- Passando nestes dias pela Av. Dr. Floro dei de cara com o Campo Florestal, órgão pertencente ao Governo Federal. Pensava que não mais existia, pois quando passava por aquela rua, não tinha mais ideia de onde se localizava. Neste dia, o portão estava aberto. Parei, pedi licença e um senhor que me atendeu e se identificou dizendo chamar-se Luís e que é o responsável pelo local. A casa ainda existe e é nela que ele reside há mais de quarenta anos, mas notei a falta dos pés de groselha, a frutinha azedinha de cor amarela. Quando estudava no Instituto Domingos Sávio ou quando participei do Núcleo das Bandeirantes como Fadinha, as reuniões algumas vezes aconteciam lá, me esbaldava chupando essa frutinha, ficava com os dentes todos embotados. Perguntei para o seu Luís, e ele respondeu: - Não temos mais esta planta aqui. Eu vi somente bananeiras, palmeiras, mangueiras, mas a frutinha da minha infância, também o tempo levou.
sábado, 19 de março de 2011
A Feirinha da Rua São Pedro e o Campo Florestal
Recebi muitas sugestões para lembrar a famosa Feirinha da Rua São Pedro próxima à Rua da Conceição, então, para agradar aos leitores aqui seguem as lembranças do tempo que já curtimos e muito! Procurei saber de algumas pessoas se estavam lembradas da Feirinha que existiu nos anos sessenta e mais além, e, se tinham conhecimento de pessoas que fizeram parte desta Feirinha, então descobri a existência de uma pessoa que quando criança ajudava sua mãe, D. Laura. Ela reside na Rua da União e chama-se Irani. Fui até lá para conversar com ela e consegui algumas informações. Ela e seu irmão nos idos de 1965 todos os dias acompanhavam sua mãe levando a banca, um tamborete, um balaio com os produtos que iriam vender e um candeeiro. Seu irmão muito pequeno não tinha com quem ficar em casa, então o jeito era levá-lo. Quem se incomodava muito com isso era o Comissário de Menor, o temível Cabo Dido, que algumas vezes ameaçava até de não permitir que ela colocasse a banquinha, devido a pouca idade do menino; ele alegava que não era certo ele ficar até altas horas da noite, enfrentando frio e chuva no local, sem proteção adequada. Ela lembra que o garoto ficava embaixo da banquinha agasalhado com um cobertor e lá ficava dormindo. Guardo em minha memória o horário em que diariamente surgia antes de cinco horas da tarde, no início da Rua da Conceição uma fila de velhinhas, cabeça amarrada com um lenço, outras com um pano que traspassava uma ponta por cima da outra formando um turbante, saia rodada ou pregueada com a blusa por cima e um rosário no pescoço. Traziam na cabeça um balaio com pitombas, amendoim torrado, cocada e rolete de cana e ainda um candeeiro. Minha amiga Tereza Fátima Bezerra, uma das pessoas que me incentivaram a escrever sobre este assunto mencionou o candeeiro, peça imprescindível na Feirinha, pois à noite muitas lojas estavam fechadas e com as luzes apagadas, era ele que iluminava os produtos expostos à venda. As feirantes levavam num braço uma mesinha (ou banquinha) de madeira e no outro o tamborete para sentar. Nem todas possuíam uma banquinha, algumas de poucas posses improvisavam um caixote de madeira cobriam com uma toalha de xadrez e em cima exibiam os produtos para vender. Segundo informações de Irani, elas chegavam cedo para varrer o local, para colocar as bancas. O número de vendedoras era de oito a nove. Tinha uma que se destacava das demais, era Carminha a que tinha a banca mais sortida e também era a mais animada e dinâmica, orientava as demais, e sugeria o que deveriam vender. Ela lembra do nome de algumas: Duas com o nome de Zefinha, D. Augusta, D. Júlia e Carminha (já mencionada), sua mãe D. Laura, e as outras ela não lembra mais os nomes. Todas eram muito amigas e nunca se ouviu falar de alguma briga entre elas. Acredita-se que um dos motivos que fez com que acabasse a Feirinha foi a saída de Carminha, a mais animada, porque ela resolveu morar em São Paulo. Também a procura pelos produtos vendidos por elas foram diminuindo, então as que ficaram resolveram diversificar, passando a vender também cajarana e cajá na época de safra; bolo de puba, coxinha etc. Porém, mesmo assim não prosperou. As feirantes então, foram perdendo o interesse, algumas adoeceram e deixaram de ir, a Feirinha ficando cada dia mais fraca, os fregueses escasseando. Por algum tempo ainda víamos D. Maria, uma senhora morena, baixinha e gordinha vendendo milho cozido. Ela desistiu do trecho tradicional entre a Rua São Pedro com Rua da Conceição, mudou para o quarteirão da Rua São Francisco com São Pedro, mas esta durou pouco tempo. Ah! Que tempo bom! Tempo de andar na rua à noite sem medo de assalto, de ruas movimentadas, de passar nos cinemas para ver os cartazes e das compras na Feirinha. As velhinhas simpáticas e educadas que sempre nos atendiam, ficaram no passado, no túnel do tempo. Neste momento, em que Juazeiro se prepara para festejar seu Centenário rendo aqui a minha sincera homenagem àquelas mulheres que vendiam na Feirinha da Rua São Pedro. Elas talvez nem saibam, mas fazem parte da História do Juazeiro Antigo e portanto são merecedoras do nosso maior apreço. Você que viveu aquele momento em Juazeiro renda também a sua homenagem àquelas valorosas feirantes. Não deixemos que a modernidade as deixe no esquecimento.
COMENTÁRIO:
A respeito do assunto focalizado na coluna anterior, minha prima Lúcia Macedo, de Fortaleza, fez o seguinte comentário: "Lembrei-me muito da Maroli, me diziam que ela era uma bruxa e tinha um caldeirão bem grande na casa dela e que ali ela cozinhava crianças. Imagine o medo que eu tinha dela, não gostava nem de passar na frente da casa dela, lembro nitidamante, ficou gravado nas minhas lembranças. Que legal voltar ao passado...
RESPOSTA: Prima, você sempre com os seus comentários que me animam a continuar despertando lembranças e saudades. Realmente, você aguçou mais minha memória e me fez lembrar que a consideravam mesmo uma bruxa e que metia medo nas crianças. É verdade, as crianças tinham medo de pisar na sua calçada.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário