sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A MEMÓRIA DE SEU POVO (II)

Recebi do leitor atento, José Desidério Ferreira, o seguinte e-mail: “Como conterrâneo seu, estou sempre acompanhando "pari passu" tudo que ocorre em nossa querida Juazeiro. Fico feliz, com seus comentários não tendenciosos, quando se tratam da política local, e do gerenciamento da "coisa pública" por parte das autoridades constituídas. Bem, mas o comentário que eu estou a fazer, é sobre aqueles tipos exóticos, (eu não os considerava doidos varridos) e sim, alienados mentalmente, desprotegidos de todos e de tudo. Em " A Memória de seu Povo", o sr. diz que pode até se esquecer de alguns personagens, que de qualquer forma fizeram  "historia" de nossa urbe. Sim e muitos deles, eram pessoas (apesar de suas desditas na vida) alegres e inofensivas. Lembra-se de João do Avião ou mais conhecido de "João Remexe Bucho"? Pediu-me ele uma revista que tivesse fotos de avião. Pois bem. Cumprindo eu o prometido, dei a ele uma revista, porém não tinha o que João Remexe Buxo queria, ou seja as fotos de avião. Ora, enquanto viveu, não podia me ver, se dirigia a mim c/a voz muito baixo e suplicante dizia:"CADÊ A MINHA REVISTA DOS AVIÕES QUE O SR. SEU JOSÉ, ME PROMETEU?" Perambulava pelas praças e ruas, açambarcando pesado fardo de papelões, jornais e revistas das quais fazia miniaturas de pequenos aviões. Era inofensivo. Para não ser prolixo, quem de nós, das décadas de 50, 60 e até 70, não se lembra de "Cutia", cuja mania era passar horas a fio penteando os cabelos.? E  "Macaúba"? E o beato  da Cruz, um velho penitente, do nosso tempo de menino? Gostei prof. da sua frase:"Desconfie de quem não tem SAUDADE, POR ACHAR QUE JÁ FEZ DE TUDO..." Receba meu abraço amigo.”
Por isso mesmo, me apresso em dar continuidade a este tema, o que me leva a mostrar-lhes mais alguns flagrantes de suas ruas. E retomo exatamente com João Remexe Bucho. Só por curiosidade, e a propósito desta figura impar, relembro algumas particularidades de seu comportamento. 1. Era pacato, mas quando provocado reagia indignado; 2. Tinha esta paixão enorme por avião, e tudo que arranjava, dentre papeis, papelões e pedaços de madeira, era para construir um; 3. Perambulava pela cidade sempre bem carregado com esta tralha; 4. Quando lhe davam alimento ou algum dinheiro, sempre dizia que era “para mãe” (nunca se soube ao certo quem era, mas tinha esta grande lembrança filial). As fotos que estamos usando foram do arquivo que adquirimos, de um bom fotografo e observador de nossas cenas urbanas: Raymundo Gomes de Figueiredo. Infelizmente, não temos fotos de todos estes personagens de tantas lembranças. No momento é possível divulgar uma lista (incompleta) dessas figuras populares inofensivas que fizeram e fazem parte do cenário urbano juazeirense:  Príncipe Ribamar da Beira Fresca, Doca, Papa figo, Frei Sabugo, Macacaiu, Pelônia,  Ai, ai, meu Deus, Mane gostoso, Macaúba, Três cocos, João Remexe-buxo, Pibite, Carlinho doido, Gato, Evangelsita, Tetê, Pão de milho, Tau-tau, Cangalha, Bacurim, Amaral, Baiano inglês, Canarinho, Nena, Janja, Antônio doido, Fura manga, Diplomata, Cutia, Raimundo doido, Vicença, Heleno, Pedro birro, Burra cega, Biscoito, Silêncio, Fubá, Gelé, Tota, Garapa, Guaxinim, Maria bafafá, Quitéria, Miguel,  Adélia. Quem se lembra de outros?





Um comentário:

Anônimo disse...

Amigo Desidério como foi rica a nossa infancia,como foram alegres os nossos dias.Estes homens Desidérios não eram doidos eles faziam parte do nosso Ecossistema, eram peças importantes de nossa comunidade, eles davam vida à vida,eles traziam sabedorias para todos nós. Nena,Tetê,João Remexe Bucho ,Maria Caixa de Pó,Principe Ribamar todos com letras maúsculas fizeram de cada um de nós pessoas melhores,pessoas respeitadoras e que jamais encontrarão tão presentes professores. Eu sou muito grato a estes que alguns chamam de doidos e que de doidos só os nomes,eram professores da simplicidade,da humildade e do companheirismo. Eu e muitos que coverso diz a mesma coisa- A NOSSA INFANCIA FOI UMA DAS FASES MAIS RICAS DAS NOSSAS VIDAS,acredito que parte do que somos,sem dúvida devemos a estes ÍCONES que hoje nos faz falta.José Desidério Ferreira ,você fez surgir das cinzas as boas lembranças da nossa hoje Meca do Cariri.
Iderval Reginaldo Tenório
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