Amadeu Carvalho Brito (o Seu Deuzinho, dos afetos e dos relatos familiares) se antecipou em uns 40 dias ao foguetório da Praça da Independência, na emancipação política de Juazeiro. Ele nasceu na cidade do Crato, em 14 de junho de 1911. Amadeu era filho de Manoel Vieira de Brito (seu Britinho) e de Maria de Carvalho Brito (dona Mariinha). Indo um pouco adiante na sua genealogia, os avós de Amadeu eram, pelo lado paterno, Pedro Vieira de Brito e Izabel Vieira de Brito, sua prima. Já do lado materno, eram Manuel da Cruz Rosa Carvalho (Carvalhinho) e Maria da Glória Carvalho Brito. A mãe de Carvalhinho era Bárbara Auta de Alencar, que por sua vez, era neta da heroína Bárbara de Alencar. Ainda dos laços familiares, Amadeu teve dois irmãos, nas pessoas de Pedro de Carvalho Brito (Pedrinho) e Maria de Carvalho Brito (Dona). Aos 26 anos de idade, em 14 de janeiro de 1938, casou-se com Maria de Lourdes Jurumenha Brito. Após o seu casamento, Amadeu e Maria de Lourdes foram residir na fazenda Cabeça da Vaca, administrando a propriedade. Como se refere Ronald Brito em seu Relato Familiar , as terras da Cabeça da Vaca ficam em plena bacia do rio Carás, imprensadas entre as faldas da Serra de São Pedro e o Rio, a um quilômetro da sede da Vila Pe. Cícero, e a três quilômetros de Juazeiro do Norte, toda cortada pela estrada que demanda a Caririaçu. À esta época, a fazenda pertencia aos seus primos Antonio e José Pinheiro Esmeraldo. Neste trabalho, o da administração da fazenda, Amadeu e Maria de Lourdes ficaram até 1949, quando a família já era composta por quatro filhos, com idades de 4 a 11 anos, pois deste consórcio nasceram-lhes: José Ronald, em 13 de dezembro de 1938, graduado em Geografia pela antiga Faculdade Católica de Filosofia, Coronel reformado da Polícia Militar do Ceará; Maria Altair, em 24 de outubro de 1940, Assistente Social, graduada pela UECE, Francisco Edmilson, em 4 de novembro de 1941, bacharel em Direito pela UFC, funcionário aposentado do BNB, e Maria Socorro, em 11 de janeiro de 1945, Geógrafa, graduada pela UFC, Mestre na matéria, funcionária pública. Deixando a fazenda Cabeça da Vaca, a família foi residir no Sítio Oriente, na localidade de Pau Seco, a uma légua da sede de Juazeiro, de propriedade de sua mãe, dona Mariinha, já viúva pela morte de seu Britinho. A permanência de Amadeu e sua família no Oriente foi pequena, até 1950. Sua atenção para com os colégios dos filhos levou-os a transferir residência para a Rua São Francisco, 761 - em Juazeiro, onde Amadeu e Maria de Lourdes permaneceriam, aproximadamente, até 1975. Deixando a vida do campo, no ano de 1950, Amadeu iniciou seu trabalho como correspondente do antigo IAPC Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários. Ele, sozinho, era por assim dizer, uma autarquia. Presenciei muitas vezes como ele carregava, rua acima, rua abaixo, aquela bolsa volumosa, a papelada de cobrança e de atenções para com os segurados da então previdência do comércio. Tenho boas lembranças de sua periódica passagem em nossa loja, o Centro Elétrico, onde mais que aquele ritual de preencher guias, o importante era a prosa obrigatória dos causos, estórias divertidas que tanto nos divertia. Era um tempo em que se tinha tempo para permear a obrigação com o bem estar desta convivência fraterna que seu Amadeu inspirou sempre, com bom humor e dedicação. Anos depois o IAPC montou a sua sede em Juazeiro, que foi dirigida por Amadeu, e as cobranças passaram à rede bancária, diminuindo sua fadiga diária em percorrer todo o comércio da Rua São Pedro e ruas adjacentes. Já com a nova estrutura de INPS, Amadeu passou a administrar o Posto local do SAMDU, na praça da Estação, até sua aposentadoria, em 1975. Daí por diante, veio morar em Fortaleza, até 1989, quando faleceu no dia 8 de agosto, vitima de complicações de um quadro clínico de diverticulite. Amadeu está sepultado no Cemitério Parque da Paz. A memória de Amadeu Carvalho Brito bem que merecia a designação de um logradouro público em Juazeiro do Norte. Infelizmente, isto ainda não aconteceu. Mas, seria desejável que este privilégio nos fosse concedido através de um ato formal de nossa Câmara Municipal, para que se fizesse justiça à lembrança digna e cidadã de uma das mais dedicadas e carismáticas figuras do serviço público, por sua vida a serviço da coletividade. Seu Amadeu Brito era um homem manso e bom. Muito querido por seu vasto círculo de amizades, não só familiar, como do Cariri, principalmente, onde dedicou quase toda a sua existência. Quem lê as obras de seu filho, Cel. José Ronald Brito, pode muito bem aquilatar a elevação de seu espírito. Ali não se lê vulgaridades, mas o bom humor, este sentido maior de estar bem com a vida, a família e os amigos, em busca deste lado alegre e divertido do viver. Amadeu Carvalho Brito não foi só um exímio e fértil contador de estórias do seu tempo. Ele foi um estilo de homem que dignificou a própria razão do existir, do pensar, do sonhar e, principalmente, do servir. Uma grande saudade que ficou para todos nós.
Na última quinta feira, 09.06.2011, a família de Amadeu Carvalho Brito se reuniu com amigos e membros da Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro do Norte para a celebração de missa gratulatória pela passagem do seu centenário. O evento aconteceu na Igreja de Santa Luzia, em Fortaleza.
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