Nossas brincadeiras à noite na Rua São José
Relembro com saudade brincadeiras que nos deleitavam nas noites, quando morávamos na Rua São José, entre a Rua São João (atualmente Alencar Peixoto) e Santa Luzia. Gostávamos de brincar nas calçadas, geralmente em frente à casa de seu Cazuza Alves, porque tinha um poste mesmo em frente que clareava bem o local. Pular corda, carimbar, corrida, bicheirinha, anel, telefone e macaca ou amarelinha (como se chama hoje). Que tempo maravilhoso! A turma que participava era bem numerosa, não lembro o nome de todas, destaco Regina, Aguinailde, Guimar, Penha, Nininha, Celene, Cinita, Marleide, Lurdite, Fátima Lopes, Vera Mota e eu. Pular corda era meu forte, o passeio de dupla, uma menina vinha e encontrava com a outra na corda pulando; pular até cem ou mais vezes; ajoelhar e levantar, só o Pimentão não dava pra mim, caía logo e ficava com as pernas machucadas com as chibatadas da corda. Tinha que lavar com água de sal as pernas, mas no outro dia já estava pronta para brincar novamente. Carimbar não fui muita adepta desta brincadeira, não gostava de ser perseguida e nem de perseguir. Agora, Regina, Marleide, Aguinailde, Penha se destacavam. O objetivo era correr com uma bola de pano ou de meia e carimbar ou bater na colega. Nas corridas eu sempre ganhava, era a campeã, não tinha quem me segurasse ou me ultrapassasse. Bicheirinha, formada por uma turma de cinco a sete meninas que escolhia uma para ser a bicheirinha. A bicheirinha tinha que correr muito para segurar no braço ou bater com a toalha na companheira passando o cargo para a que ela pegou. Era um bom passatempo e também um bom exercício físico. A brincadeira do anel formava-se um círculo de aproximadamente umas dez ou mais meninas e uma delas oferecia um anel e seria a iniciante na brincadeira. Com as mãos em concha passava de mão em mão pelo grupo e parava sem avisar em qualquer uma do grupo e perguntava onde estava o anel; caso não soubesse ou respondesse errado recebia um castigo de fazer alguma coisa, como: recitar uma poesia, cantar uma música, fazer uma declaração de amor, chorar, rir etc. A brincadeira terminava quando todas já tinham participado. A do telefone consistia no seguinte, a pessoa que iniciava a brincadeira dizia uma palavra ou uma frase no ouvido da vizinha, passando de uma para a outra e quando todos tinham escutado, a última a receber a mensagem dizia o que tinha ouvido, a resposta era completamente diferente da palavra do início da brincadeira. Ah! Essa era demais, brincar de macaca, hoje o costume é chamar de amarelinha. Era assim, riscava no chão com carvão quadrados que chamávamos de casas e numerava de 1 a10 e no final riscava uma meia lua com a palavra “Céo”, grafado assim mesmo, em vez de “Céu”, a palavra escrita certa, talvez porque não soubéssemos escrever corretamente. Usava-se uma casca de banana para jogar de longe dentro da casa e se não acertasse passava para o outro que estava participando da brincadeira. Caso não errasse continuava a brincadeira, e aí começava a marcar as casas com seu nome, então ficava mais difícil para o outro que brincava porque tinha que saltar a casa, essa brincadeira se estendia por um bom tempo, às vezes precisava tirar par ou ímpar para saber quem iria participar, algumas vezes criava um clima de insatisfação porque não dava para todos participarem. O modernismo acabou com a macaca riscada, hoje encontramos nas lojas a fabricada com material de borracha como o das sandálias japonesas, só que não causa tanta empolgação e nem o mesmo entusiasmo de quando brincávamos da macaca feita por nós, aí sim, a alegria era muito maior, o prazer em riscar a macaca dava uma grande satisfação. Essas recordações fazem parte de uma época em que Juazeiro era uma cidade pacata, sem violência, que podíamos brincar na calçada sem medo de assalto e de atropelamento. O tempo passou e mudou os costumes e valores, nos deixando uma imagem maravilhosa de um tempo gostoso que vivemos.
Macaca riscada no chão com carvão como se fazia antigamente e como hoje é feita de plástico (PVC)
Quarteirão da Rua São José
O poste que iluminava nossas brincadeiras continua no mesmo local.
Emails recebidos:
Olá prima,
Quanta lembrança boa, essa semana você me surpreendeu com a subida ao Horto. Lembro da expectativa que ficávamos, mamãe fazia sanduíche de sardinha ou carne de lata (como dizíamos), sem faltar o guaraná Antártica. A família toda subia com muito respeito e animação, e papai nos levava no tum-tum revezando os que ficavam mais cansados. Parabéns mais uma vez.
Não deixo de ler sua coluna, além das lembranças é muito rica em fotos que nem sonhamos existir...
Beijos,
Lúcia Macêdo, Fortaleza
RESPOSTA:
Oi prima, gosto de sacudir e relembrar coisas passadas que já não existem mais. E sinto prazer em contar com uma galera amiga que sempre está me incentivando para continuar produzindo as lembranças de um tempo que já vivemos e que deixaram saudades. Grata pelos elogios.
São 22h e já li a sua Coluna de amanhã. Realmente a subida ao Horto na Sexta-feira Santa era motivo de muita expectativa, reunir amigos, o que devíamos levar para lanchar (na época não havia lanchonetes). Bom demais! Lembro muito bem de uma promessa que pagamos quando recebemos a notícia que tínhamos passado no vestibular. Fomos ao meio dia, no maior sol, a alegria era tanta que nem sentimos o calor. Eu, você e Maria Dárc e lá ficamos esperando José Roberto que ficou de nos pegar para voltarmos de carro, lembra? É, e esse amor já tem tempooo!!!!! Parabéns pela foto da capela e pé de tambor, onde hoje é a estátua do Padre Cícero. Estou esperando a próxima.
Beijos,
RESPOSTA: Oi Tereza, lembrei sim deste episódio, realmente pagamos esta promessa da aprovação no vestibular. É muito bom saber que você curte esta Coluna e que é minha fã. Obrigada, amiga.
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