sábado, 5 de fevereiro de 2011
JUAZEIRO, POR AÍ (06.02.2011)
Por Renato Casimiro
AEROPORTO REGIONAL DO CARIRI (II)...
Na edição de 06.11.2010 deste blog iniciei um relato acerca dos antecedentes do atual Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes, começando pelo princípio da operação do velho campo de pouso de Joazeiro, em 1933, no tempo do Padre Cícero. Esse caráter pioneiro da localização do aeródromo nas terras do antigo Tabuleiro Grande, frequentemente, foi esquecido ao calor das disputas regionais. Hoje vamos retomar o contato com alguns fatos que culminariam, mais de vinte anos depois, com a localização definitiva do aeroporto. Este primeiro campo de pouso continuou funcionando, em terras próximas ao atual Romeirão, durante vários anos, entre 1933 e 1947, especialmente pelo Correio Aéreo Militar, depois Correio Aéreo Nacional e também por pequenas aeronaves oficiais ou particulares que se destinavam à região.
Em meados dos anos 40, o Aero Clube do Ceará fora dotado de diversas aeronaves de pequeno porte e decidira realizar um intenso programa de ligação aérea entre diversas cidades do interior e a capital. Era a “marcha para o sertão”, inclusive inaugurando campos de pouso por todo o Estado. Em Juazeiro do Norte, a operação se iniciou em 1947 no nosso campo de pouso. O equipamento era um monomotor, modelo Paulistinha. A capacidade de transporte e carga era restrita a apenas dois passageiros, com frequência semanal. O pouso em Fortaleza se fazia na antiga base americana do Pici, onde hoje funciona a Universidade Federal do Ceará, em substituição às operações anteriormente realizadas na base americana do Cocorote (Coco route), local do antigo aeroporto Pinto Martins.
(Nas fotos mostradas acima, figuram a aeronave após o pouso e alguns detalhes da presença de autoridades municipais, assistência e do ambiente. Dentre os presentes ao ato, o prefeito José Monteiro de Macedo, o industrial Antonio Gonçalves Pita, o vigário Mons. Joviniano da Costa Barreto, o salesiano Pe. Antonio de Almeida Agra (diretor do Instituto Salesiano), o promotor público Edwar Teixeira Férrer, além do administrador do campo de pouso (Odilon), da equipe de dois tripulantes e outros não identificados).
Segundo registro encontrável em Irineu Pinheiro (Efemérides do Cariri), “no dia 21.12.1950, pela primeira vez aterrou no Cariri, no aeródromo de Juazeiro do Norte, vindo de Fortaleza, o avião de passageiros. Chegou às oito horas e quinze minutos e saiu às nove horas. O avião era da “Empresa de Transportes Aéreos Norte do Brasil (Aeronorte). Chamava-se “Cidade de Codó”, tinha capacidade de carregar 12 passageiros. Sua tripulação compunha-se de Gilmar Vinhas Mariath, comandante; Arqueminho da Silveira Siedle e Cacildo Severiano de Macedo. Sua rota habitual era Fortaleza-Ceará a Salvador-Bahia, com escalas em Iguatu, Juazeiro do Norte, Petrolina, Senhor do Bomfim, Feira de Santana. Seus passageiros do Crato foram duas senhorinhas, até a capital da Bahia. A marca do avião era Percival Prince. Agente da Companhia no Crato e Juazeiro é o negociante Ernani Silva, residente na primeira cidade.”
Nesta fase dos transportes aéreos no Cariri, operaram algumas companhias. A antiga Aeronorte (Empresa de Transportes Aéreos Norte do Brasil), foi fundada em São Luís do Maranhão no dia 30.12.1940. Apesar de já ter na sua frota aviões do tipo Lockheed Mod.10 Electra comprados da Varig, Howard DGA 15P, Lockheed L 12A e Curtiss C-46 Command, ela operava pelo interior do Nordeste com uma frota de três aviões ingleses Percival Prince. Uma outra companhia que operava no mercado era a Aerovias Brasil, fundada em 26.08.1942. Diferentemente da regional Aeronorte, ela realizava a rota Rio de Janeiro – Uberaba – Goiânia – Tocantins – Belém – Paramaribo – Port of Spain – Ciudad Trujillo – Miami. Em 1953 a Aerovias adquire o controle da Aeronorte, e se torna Aerovias Brasil. Mas, mantém as duas marcas (Aeronorte e Aerovias), tanto que até pelo menos julho de 1954, Ernani Silva, em Crato, era o credenciado para continuar vendendo passagens. Com esta aquisição, não parece ter havido qualquer supressão de rotas cumpridas pelas duas empresas para o antigo campo de pouso de Juazeiro do Norte. Não se tem qualquer registro de alguma. Uma terceira companhia em operação era a Real, fundada em dezembro de 1946. Com o sucesso de suas operações, foi gradualmente incorporando outras empresas de aviação, até que em setembro de 1954 ela compra a Aerovias Brasil. Nasce nesta ocasião o Grupo Real-Aerovias-Aeronorte que se compunha de duas empresas: Real Aerovias, que também operou no aeroporto de Juazeiro do Norte, e Aeronorte. A Casa Ernani Silva, em Crato, continuou como o agente local para passagens, cargas e encomendas para qualquer parte do país. Em 1960 a Real Aerovias completou seu 14º aniversário ultrapassando a marca de 12 milhões de passageiros transportados e mais de 1 milhão de horas voadas. Mantinha linhas regulares para 7 países. Mas tinha crescido depressa demais, e seus problemas se avolumavam, como os custos de reposição da frota e a saúde precária do seu fundador e Presidente. Em maio de 1961, a Varig compra a metade da companhia e em agosto do mesmo ano a mesma Varig assumiu o completo controle da empresa, adquirindo 90% das suas ações.
ESTA MATÉRIA TERÁ CONTINUAÇÃO DURANTE A SEMANA.
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