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Apresenta |
77 anos da morte do Padre Cícero |
Fundador da cidade sede do 13° Intereclesial de CEBs - 2014 |
Centenário de Juazeiro do Norte |
Mas, segundo a tradição romeira e de todos aqueles que têm na sua fé uma admiração pelo Padre Cícero, a crença é de que ele "não morreu", mas fez uma viagem aos céus para interceder em nome do humilde povo nordestino. |
Outra tradição é a de grande parte da população de Juazeiro do Norte se vestir de preto no dia 20 de todos os meses. Muitos começam esses dias, inclusive, na Missa celebrada em homenagem à memória do fundador de Juazeiro do Norte. |
Na nossa jornada sobre o Centenário de Juazeiro do Norte, em pelo menos três postagens temos algum tipo de referência ao falecimento do Padre Cícero e ao luto pela data de sua morte: na postagem # 03temos a canção "Beata Mocinha", cantada por Luiz Gonzaga, falando sobre "a viagem feita pelo Padre Cícero", que foi "pedir proteção aos romeiros do Norte"; napostagem # 16 há um vídeo de D. Assunção Gonçalves, testemunha ocular do 20 de julho de 1934 em Juazeiro, relatando para as lentes de Daniel Walker como foi o dia da morte do Padre Cícero; e na postagem # 37 mais uma canção de Luiz Gonzaga, "Viva meu padim", que entoa os versos "olha lá no alto do Horto / ele tá vivo, o Padim não tá morto". |
Nesta postagem # 98 apresentamos três textos que fazem referência à "partida" do Padre Cícero no dia 20 de julho. Inicialmente, um relato de Lourival Marques, filho de um dos secretários do Padre Cícero, que narra o que ele presenciou no dia do falecimento do Padre. O texto está reproduzido no livro Milagre em Joaseiro, de Ralph Della Cava (Editora Paz e Terra, 1976). E, na sequência, dois poemas de Pedro Bandeira e um de Dr. Edvan Pires, publicados na antologia Juazeiro poético (organizada por Raimundo Araújo), que destacam a vida, a morte e a saudade do Padre Cícero Romão Batista. |
Morte do Padre Cícero |
Lourival Marques (1934) |
Um caudal de mais de 40 mil pessoas atropelava-se, esmagava-se na ânsia de chegar à casa do reverendo. O telégrafo transbordava de pessoas com telegramas para expedição, destinados a todas as cidades do Brasil. Para fazer ideia, é bastante dizer que só em telegramas, calcula-se ter gasto alguns contos de réis. Logo que os telegramas mais próximos chegaram ao destino, uma verdadeira romaria de dezenas de caminhões superlotados, milhares e milhares de pessoas a pé, marcharam para aqui. Joaseiro viveu e está vivendo horas que nem Londres, nem Nova Iorque viverão jamais... O povo, uma onda enorme, invadiu tudo, derrubando quem se interpôs de permeio, quebrando portas, passando por cima de tudo. Pediu-se reforço à polícia, mas o delegado recusou, alegando que o Padre era do povo e continuava a ser do povo. |
Arranjaram, no entanto, um meio de colocar o cadáver exposto na janela, a uma altura que ninguém pudesse alcançar e, durante todo o dia, várias pessoas encarregaram-se de tocar com galhos de mato, rosários, medalhas e outros objetos religiosos, no corpo, a fim de serem guardados como relíquias. Milhares de pessoas continuavam a chegar de todos os pontos, a pé, a cavalo, de automóvel, caminhão, de todas as formas possíveis. |
Quatro horas da tarde... Surge no céu o primeiro avião do exército. Depois outro. Lançam-se de ponta para baixo, em voos arriscadíssimos, passando a dois metros do telhado da casa do Padre Velho. Duram muito tempo os voos. É a homenagem sentida que os aviadores prestam ao grande vulto brasileiro que cai... Desceram depois no nosso campo, vindo pessoalmente trazer uma riquíssima coroa, em nome da aviação militar. |
A cidade é uma colmeia imensa; colmeia de 60 mil almas, aumentada por mais de 20 mil, que chegaram de fora. Nenhuma casa de comércio, de gênero algum, barbearias, cafés, bares, nada abriu. A Prefeitura decretou luto oficial por três dias. O mesmo imitaram as cidades do Crato, Barbalha e outras. Todas as sociedades e sindicatos têm o pavilhão nacional hasteado a meio-pau com uma faixa negra, em funeral. |
(20 de julho de 1934) |
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