Juazeiro do Norte vive mais uma
grandiosa Romaria de Finados. Os seus sinais estão por todos os lados. Romeiros
chegam de ônibus, de caminhões pau-d’arara e até de bicicletas! Um ruge-ruge de
chapéus de palha caminha pelas ruas centrais da cidade, camelôs nativos e de
outras regiões ocupam as calçadas e as praças com suas barracas formando vários
corredores labirínticos. O trânsito vai ficando cada vez mais caótico. O calor,
insuportável.
Resumindo, trata-se de uma
autêntica romaria juazeirense. Apesar da desorganização causada pelo aumento
abrupto da população, a grande marca deste período de visitação religiosa é a
sua espontaneidade.
O romeiro não se importa com o
transporte desconfortável, com os ranchos precários ou com o Sol causticante.
Claro que muitos reclamam dos gargalos da infraestrutura, mas nossos defeitos
não são determinantes, senão as romarias não cresceriam todos os anos. O que
importa para o romeiro é visitar a terra do seu padrinho.
Contudo, a bagunça tem o seu limiar de
tolerância. E exatamente pela crescente grandiosidade das romarias, medidas
para tentar organizá-las são necessárias. Questões como violência urbana e
exploração econômica estão em pauta. Assaltantes se aproveitam do emaranhado de
barracas para praticar seus furtos. Neste mesmo emaranhado pode haver ligações
clandestinas de energia, e um pequeno curto-circuito levaria a uma tragédia.
Ranchos cobram preços exorbitantes oferecendo um serviço inadequado a um público
já carente.
Neste sentido, de melhorar as
condições de recepção da cidade, governo do estado e prefeitura trabalham em conjunto. Várias
obras e ações foram realizadas, mas ainda há muito o que fazer.
E é justamente nestas ações de
organização das romarias onde reside mais um desafio para Juazeiro do Norte.
Será que uma romaria organizada em excesso perderia a sua espontaneidade?
Afetaria o seu lado místico tão consagrado pelos nordestinos em várias décadas?
Creio que um meio-termo é possível, basta buscarmos exemplos como a preservação
das raízes africanas em Salvador, ou a tradição do frevo em Olinda. Estas
cidades souberam adequar sua cultura nesses novos tempos de turismo
profissional.
Autenticidade com organização,
meta a ser seguida pela Capital da Nação Romeira!
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