer de oferecer aos Romeiros e Romeiras o direito de exercer os seus sentimentos e externarem a sua fé.
Torço por uma Juazeiro grande,bonita,limpa,educada,cordial,turística ,religiosa e hospitaleira,torço por uma Juazeiro mais solidária e apontada para o exercício da cidadania.

Iderval Reginaldo Tenório