Faleceu no dia 9 próximo passado, em Fortaleza, onde residia, aos 99 anos de idade, Dona Noêmia de Figueiredo Tenório. Noêmia Andrade de Figueiredo, este era o seu nome de solteira, nasceu em Juazeiro do Norte, no dia 13 de março de 1913, filha de Antonia Andrade de Figueiredo e Higino Bento de Figueiredo. Toda a sua juventude foi vivida em sua terra natal, aí tendo sido educada, freqüentando a escola particular do prof. Edmundo Milfont. Sempre foi uma pessoa de feliz convivência social e notoriedade, tendo sido escolhida, no início dos anos 30, a Rainha do Comércio de Juazeiro do Norte. Casou com João Tenório de Assis, filho do Coronel Chita Fina, amigo do Pe. Cícero, então Contador e Distribuidor do Fórum de Juazeiro do Norte, na época sob o juizado de Dr. Plácido Aderaldo Castelo, em 27 de setembro de 1934, e a partir daí adotou o nome de Noêmia de Figueiredo Tenório. Noêmia e João Tenório formavam um casal de muito destaque na sociedade juazeirense. Fundaram o Clube Democrático, que funcionava na Rua São João, 149. Também participaram da reorganização do clube dirigente do esporte juazeirense, através da Liga Desportiva Juazeirense (LDJ), em 1941. Desta união a família de Noêmia e João Tenório teve onze filhos: Lucila, Lucíolo Cadmo, Selma, Waterlo, Stoesel, Eneida Maria, Antonia Wolnya, Cícero, Kátia, João Tenório Júnior e Noêmia. A família, em nossos dias conta duas outras gerações, entre cerca de dezoito netos e oito bisnetos. Em 1943 a família se transferiu para Fortaleza, passando a residir na Rua Major Facundo. A partir daí seus filhos foram educados nos bons colégios da capital, indo as moças para o Colégio da Imaculada Conceição e os rapazes para o Colégio Cearense. Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro do Norte - AFAJ teve a oportunidade de homenagear dona Noêmia durante a celebração da festa de nossa Padroeira, rezando por sua felicidade e de sua família, ocasião em que AFAJ renovou seu afeto tributando-lhe uma modesta homenagem. Na ocasião, dona Noêmia recebeu do casal Graça e Odival Limeira Lima uma imagem de Nossa Senhora das Dores, como homenagem de todos os que fazem a instituição.
No dia 14 de março de 2003 Dona Noêmia comemorou em sua terra natal seus 90 anos de idade, oportunidade em que foi celebrada missa na Matriz de Nossa Senhora das Dores, oficiada pelo Pe. Murilo de Sá Barreto, seu amigo. Na oportunidade o editor do Portal de Juazeiro convidado para fazer a saudação oficial à aniversariante pronunciou o seguinte discurso:.
90 ANOS DE DONA
NOÊMIA
Daniel Walker
Segundo o escritor
suíço Henri Frédéric Amiel (1821-1881): “Saber envelhecer é obra-prima
da sabedoria e uma das partes mais
difíceis da grande arte
de viver”.
A mulher respeitável,
aniversariante do dia
13 deste mês – Dona
Noêmia Tenório Figueiredo de Assis –
soube fazer isso
muito bem e
pode ser considerada como
expert na arte
de viver, razão
por que
chegou aos 90 anos de gloriosa existência.
Figura muito conhecida na sociedade
juazeirense, onde brilhou por várias décadas,
a querida aniversariante
ainda é dotada de lucidez
suficiente para
discorrer sobre
fatos históricos
ocorridos em Juazeiro
do Norte, alguns
dos quais foi testemunha
presencial.
Ela é viúva de
João Tenório de Assis ou “João Chita Fina’, como era mais conhecido,
pessoa muito ligada à vida social juazeirense do passado,
afilhado de Padre
Cícero e filho
do rico comerciante Cel. Chita Fina.
Em meados de
2002, estando em visita
a seus familiares
que aqui
residem, Dona Noêmia nos concedeu importante
entrevista e ao término
da mesma ficou patente
que suas
respostas constituem de fato páginas históricas de Juazeiro
do Norte, ameaçadas de cair
no esquecimento, mas
que através
dela foram devidamente resgatadas.
Dona Noêmia se recorda com
muita saudade, porém radiante de alegria,
das inesquecíveis festas
dançantes que agitaram a sociedade
juazeirense nas décadas de 30 e 40.
Essas festas eram já
um resultado
positivo da iniciativa
de Dr. Floro Bartolomeu da Costa, com o aval de Padre Cícero, que a partir de 1910 conseguiu
ativar a vida
social da cidade.
Naquelas festas, os rapazes
e as moças bonitas da época (Dona
Noêmia inclusive) dançavam horas
a fio na mais
completa harmonia,
reflexo de um
tempo em
que imperavam o respeito
e a disciplina.
Sobre as festas
cívicas da época, ela
fez referência aos bonitos
desfiles do Dia
da Pátria, quando
as escolas com
seus alunos
elegantemente uniformizados, desfilavam pelo centro da cidade sob os aplausos e admiração
das multidões
que se formavam para
ver o desfile.
De Padre Cícero,
de quem é admiradora e devota, guarda
boas recordações, todavia jamais conseguiu tirar da
lembrança o dia
da morte dele, em
1934, segundo ela,
o dia mais
triste da cidade
de Juazeiro do Norte.
Contou-nos que seu marido era freqüentador assíduo
da casa do Patriarca,
e a ele Padre
Cícero deu a incumbência
de ler toda noite as notícias
dos jornais. Ela
informou, com um
sorriso maroto,
que muitas vezes
João Chita Fina
já cambaleando de tanto
sono, tentava pular
alguns trechos
das notícias para
terminar logo
a leitura, mas
era prontamente
corrigido pelo Padre
Cícero, que
fazia questão de ouvir as
notícias em
toda a sua
plenitude.
Muita coisa do que Dona Noêmia
nos contou está guardada em nosso banco de dados sobre Juazeiro
e deverá oportunamente sair
a lume sob
a forma de artigos
ou mesmo
num livro que
pretendemos publicar.
Felizmente Juazeiro
é uma cidade até
certo ponto
privilegiada por poder
contar com figuras como a
estimada aniversariante do dia 14. Elas
conseguiram a proeza de envelhecer
mantendo a lucidez e como
cultivaram a sabedoria, na velhice podem
funcionar como
fontes orais
da história da cidade.
Aos pesquisadores e historiadores cabe a
função de ouvir
e registrar o que
elas de importante
têm para contar. Se o fizerem,
os fatos
por elas
contados não serão
esquecidos e passarão a fazer
parte dos anais
da história com
lugar garantido na posteridade.
Como fonte oral,
Dona Noêmia é da mesma
cepa da qual
fazem parte Assunção
Gonçalves, Generosa Alencar, Neli
Sobreira, Alacoque Bezerra, Terezinha
Barbosa, Amália Xavier de Oliveira,
Junília Morais, Mundinha Paiva, Luzieta
Melo, além de outras, todas merecedoras
da nossa maior
admiração.
Ao festejar seus
90 anos, bem vividos, Dona
Noêmia pode sem nenhum
favor, ser reconhecida como um verbete de referência
na história de Juazeiro;
e como fonte
de informação sobre
a vida social
da cidade, é uma verdadeira enciclopédia.
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Foto clicada quando Dona Noêmia esteve em Juazeiro pela última vez, tendo a sua direita Daniel Walker e à esquerda, Raimundo Araújo. |
MENSAGENS RECEBIDAS:
Caríssimo, os seus textos ricos de
criatividade, que só os diferentes são dotados, preocupados em manter viva a
história do Juazeiro do Padre Cícero e do seu povo, trás a nós nesse momento,
família de Noêmia Figueiredo de Assis, emoção, saudade e gratidão, conjunto de sentimentos
que não somos capazes de expressa-lo com a poesia e as palavras que só os
diferentes têm o dom.
Walker, temos a certeza que
entendes o que tentamos destacar da importância que a sua atenção e publicação
sobre a nossa rainha, 100% de fé no Padre Cícero, nos tocou!
Grato ficamos
Waterloo e Familia Assis
Gesto de atenção,
carinho e delicadeza fazem-nos perceber quanto algumas pessoas são especiais.
obrigado Daniel pela homenagem a nossa querida e inesquecível tia Noêmia.
Fatima Maia
Com pesar vimos no portal a noticia do falecimento de D Noemia Figueiredo Tenório ocorrido no dia 09 último.Foi contemporânea de minha mãe Neide Pereira ,84 anos ,que a conhecia e cujo filho médico deu assistência a minha irmã Rosângela quando de viagem a SP para buscar tratamento para a doença que a acometia ( câncer ) mas que faleceu em Fortaleza em março/1989.Minha mãe Neide há mais de 10 anos padece do mal de alzhmeir complicado em 29/06/2012 por conta de uma pneumonia onde teve que ser hospitalizada ficando mais de 40 dias entre a vida e a morte ,mas que graças a Deus ,aos cuidados de Dr João Macedo e o carinho e orações dos seus familiares conseguiu superar e já está no seu apartamento bastante fragilizada, muito sofrida e abatida ,mais acompanhada do carinho dos filhos ,netos,bisnetos,familiares e amigos .Mamãe grande mulher juazeirense sempre participava da AFAJ junto com meu pai já falecido, mas quando a doença se apoderou dela a mesma foi deixando de frequentar os eventos , pois a progressão foi ,muito rápida. Pedimos aos juazeirenses orações por ela e que Deus tenha misericórdia dela .No dia 15 de agosto estaremos na missa de Nossa Senhora das Dores qua a AFAJ promove anualmente .
Um abraço cordial de
Regina Helena Nobre de Rezende