sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Roseana poupou e montou o mercadinho "Padre Cícero"


É consenso para especialistas em políticas sociais que crescimento econômico combinado com transferências de renda direta é a principal arma para combater a pobreza e a miséria. Esse é o principal caminho para a população em condições de vulnerabilidade ter uma inserção produtiva e ascender socioeconomicamente até o ponto de não precisar mais de benefícios governamentais. Nesse caso, as possibilidades são variadas e o processo leva tempo.
Roseana Cipriano de Lima, de 42 anos, recebia cerca de R$ 100 mensais do Bolsa Família desde o início do programa, em 2003. Moradora de Juazeirinho, município paraibano a 250 quilômetros de João Pessoa, ela usava o benefício para complementar a aposentadoria da mãe cega e todo o dinheiro era usado para "o dia a dia, comida e os gastos da casa". Nos últimos meses, a dona de casa começou a poupar R$ 20 todo mês graças à tarifa social de água e energia elétrica, que reduziu as despesas da casa.
Não demorou muito e dona Roseana armou uma tábua e passou a vender balas na porta de casa. Alguns meses e um empréstimo de R$ 500 com o irmão mais tarde, fizeram com que muita gente em Juazeirinho ficasse conhecendo o mercadinho "Padre Cícero". "Eu tenho muita fé no "Padinho", botei esse nome para ter proteção. E estamos indo bem, já devolvi o dinheiro do meu irmão, o cartão do Bolsa Família e dá para tirar uns R$ 600 livres por mês. À vista do que era antes, estamos ricos", brinca Roseana. Ela conta com a ajuda do marido desempregado, que cuida do comércio enquanto ela prepara o almoço, e do único filho, de 13 anos, que deixa as mercadorias organizadas.
Wagner Colaço, secretário municipal de Desenvolvimento de Juazeirinho, diz que dos 18 mil habitantes cerca de metade recebe o Bolsa Família. "São 2,3 mil famílias. Nosso esforço é fazer com que elas entendam que se conseguirem guardar alguma coisa podem ter maior independência financeira. Por isso estamos estimulando o pessoal a criar cooperativas, fazer cursos, e também estamos criando um programa de transferência de renda municipal, que é uma forma de fazer o dinheiro circular na cidade, já que não temos empresas nem fábricas."
Na periferia de Osasco, na região metropolitana de São Paulo, Ilda Domingos da Silva precisou recorrer ao Bolsa Família há alguns anos porque o marido a abandonou. Teve que trabalhar como diarista para pagar as contas da casa e sustentar os dois filhos. "[O benefício] Não era muito, mas comprava um leite, coisas que precisava, um lápis, um caderno para os meninos", recorda.
Foram tempos difíceis, que dona Ilda não gosta de lembrar. "São coisas do passado. Meu filho começou a trabalhar e ajudava em casa e meu marido, que trabalha de motorista, voltou para casa. Aí um dia quando vieram pedir para eu renovar o cartão eu decidi entregar, quem sabe não ajuda quem tem mais necessidade."
Valor Econômico. https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br

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