Depois de um sonho, resolveu dedicar sua vida aos pobres e aos humildes. Despos-suído de preconceitos, a todos acolhia sem distinção de cor ou classe. Reformador de consciências, sabia enfileirar as pessoas para os caminhos do bem.
Miseráveis de todos os lugares iam para seu reduto em busca de socorro e transformação. Pecadores, criminosos e delinquentes curvavam-se diante de sua palavra forte. Conselhos, ninguém os dava melhor que ele: Quem bebeu não beba mais! Quem matou não mate mais! Quem roubou não roube mais! Quem mentiu não minta mais!
Não costumava condenar ninguém. Combatia os pecados, mas amava os pecadores.
Nada que viesse dos homens o escandalizava. Por isso, sua casa e seu coração viviam sempre de portas abertas. Sabia acolher e cuidar. Em cada atitude, sobravam-lhe caridade, doçura e afeto.
Um sábio! Enxergava no trabalho o melhor caminho para recuperar pessoas com desvios de conduta e conduzi-las à prosperidade.
Construtor do progresso, mandou ensinar ao povo artes e ofícios. Cuidou da saúde e da educação. Incentivou o melhoramento genético dos rebanhos, estimulou o comércio e a agricultura Multiplicou riqueza e bem-estar, ocupando todos
os que lá chegavam sem trabalho e passando fome.
Ensinou o povo a proteger solos, rios, lagoas, matas e animais.
Aplacava ódios e aproximava inimigos. Diante dele, casais reconciliavam-se.
Quem chegasse carregando armas nas mãos, quedadas nos ombros e com estoques na cintura, podia ficar em seu reduto, mas antes tinha que depositar os canos de fogo a seus pés e se tornar pessoa pacífica Exigia transformação, mas sabia esperar o momento de cada criatura.
- Todos podem ser resgatados! - e, dando exemplos, mostrava os caminhos do bem.
Não o decepcionavam, as fraquezas dos homens. Sabia investir nas pessoas, buscando a vocação de cada um para o trabalho.
Lia nos olhos das criaturas as necessidades do corpo e da alma. Costumava dizer:
- O trabalho dignifica. Vamos trabalhar, produzir e louvar a Deus!
Visionário e pacificador. Dominava os assuntos do céu e da Terra. Sua
liderança incomodou a quem não a possuía.
Injustíçado, em vão recorreu. Punido, curvou-se, em sinal de respeito e obediência
Não demorou a ser aclamado pelas multidões.
Acolhia peregrinos, gente coberta de suor e trapos. Abria as portas de sua casa para pessoas sem rumo, desvalidos da sorte. Amava Deus em cada uma de suas criatu¬ras, prestando-lhes socorro e oferecendo-lhes possibilidades de ganhar o pão de cada dia honestamente.
- Nenhum pai de família pode viver sem trabalho!
E lá ia ele multiplicando oportunidades e ocupações.
Recebia cartas de poderosos e de desvalidos. A todos respondia com igual prestimosidade e afeto.
Um civilizador! Enquanto foram esquecidos os que o condenaram, ele perenizou-se no coração do povo. Dando exemplos de vida, ensinava:
- O amor é uma força que transforma o mundo!
Na casa dos humildes, ainda em vida, ocupou altares. Se o povo o santificou, aos olhos de Deus, é santo e não carece da canonização de Roma, porque já foi elevado aos altares.
Refiro-me a Cícero, sacerdote, profeta, líder e padrinho das multidões.
O Autor: Pedro Nunes Filho é escritor, radicado em Recife. Autor do livro: Guerreiro togado – fatos históricos de Alagoa do Monteiro, onde tem um capítulo sobre Padre Cicero e Juazeiro.
pnunesfilho@yahoo.com.br
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