terça-feira, 11 de setembro de 2012

FALECEU NOÊMIA DE FIGUEIREDO TENÓRIO


Faleceu no dia 9 próximo passado, em Fortaleza, onde residia, aos 99 anos de idade, Dona Noêmia de Figueiredo Tenório. Noêmia Andrade de Figueiredo, este era o seu nome de solteira, nasceu em Juazeiro do Norte, no dia 13 de março de 1913, filha de Antonia Andrade de Figueiredo e Higino Bento de Figueiredo. Toda a sua juventude foi vivida em sua terra natal, aí tendo sido educada, freqüentando a escola particular do prof. Edmundo Milfont. Sempre foi uma pessoa de feliz convivência social e notoriedade, tendo sido escolhida, no início dos anos 30, a Rainha do Comércio de Juazeiro do Norte. Casou com João Tenório de Assis, filho do Coronel Chita Fina, amigo do Pe. Cícero, então Contador e Distribuidor do Fórum de Juazeiro do Norte, na época sob o juizado de Dr. Plácido Aderaldo Castelo, em 27 de setembro de 1934, e a partir daí adotou o nome de Noêmia de Figueiredo Tenório. Noêmia e João Tenório formavam um casal de muito destaque na sociedade juazeirense. Fundaram o Clube Democrático, que funcionava na Rua São João, 149. Também participaram da reorganização do clube dirigente do esporte juazeirense, através da Liga Desportiva Juazeirense (LDJ), em 1941. Desta união a família de Noêmia e João Tenório teve onze filhos: Lucila, Lucíolo Cadmo, Selma, Waterlo, Stoesel, Eneida Maria, Antonia Wolnya, Cícero, Kátia, João Tenório Júnior e Noêmia. A família, em nossos dias conta duas outras gerações, entre cerca de dezoito netos e oito bisnetos. Em 1943 a família se transferiu para Fortaleza, passando a residir na Rua Major Facundo. A partir daí seus filhos foram educados nos bons colégios da capital, indo as moças para o Colégio da Imaculada Conceição e os rapazes para o Colégio Cearense.  Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro do Norte - AFAJ teve a oportunidade de homenagear dona Noêmia  durante a celebração da festa de nossa Padroeira, rezando por sua felicidade e de sua família, ocasião em que  AFAJ renovou seu afeto tributando-lhe uma modesta homenagem. Na ocasião, dona Noêmia recebeu do casal Graça e Odival Limeira Lima uma imagem de Nossa Senhora das Dores, como homenagem de todos os que fazem a instituição. 

No dia 14 de março de 2003 Dona Noêmia comemorou em sua terra natal seus 90 anos de idade, oportunidade em que foi celebrada missa na Matriz de Nossa Senhora das Dores, oficiada pelo Pe. Murilo de Sá Barreto, seu amigo. Na oportunidade o editor do Portal de Juazeiro convidado para fazer a saudação oficial à aniversariante pronunciou o seguinte discurso:.

90 ANOS DE DONA NOÊMIA

Daniel Walker

Segundo o escritor suíço Henri Frédéric Amiel (1821-1881): “Saber envelhecer é obra-prima da sabedoria e uma das partes mais difíceis da grande arte de viver”.
A mulher respeitável, aniversariante do dia 13 deste mêsDona Noêmia   Tenório Figueiredo de Assis – soube fazer isso muito bem e pode ser considerada como expert na arte de viver, razão por que chegou aos 90 anos de gloriosa existência.
Figura muito conhecida na sociedade juazeirense, onde brilhou por várias décadas, a querida aniversariante ainda é dotada de lucidez suficiente para discorrer sobre fatos históricos ocorridos em Juazeiro do Norte, alguns dos quais foi testemunha presencial.
Ela é viúva de João Tenório de Assis ou “João Chita Fina’, como era mais conhecido, pessoa muito ligada à vida social juazeirense do passado, afilhado de Padre Cícero e filho do rico comerciante Cel. Chita Fina.
Em meados de 2002, estando em visita a seus familiares que aqui residem, Dona Noêmia nos concedeu importante entrevista e ao término da mesma ficou patente que suas respostas constituem de fato páginas  históricas de Juazeiro do Norte, ameaçadas de cair no esquecimento, mas que através dela foram devidamente resgatadas.
Dona Noêmia se recorda com muita saudadeporém radiante de alegria, das inesquecíveis festas dançantes que agitaram a sociedade juazeirense nas décadas de 30 e 40. Essas festas eram um resultado positivo da iniciativa de Dr. Floro Bartolomeu da Costa, com o aval de Padre Cícero, que a partir de 1910 conseguiu ativar a vida social da cidade.
Naquelas festas, os rapazes e as moças bonitas da época (Dona Noêmia inclusive) dançavam horas a fio na mais completa harmonia, reflexo de um tempo em que imperavam o respeito e a disciplina.
Sobre as festas cívicas da época, ela fez referência  aos bonitos desfiles do Dia da Pátria, quando as escolas com seus alunos elegantemente uniformizados, desfilavam pelo centro da cidade sob os aplausos e admiração das  multidões que se formavam para ver o desfile.
De Padre Cícero, de quem é admiradora e devota, guarda boas recordações, todavia jamais conseguiu tirar da lembrança o dia da morte dele, em 1934, segundo ela, o dia mais triste da cidade de Juazeiro do Norte.
Contou-nos que seu marido era freqüentador assíduo da casa do Patriarca, e a ele Padre Cícero deu a incumbência de ler toda noite as notícias dos jornais. Ela informou, com um sorriso maroto, que muitas vezes João Chita Fina cambaleando de tanto sono, tentava pular alguns trechos das notícias para terminar logo a leitura, mas era prontamente corrigido pelo Padre Cícero, que fazia questão de ouvir as notícias em toda a sua plenitude.        
Muita coisa do que Dona Noêmia nos contou está guardada em nosso banco de dados sobre Juazeiro e deverá oportunamente sair a lume sob a forma de artigos ou mesmo num livro que pretendemos publicar.
Felizmente Juazeiro é uma cidade até certo ponto privilegiada por poder contar com figuras como a estimada aniversariante do dia 14. Elas conseguiram a proeza de envelhecer mantendo a lucidez  e como cultivaram a sabedoria, na velhice podem funcionar como fontes orais da história da cidade. Aos pesquisadores e historiadores cabe a função de ouvir e registrar o que elas de importante têm para contar. Se o fizerem, os  fatos por elas contados não serão esquecidos  e passarão a fazer parte dos anais da história com lugar garantido na posteridade.
Como fonte oral, Dona Noêmia é da mesma cepa da qual fazem parte Assunção Gonçalves, Generosa Alencar, Neli Sobreira, Alacoque Bezerra, Terezinha Barbosa, Amália Xavier de Oliveira, Junília Morais, Mundinha Paiva, Luzieta Melo, além de outras, todas merecedoras da nossa maior admiração.
   Ao festejar seus 90 anos, bem vividos, Dona Noêmia pode sem nenhum favorser reconhecida como  um verbete de referência na história de Juazeiro; e como fonte de informação sobre a vida social da cidade, é uma verdadeira enciclopédia.
Foto clicada quando Dona Noêmia esteve em Juazeiro pela última vez, tendo a sua direita Daniel Walker e à esquerda, Raimundo Araújo.
  MENSAGENS RECEBIDAS:

Caríssimo, os seus textos ricos de criatividade, que só os diferentes são dotados, preocupados em manter viva a história do Juazeiro do Padre Cícero e do seu povo, trás a nós nesse momento, família de Noêmia Figueiredo de Assis, emoção, saudade e gratidão, conjunto de sentimentos que não somos capazes de expressa-lo com a poesia e as palavras que só os diferentes têm o dom.
 Walker, temos a certeza que entendes o que tentamos destacar da importância que a sua atenção e publicação sobre a nossa rainha, 100% de fé no Padre Cícero, nos tocou!
Grato ficamos
Waterloo e Familia Assis

Gesto de atenção, carinho e delicadeza fazem-nos perceber quanto algumas pessoas são especiais. obrigado Daniel pela homenagem a nossa querida e inesquecível tia Noêmia.
Fatima Maia 

Com pesar vimos no portal a noticia do falecimento de D Noemia Figueiredo Tenório ocorrido no dia 09 último.Foi contemporânea de minha mãe Neide Pereira ,84 anos ,que a conhecia e cujo filho médico deu assistência a minha irmã Rosângela quando de viagem a SP para buscar tratamento para a doença que a acometia ( câncer ) mas que faleceu em Fortaleza em março/1989.Minha mãe Neide há mais de 10 anos padece do mal de alzhmeir complicado em 29/06/2012 por conta de uma pneumonia onde teve que ser hospitalizada ficando mais de 40 dias entre a vida e a morte ,mas que graças a Deus ,aos cuidados de Dr João Macedo e o carinho e orações dos seus familiares conseguiu superar e já está no seu apartamento bastante fragilizada, muito sofrida e abatida ,mais acompanhada do carinho dos filhos ,netos,bisnetos,familiares e amigos .Mamãe grande mulher juazeirense sempre participava da AFAJ junto com meu pai já falecido, mas quando a doença se apoderou dela a mesma foi deixando de frequentar os eventos , pois a progressão foi ,muito rápida. Pedimos aos juazeirenses orações por ela e que Deus tenha misericórdia dela .No dia 15 de agosto estaremos na missa de Nossa Senhora das Dores qua a AFAJ promove anualmente .
Um abraço cordial de 
Regina Helena Nobre de Rezende






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