domingo, 30 de outubro de 2011

O pequeno número de médicos na década de 60 em Juazeiro
A residência de Dr. Antônio Conserva Feitosa, localizada na Rua São José cruzamento com a Rua Santa Luzia, era um grande bangalô, tomava uma boa parte da São José e os fundos se comunicavam com a Rua Santa Rosa. Hoje é a Policlínica de Juazeiro Certo dia, menina traquina, coloquei um caroço de feijão numa narina, veja o vexame. Meus pais ficaram muito aflitos e mandaram chamar dr. Feitosa, como era chamado, além de médico e amigo da família, era praticamente nosso vizinho, atendeu prontamente o chamado e retirou com uma pince a danadinha da semente do feijão, que fiquei logo impressionada pensando que iria germinar a planta na minha narina. Pense na infantilidade. Outro médico que me atendeu quando criança quando sofri um acidente no parque na cidade do Crato, pulando os degraus da arquibancada, caí, e levei um corte profundo no joelho. Meu pai nesta época tinha um jeep, me colocou no assento do carro, mandou que mamãe ficasse pressionando e apertando o local do corte para não sangrar, e me levou rapidamente até o Samdu, a emergência de nossa cidade que funcionava na Rua Isabel da Luz com Dr. Floro, prédio que ainda existe. O médico que me atendeu, dr. Hamilton Esmeraldo, lembro bem de sua fisionomia, rosto bem redondo, moreno claro, bigode grande e grisalho. Estava muita assustada ele brincou até comigo, dizendo: “Não tenha medo, vai ser bem rápida a sutura e é com anestesia, não vai doer”. Sempre fui muito assombrada e por isso comecei a chorar bem alto, papai e mamãe tentavam me acalmar, mas o medo era grande vendo a agulha perfurando a parte cortada e ponteanda. O certo é que levei três pontos e até hoje carrego esta marca no meu joelho. Fui também atendida por Dr. Hildegardo Belém de Figueiredo, médico cirurgião e clínico geral, o seu consultório funcionava na Rua São Francisco, vizinho à Farmácia Brasil, de propriedade de seu pai, Dr. Belém. O motivo da consulta era suspeita de crise de apendicite, mas depois dos exames feitos não foi diagnosticado o problema, menos mal, e não tive que ser cortada. Meus pais, clientes da farmácia de Dr. Belém, quando ia para a farmácia comprar algum medicamento ou cauterizar a garganta com colubiazol, sempre o encontrava bem sentado, próximo ao Caixa, e neste local funcionava o seu consultório, no modo de dizer, era aí que ele costumava consultar as pessoas e prescrevia os medicamentos. Tenho lembranças de Dr. Carlos Irlando Pereira, Dr. Ramonilson Arruda, o seu consultório funcionava na Rua Conceição, próximo à Caixa Econômica, onde antigamente funcionava o Mercadão dos Tecidos, e hoje está com uma placa para alugar. A sua especialidade era garganta. Dr. Geneflides Matos, minha mãe foi sua paciente. Dr. Mauro Sampaio prestou assistência médica ao meu pai e ao diagnosticar o caso como sendo muito sério, aconselhou que o mesmo fosse para Recife e procurasse um neurologista muito famoso, dr. Manoel Caetano, ele acertou em cheio no problema. Dr. Possidônio Bem, sempre de terno branco, andar bonachão, delicado com os pacientes, o seu local de trabalho o Posto de Tracoma, localizado na Av. Mons. Joviniano, próximo ao Grupo Escolar Padre Cícero. Também exercia a função de obstetra. Dr. Mário Malzone, clínico geral, posteriormente fundou o Hospital São Lucas, e foi seu diretor. Dr. Francisco Augusto Tavares, conhecido como Dr. Nei, sua especialidade era pediatria. Como exerceu bem a sua profissão, tinha um especial carinho pelas crianças, o seu consultório funcionava na Rua da Glória, próximo a Rua do Cruzeiro. Seus diagnósticos eram precisos, os pais confiavam piamente nas recomendações, na prescrição dos remédios e como surtiam o efeito rápido, as crianças logo se recuperavam. Dr. Mozart, médico clínico geral, muito habilidoso e responsável, muito fiel aos seus princípios e consciente na sua função. Brincalhão ao extremo, escritor e poeta eram outras facetas suas. Seu consultório localizava-se na Rua Pe. Cícero próximo à Rua São Francisco. Dr. Napoleão Tavares, médico de uma postura exemplar, que trabalhava no antigo Samdu, localizado em frente à Praça dos Ourives, bairro Franciscanos. Hoje, mesmo aposentado, continua prestando serviço, agora em Barbalha. Dr. Jucier Figueiredo, não lembro o sobrenome, seu consultório localizava-se na Rua São Francisco, em frente à Praça Pe. Cícero, local que hoje funciona um restaurante. E Dr. Antônio Teles, médico pediatra, ainda vivo e cheio de saúde, uma pessoa de cultura bastante elevada. Os médicos até agora citados são os que me recordo quando ainda era garota. Depois passei a conhecer outros médicos que recém-formados vieram residir em nossa cidade, como Odílio Camilo, Newton Gomes, Ailton Gomes, João Tavares, Eduardo Lopes, Gilson Sampaio, Luis Soares, Hugo Santana, alguns deles filhos da terra. Naquele tempo, décadas de 60/70, diferentemente do que hoje se ver, em Juazeiro não havia muitos médicos da mesma especialidade. E em certas situações muitas vezes era preciso recorrer à vizinha cidade de Crato. Quem poderia imaginar, naquela época, que Juazeiro se tornaria depois no grande centro médico que é hoje, inclusive com uma faculdade de medicina? Com muitas clínicas especializadas, hospital de referência e modernos centros de diagnósticos por imagens atraindo clientes de todo o Cariri e estados vizinhos. Sem dúvida, no setor médico nossa cidade cresceu de forma impressionante. Médica naquela época nós não tínhamos por aqui, pois era praticamente tabu mulher escolher a medicina como profissão. Ainda me lembro das primeiras médicas que passaram a clinicar em Juazeiro, em meados de 1970, como Dra. Edna Amorim Lacerda (ginecologista), Margarida Callou (pediatra), Liane Bringel (ginecologista e obstetra). Estas lembranças são dirigidas a todos os médicos, pela passagem do seu dia, ocorrido, dia 18, e a minha gratidão aos médicos pioneiros de nossa cidade.      
Fotografias de alguns médicos citados na matéria: Mozart, Ney, Napoleão, Mário Malzone, Feitosa, Possidônio, Ailton, Geneflides, Hidelgardo, Irlândio, Hamilton, Belém, Mauro e Odílio
Neste prédio, localizado no cruzamento da Rua Isabel da Luz com Av. Dr. Floro,  funcionou o antigo Samdu, no qual uma eficiente equipe de médicos competentes cuidou durante muito tempo da saúde dos habitantes de Juazeiro. 


COMENTÁRIO
Olá prima, tudo bem? Sei que por esses dias tenho deixado de comentar sobre seus artigos. Mas, isso não quer dizer que não tenha dado uma passadinha por todos eles, e não ter me encantado com suas narrativas referentes às brincadeiras de criança, lojas que fizeram parte do comércio em nossa infância, como das comparações dos romeiros de ontem para os que visitam Juazeiro hoje. Realmente, os tempos são outros e a modernidade tomando conta da população. O que fazer! Adorei o seu artigo das coleções de figurinhas, santos etc. Confesso que até hoje as minhas coleções de santos e postais estão guardadas. Sem falar dos artigos que tenho sobre Roberto Carlos que continuo até hoje. Continue nos trazendo de volta ao nosso passado, as nossas brincadeiras, pois é sempre muito bom recordar.
Um beijo,
Marleide Guimarães, Fortaleza, Ceará

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