PADRE MARINHO
Pe. Luiz Marinho Falcão, sacerdote salesiano de D. Bosco, esteve em Juazeiro do Norte, desde meados de 1960 ao início de 1965. Das suas maiores dedicações estavam o magistério e os esportes, pois era o organizador das equipes, tanto dos mirins como dos adultos. Na sua época, sob a direção do Pe. Gino Moratele, do Conselheiro Pe. Mário Balbi e com sua participação, o Ginásio construiu dois campos de futebol e uma quadra de futebol de salão. Ele não só organizava as equipes como também o campeonato interno. Desta época se pode lembrar times como Onze Veloz, o Domingos Sávio, o Bangüê, e outros. Era muito esforçado e dotava o Ginásio com uniformes e demais equipamentos para todos os times. Foi o fundador da LEDS (Liga Esportiva Domingos Sávio) Criou o Grêmio Literário D. Antônio de Almeida Lustosa. Também tinha grande entusiasmo com a banda marcial do colégio e foi o introdutor do grupo de cornetas que tanto sucesso fez a partir de 1962 e por muitos anos mais. Em 1963 deu grande colaboração ao assumir a direção do curso noturno do Ginásio, que já contava com mais de 350 alunos. Também dirigiu o Oratório Festivo, pois era um Catequista, grande empreendedor de festas, sempre alegre e brincalhão, gozava da estima de seus alunos e cooperadores de Juazeiro. Em Fevereiro de 1965, depois de cinco anos de atividades entre nós, foi transferido para Aracaju, SE. Daí, não mais soubemos seu paradeiro. Tudo faz crer que terminou seus dias em Pernambuco. Não sabemos em quais circunstâncias, mas pela internet encontramos uma menção à sua pessoa, em Cabo de Santo Agostinho, PE, onde há uma escola com seu nome, dado, certamente após a sua morte. Encontramos em nosso arquivo uma cópia do texto que marcou a sua despedida de Juazeiro e de seus amigos, quando foi transferido para outra unidade salesiana:
“Com o coração nas mãos e com as lágrimas cristalinas no lenço branco da saudade, eu digo adeus à boa terra do Padre Cícero Romão! E neste adeus, recordo a frase que existe lá em Santos, na Igreja do Carmo, bem no mausoléu dos Andradas: "De toda a glória eu só fico contente: Amei à minha, Pátria e à sua gente". Assim, também, profundamente agradecido, diante de tanta bondade a mim dispensada pelo bom povo e pela juventude, posso dizer: "De tudo eu só fico contente: Amei a Juazeiro e à sua gente". Se a saudade é a vontade de querer ver de novo, Juazeiro quer dizer saudade, pois quem aqui vêm e vê esta terra abençoada, só quer voltar outra vez. Irei dizendo por aí afora que no baralho jogado na mesa verde do Cariri, o Rei de Ouros ainda é Juazeiro do Norte: Juazeiro deixará sempre na minha vida uma recordação inesquecível! Muito obrigado por tudo! Não deixo meu coração em Juazeiro, mas levo o Juazeiro no meu coração. Adeus, Juazeiro, que carregas raios de ação e progresso. Adeus, Juazeiro, que trazes carícias nas mãos douradas. Adeus, Juazeiro, todo na ebulição das máquinas aquentadas e movidas pela energia de "Paulo Afonso". Adeus, Juazeiro, que falas no cascatear de versos dos poetas que em ti se inspiram e cantam pela Rádio Iracema! Adeus, Juazeiro, que me sorriu quando o meu sorriso esbocei, ao ver a árvore dourada em que carinhosamente foste embalado pelo meu Padrinho Cícero! Adeus, Juazeiro, do túmulo do Padre Cícero, relíquia que guardas com orgulho e piedade, onde fui muitas vezes rezar o rosário. De tuas Igrejas tão freqüentadas; de tua feira imensa, de tuas praças iluminadas; de teu comércio; de tuas ruas gigantescas; de tuas renovações; de tuas girândolas de foguetes; de tuas paradas, onde desfilam com garbo teus filhos e alunos salesianos; de teus esportes animados; de tuas famílias respeitáveis; de teu Capitão, cujo idealismo brilha mais que a espada; de tudo cantando "espalharei por toda a parte, se a tanto me ajudar o engenho e a arte!”
Adeus, Juazeiro!”
Padre Luis Marinho Falcão (SDB)
Nesta foto, com os concludentes do Ginásio, em dezembro de 1962, o Pe. Luiz Marinho Falcão posa, juntamente com o Dr. Afonso Tavares e o cônego Raimundo Serrão. Dentre os alunos podemos ver: Francisco Néri Filho, Francisco Rocha da Silva, Erasmo, Antonio Germano Magalhães, Hildeberto Jurumenha, Edny Araújo, Raimundo Nonato Dantas, José Pereira, Luiz Marden Pereira, Humberto Balbino, Stênio Figueiredo, Paulo Bezerra, Hernandes, Genésio Matos Júnior, Antonio Inácio Filho, Francisco Araújo, dentre outros.
Um comentário:
Conheci Pe. Marinho. Quando criança fui coroinha em suas missas de domingo na igreja do Colégio Salesiano do Recife - PE. Participei da LEDS a partir do ano de 1990, quando eu fazia a 4ª série. Na época Pe. Marinho sofria de diabetes e tinha uma perna amputada.
Em 1992 ou 1993, seu estado se agravou e ele teve de submeter a uma cirurgia, na qual lhe foi amputada a outra perna. Em consequência de complicações, não sobreviveu e seu corpo foi velado na igreja do Colégio Salesiano do Recife em meio a muita emoção. Muitas pessoas lotaram a igreja e o pátio. Pe. Marinho estendeu a LEDS aos pobres das comunidades do Recife, com a intenção de tirá-los das ruas e ensinar-lhes que o esporte e os estudos podem salvar uma pessoa.
Me lembro de uma imagem que ficou marcada, quando a mãe de um desses carentes chorava copiosamente em seu velório e, aproximando-se do caixão, abraçou o querido padre, derrubando o seu caixão, que só não chegou ao chão em virtude dos demais que o seguraram e recolocaram em seu lugar.
Pe. Marinho, Luiz Marinho Falcão, fez algo pelas pessoas, cumprindo a sua missão aqui na terra.
Vartan Fortuna.
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