sábado, 23 de julho de 2011

O futebol no Juazeiro dos 100 anos - Por Wilton Bezerra












Wilton Bezerra,  O Romeirão em vista aérea no dia da sua inauguração (1º de maio de 1970) e atualmente (fachada)

Nas celebrações dos 100 anos de independência da terra do Padre Cícero, nada nos custa rememorar que a marcante história   de   progresso da nossa cidade foi acompanhada pelo desenvolvimento do seu futebol. De um espaço murado pelo empresário Odílio Figueiredo, onde atualmente se situa a  Igreja dos Franciscanos, passando pelo Estádio Municipal, passando pelo estádio da Liga Desportiva Juazeirense ( LDJ), no São Miguel, e chegando ao Estádio Municipal Mauro Sampaio, "O Romeirão", no Pirajá, o esporte mais popular do mundo ultrapassou importantes barreiras no Cariri. Até firmar a cidade de Juazeiro do Norte hegemônica em sua prática na região.
Não foi tarefa fácil. No passado, exigiu idealismo e obstinação de desportistas dirigentes como Emicles Barreto, Antônio Fernandes Coimbra, Dr. Mozart Cardoso de Alencar, Dr. Luiz Bezerra de Souza, Antônio de Araújo "Patú", Pedro Leônidas, Praxedes Ferreira, José Cazé, Ednaldo Dantas Ribeiro, Feijó de Sá, Doro Germano, Silva Lima e muitos outros, igualmente importantes, até os dias de hoje como Zacarias Silva, Kleber Lavor e José Moura.
Dos antigos grandes times como Treze, América, Volante, detentores de um maior status, a pequenas equipes que existiram em grande número, sobreviveram Icasa e Guarani, como forças maiores. Hoje, as duas estão inseridas no calendário do futebol nacional nas segunda e quarta divisão, respectivamente. O Verdão, por exemplo, encantou plateias no Campeonato   Brasileiro   do ano passado. Já o Leão do Mercado, brilhou no último certame cearense ao ponto de figurar, hoje, como vice-campeão estadual.
Admirável, portanto, a forma como os dirigentes apostaram no sucesso de uma atividade amparada em bases profissionais tão precárias ao longo do tempo. Os vínculos contratuais eram representados apenas por uma ficha de inscrição na Liga local. Ainda assim, o futebol juazeirense, movido pelo espírito empreendedor insuperável de sua gente, foi adiante, com bravura, criatividade, competências e, claro, presunções.
Para se ter ideia da incipiência das coisas do setor ainda na primeira metade do século passado, basta nos remetermos a fatos interessantíssimos. Como a contratação, em meados dos anos 40, de um técnico paraguaio chamado A. Costa. Incumbência, talvez sui generis no futebol brasileiro, treinar simultaneamente, três forças locais: Treze, às terças-feiras; Guarani, às quartas e América, às quintas. Desfecho: rápida dissolução dos respectivos elencos face os elevados custos e nenhum retorno financeiro. Algo típico do amadorismo que movia o espírito competitivo dos primeiros dirigentes locais.
A crônica esportiva, por sua vez, através das emissoras Iracema e Progresso, teve papel preponderante. As vozes da rivalidade vociferavam que a superioridade juazeirense só existia pela força promocional do rádio. Um superlativo elogio, sem sombra de dúvidas, mas nada injusto em sua essência. Com o advento do "Romeirão", regime profissional se impõe para Icasa e Guarani, que se projetaram das competições locais e ingressaram no campeonato estadual. Esse novo desafio acabou por consagrar definitivamente a trajetória futebolística da "Meca do Cariri". Hoje, Icasa e Guarani fazem parte das divisões B e D do "Brasileirão" promovido pela CBF. Se olharmos para o passado heróico, foi uma vitória e tanto. Salvo os sobressaltos naturais do futebol, alviverdes e rubro-negros defendem posições possíveis, com a dignidade dos bem sucedidos. Se muitos acreditam que tudo aconteceu por milagre, aproveitemos para agradecê-lo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Daniel, Renato,
Quantas vezes eu escutava junto com meus irmãos lá em Barbalha as resenhas esportivas das rádios Progresso e Iracema e os lugares comuns do jogadores que brincávamos entre si e dizíamos só jogadores de Juazeiro:
- É o jogo é difícil, mas estamos preparados psicologicamente e fisicamente para esse grande jogo!
Foguinho, Luis Carlos, João Eudes, Wellington Oliveira e sua maior característica de gozar dos times que levaram goleada:
- Quer mais!
Sensacional e os jogadores caririenses que brilharam em Icasa e Guarani? Nena, Zenon, Jaildo, Pirajá, Luciano Araújo, Marciano, Roberto Braço de Radiola e muitos outros.
Nos 100 anos o futebol juazeirense se confunde e podemos dizer futebol caririense que brilha no contexto do futebol nacional.
José de Arimatéa dos Santos
http://arimatea101.blogspot.com