Brincadeiras do meu tempo de criança – II
Na próxima semana se comemora o “Dia da criança”, e achei por bem relembrar outras brincadeiras que costumávamos brincar, meus irmãos, os primos e eu. Tomar banho de chuva, que delícia! Os pingos grossos caindo e a correria de alegria. Cada um que queria ficar debaixo da bica, pois jorrava água com mais abundância, uma água tão cristalina, um cheirinho gostoso que ela trazia e o gostinho de céu. E os barquinhos de papel que preparávamos e jogávamos na rua que o volume d’água o faziam deslizar e desaparecer bem rapidinho. Não vemos mais essas brincadeiras tão sadias nos dias de hoje, com sabor de inocência. Outra brincadeira que nos divertíamos muito era os pés de lata. Eram confeccionados com duas latas de leite em pó, furava-se um buraco no fundo da lata, bem no meio e colocava-se barbante (um tipo de corda bem fininha), ou então, um cordão grosso para não quebrar. Colocava nas latas e media o tamanho ideal para a criança que iria usar. Enfiava os dois primeiros dedos dos pés no cordão segurando-o com a mão e aí, começava a se exibir andando em cima das latas. Depois de muito praticar, de cair e levantar, iniciavam-se as corridas. Quem era mais rápido nesta brincadeira chegando em primeiro lugar era o campeão. Como era bom! Haja lata de leite, pois todos queriam um. Uma brincadeira que os meninos costumavam brincar, era o triângulo, por causa das figuras geométricas que ele formava. Mas, só era possível na época do inverno, porque os terrenos ou praças que tinham areia ficavam bem molhados e o triângulo ou finca entrava com facilidade na terra. Bola de gude ou bila, outra brincadeira própria dos meninos. Todo trocado que pegavam compravam as danadas da bila, diversos tamanhos e cores. Quando iam brincar enchiam os bolsos com elas e o mais craque engolia as dos mais fracos, os que não sabiam jogar muito bem. Os patinetes que os meninos brincavam eles mesmos que fabricavam, feito de madeira com rodas de borracha ou de aço (rolamento de carro), uma tábua sustentada por duas rodas e o guidom na roda dianteira. Soltar raia ou papagaio, hoje o nome que se usa é pipa. Puxar uma lata de filtro de óleo de carro, que os meninos conseguiam numa oficina de carro que funcionava vizinha à minha casa, a oficina de seu Gilmares. Essa lata era cheia de furinhos e tinha dois buracos maiores, um em cima e outro em baixo, enfiava um cordão e ficava puxando como se fosse um carro. Outra brincadeira agradável que nos divertiam muito, era juntar carteiras de cigarro, Hollwod, Continental, Plaza, Capri, Minister, juntava aquele monte e depois, brincava trocando. Brincadeira de meninas que foi muito apreciada, era a de bonecas de papel, comprava a revista, recortava, colocava a boneca num papel grosso ou papelão, para que ficasse bem firme e aí vestia os vestidos, enfeites, sapatos, todos os acessórios. Também se fazia troca, ou então, pedia emprestado e tirava com papel de seda a boneca e a confeccionava em cartolina com todos os seus pertences. Formávamos muitas coleções. Esse mesmo passatempo minhas netas o praticam via internet. E o cineminha de caixa de sapato, colocava-se uma lâmpada, fazia um buraco e posicionava uma figura ou desenho e direcionava para a parede, juntava aquela turma de criança para assistir, e a empanada que era colocada antes para surtir um maior efeito de que estava realmente no cinema. O jogo de ping pong também fez parte da minha vida infantil. Nós tínhamos uma mesa grande, lembro até a cor, verde clara, tinha as marcações pintadas e a rede. Não fui muito feliz nessa brincadeira, era muito estabanada, não conseguia me concentrar e perdia sempre. Bambulê e patins, brincadeiras das meninas. Tentei muito me rebolar com o bambulê, passar para o braço, pescoço, perna, todo meu esforço foi em vão. Quantas meninas se habilitaram para me ensinar, mas nenhuma conseguiu êxito, não aprendi nem segurar na cintura. Imagine fazer todas as outras acrobacias. Patim, não aprendi nem com um pé, insisti muitas vezes, mas certas brincadeiras não faziam parte do meu perfil, gostava mesmo de brincar era de bonecas. A peteca, uma brincadeira muito interessante que meninas e meninos podiam participar. A peteca é feita com penas, um carretel de madeira, couro e algodão. A brincadeira consistia em jogar para o alto a peteca e o jogador que estivesse mais próximo pega e não a deixa cair, lança imediatamente para outro jogador. É muito animada. Assim vivi muitos momentos felizes em épocas de minha vida que gosto de recordar e evidenciar para que outras pessoas conheçam coisas ou brincadeiras que já existiram e que hoje não fazem parte do mundo atual.
COMENTÁRIOS
Minha amiga, Neuma:
Esta sua coluna semanal está deixando muita gente ansiosa. As lembranças fazem com que a nossa idade volte e isso é bom demais! Lembrei-me de lojas da mesma época, Armazém Feijó, Armazém Nordeste, Genésio Matos e Dona Rosinha, que por sinal, você mencionou, estes últimos vendiam material escolar, santinhos e gravuras que enfeitavam nossos trabalhos do Colégio. Parabéns por todas suas recordações. Fico envaidecida de tê-las vivenciado também.
Um beijão,
Tereza Fátima, Juazeiro do Norte
Querida Neuma,
A leitura de artigos que retratam nossa vivência em tempos vividos, nos fazem voltar a este tempo através de pensamentos. Pois bem, vendo a foto da Lanchonete Beira Fresca, lembrei dos tempos em que, sempre depois de assistir a missa das 19:00h celebrada pelo inesquecível Pe. Murilo subiamos apressadamente até a lanchonete, para disputar um dos tamboretes altos que tinha lá, para tomar sorvete, de preferência um combinado duplo; a escolha, se combinado simples ou duplo dependia da quantia de dinheiro que conseguimos economizar durante a semana. Lembro que todas às vezes que via Filó na missa, Cicinha Balbino e eu, acompanhavámos de longe os seus passos até a lanchonete e sabe porque? Porque ela sempre pagava o sorvete da gente. Lembrei também do Cine Eldorado, em que Alexandrina ficava na porta e não deixava menino entrar. Olha só a nossa inocência, quando num gesto ardiloso (na ponta dos pés) tentávamos enganá-la, nos enfiando entre adultos que nem conhecíamos e, quando chegávamos bem perto dela com intenção de entregar o ingresso, ela num gesto forte e decidido dizia: Ei, conheço vocês e sei que são menores. Voltem, daqui vocês não passam. Naquele tempo os porteiros de cinema conheciam os apreciadores de filmes. Aos domingos, Helba Camilo, Hélio Camilo, Jorge Marques, Tier, Lena, Cicinha Balbino, Iderval e Edval (meus irmãos), e vários outros amigos de infância, tínhamos o hábito de assistir a primeira sessão no Cine Eldorado e a segunda no Cine Capitólio.
Como é bom relembrar coisas boas.
Parabéns por esta coluna, você é D+s.
Beijão,
Rosângela Tenório, Juazeiro do Norte
Prezada Tereza Neuma,
João Sobreira Rocha, Goiânia, GO
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