sábado, 27 de novembro de 2010
PE.NERI FEITOSA E SEU JUBILEU DE DIAMANTE SACERDOTAL (03.12.2010)
Vida e Obra
Pe. Néri Feitosa nasceu em Arneiroz, CE, 04.04.1926. Foi ordenado em 03.12.1950. Recebeu as seguintes Provisões: Vigário Cooperador de Umari, CE, de dezembro de 1950 a julho de 1951; Vigário Cooperador de Missão Velha - de julho de 1951 a dezembro de 1953. Neste época foi Professor de Latim e Grego no Seminário de Crato - de janeiro de 1953 a 1960. Pároco de Araripe, CE, de janeiro de 1960 a julho de 1960; Pároco de Jamacaru (Missão Velha), CE – de julho de 1960 a janeiro de 1973. Coordenador da Pastoral em Itapipoca, CE - em 1973. Pároco de Mondubim, Fortaleza e Vice-reitor do Seminário Regional em 1974. Pároco de Madalena, CE - de 1975 a 1978. Pároco de Santana do Cariri - de janeiro de 1978 a dezembro de 1980. Pároco de Madalena, de novo, de janeiro de 1980 a janeiro de 1982. Vigário Paroquial de Canindé - desde 1982. Em Crato, foi Assistente do Círculo Operário do Crato, dinamizando seu quadro social, de 300 associados para 3.000, o segundo maior do Estado, e com Cooperativa de Consumo e crédito. Em Jamacaru, o lugar não crescia por falta de terreno disponível: comprou terrenos e loteou; o lugar cresceu em triplo; aí construiu também o Educandário Padre Amorim, com sede ampla e com residência para a Comunidade religiosa que viesse dirigir o colégio; conseguiu uma casa para Professora e eram muitas, porque o Educandário tinha ramificação pelas comunidades e chegava a ter 32 professoras rurais. Em Madalena, além das 53 comunidades com missa mensal, o Bispo encarregou-o de construir uma igreja exorbitante em sua planta e paralisada há 20 anos com paredes à altura de 2 metros; deixou coberta. Declaradamente, sua mania é escrever. Fundou o Arquivo da Família Feitosa. Fundou o Instituto Memória de Canindé e publicou diversos opúsculos históricos. No arquivo da Família Feitosa constam dezenas de títulos de sua autoria. Dedicou-se também a escrever sobre o Padre Cícero e resgatar sua memória, trabalhando por sua reabilitação. Já foi condecorado em Juazeiro do Norte com medalha de ouro por ser considerado o maior defensor do Padre Cícero. Cidadão honorário de Missão Velha, Juazeiro do Norte, Crato e Canindé; filho ilustre de Arneiroz-CE, terra natal, por ocasião dos 50 anos de Ordenação Sacerdotal. Sobre a Igreja: ''Assumo tudo que disse Santa Catarina de Sena, mas distingo: amo de verdade a Igreja, Templo de Deus, segundo I Cor, 4,1-16. Lamento muito a Igreja dos Bispos que me parecem distanciados extremamente do Evangelho desde o Edito de Milão de Constantino; nas vestes, no "império" das atitudes, no orgulho e desumanidade de governo, na importância que se dão, na exigência de títulos de honra: “Excelentíssimo, Reverendíssimo, Senhor, Príncipe da Igreja”. Sobre Jesus Cristo: "É a luz da história, é força no caminho, é o íntimo amigo de inteira confiança, o Máximo de solidariedade que se possa imaginar e de compreensão com as limitações de nossa fraqueza. Sou d'Ele por consagração sacerdotal e isto me santifica".
Padre Cícero e Juazeiro
Da pena de Pe. Néri Feitosa, desde 1982 saíram diversos trabalhos sobre Juazeiro e seu Patriarca: 1966 – Monsenhor Joviniano Barreto; 1982 – Eu defendo o Padre Cícero; 1984 – O Padre Cícero e a opção pelos pobres; 1986 – Padre Cícero, vítima do autoritarismo; 1991 – As virtudes do Padre Cícero; 1994 – A pregação do Padre Cícero; 1994 – O Padre Cícero profeta do Nordeste; 1995 – Canonização do Padre Cícero.Vol.1; 1995 – Padre Cícero e Juazeiro: Contradições, contra-senso e interrogações da história; 1996 – Canonização do Padre Cícero. Vol. 2; 1998 – O percurso histórico do Padre Cícero e do Juazeiro; 1999 – O Padre Cícero e o milagre; 2001 – Salete e Juazeiro; 2002 – A reabilitação do Padre Cícero; 2003 – Padre Cícero, sua espiritualidade, seus romeiros, sua reabilitação; 2003 – O inimigo do Padre Cícero; 2003 – Cronologia do Padre Cícero; 2004 – Padre Cícero e Moisés, dois condutores de multidão; 2005 – Análise jurídica das pastorais de D. Joaquim sobre Padre Cícero e o milagre de Juazeiro.
O Jubileu de Diamante, e sua palavra
Há poucos dias, pelo correio, Pe. Néri Feitosa enviou a seus amigos e admiradores uma carta muito breve sobre a data que está celebrando, acrescida de algumas reflexões que seu espírito resolveu publicar com respeito a situação atual da igreja e a sua opção pelo sacerdócio. Transcrevemos:
1 - O sacerdócio é missão divina. Por isso, ninguém o escolhe; o agra¬ciado é escolhido (Jo 15,16); 2 - Quando fui orientado para o sacerdócio, a formação era para o can¬didato ser Representante de Jesus, outro Cristo, Embaixador de Cristo (titulo do volumoso livro do Padre Faber). O Vaticano II conser¬vou esta posição: “O sacerdote age na pessoa de Cristo" (Presbyterorurm Ordinis, 12); 3 - De certo tempo para cá, fui notando uma diferença nos novos padres: são mais funcionários da Igreja. O Congresso Teológico Internacional, por ocasião do Ano Sacerdotal, confirmou esta triste realidade: - Dom Filippo Santoro: "Nos últimos anos, a formação sacerdotal, sobretudo na América Latina, preparou o sacerdote como organizador das pastorais, como promotor de atividades sociais e políticas e, em alguns casos, como homem de culto. Quanto mais se é consciente da vida como missão, mais se constrói o Reino de Deus e se é responsável pela missão da Igreja". O arcebispo de Utrecht,. Dom Willem Eijk, destacou a infiltração do secularismo na Igreja, a falta de conteúdo espiritual da parte dos sacerdotes "que irradiam pouco sua identidade íntima". Bento XVI: "perante o contexto da secularização, importa ultrapassar reducionismos perigosos que, nas décadas passadas, utilizando categorias mais funcionalistas que ontológicas, apresentavam o sacerdote quase como um "agente social", correndo o risco de atraiçoar o próprio sacerdócio de Cristo"; 4 - Dentro desse contexto e também diante do modo como os bispos tratam os padres (falta de relações humanas), hoje eu pensaria dez vezes antes de pedir matrícula num Seminário. Essas coisas causam o afastamento das vocações. Eu não iria estudar doze anos no Seminário para um "fun¬cionário da Igreja" ou um simples "auxiliar de um bispo"; 5 - Muito agradeço aos que se aliaram a mim nesta Ação de Graças Jubilar. Só o Bom Deus pode recompensá-los por esta solidariedade; 6 - Ainda não sei se posso encerrar no Cococi, a 8.12, o presente Jubileu, como seria do meu gosto.
Pe. Neri e Pe. Murilo.
Eram grandes amigos. Havia entre os dois um clima exemplar de respeito e admiração. Em diversas reuniões, nos sábados à tarde na casa paroquial, os escritos de Neri eram pauta intransferível, leitura obrigatória, comentários e discussões muito ricas. Quando seus argumentos nos “intalavam”, Murilo nos asseverava: - É um monstro!!! Após o falecimento do vigário, Pe. Neri, perplexo, escreveu este poema e me mandou pelo correio. É o que transcrevemos, abaixo. Em sua voz, a angústia de quem sentia com grande antecipação, a falta que ele faria – “Fez um buraco no mundo, que outro mundo não tapa”!
Esta lembrança que fazemos é para agradecer o dom da vida de Padre Néri Feitosa, e desejar-lhe felicidades. Ele fez questão de ser um grande amigo nosso, do povo do Juazeiro, de toda a nação romeira, e do Pe. Murilo de Sá Barreto, seu irmão, em Cristo, sincero e incondicional, cuja alma se elevou há, exatos, cinco anos. Parece que foi ontem... Agora, responda ao Pe. Néri: - O Pe. Murilo morreu...?
O Padre Murilo morreu?
Padre Neri Feitosa
O Padre Murilo morreu!
O banco quebrou a perna;
Sem escora tudo pendeu!
O Padre Murilo morreu:
O desastre maior que houve!
A natureza gemeu!
O Padre Murilo morreu...
“Fez um buraco no mundo
Que outro mundo não tapa”!
Do poeta Noé Ferreira
O autor transcreveu.
O Padre Murilo morreu?
Sem a perna da mesa,
Tudo de cima desceu!
O Padre Murilo morreu!
O carro largou a roda...
A viagem interrompeu!
O Padre Murilo morreu?
A ponte quebrou ao meio;
O trânsito interrompeu!
O Padre Murilo morreu!
Morreu um diplomata,
Morreu um pedagogo,
Um líder sensato!
A pastoral muito sofreu!
O Padre Murilo morreu?
“É insubstituivel”!
Foi Herzog que escreveu!
O Padre Murilo morreu!
Refez o Padre Cícero,
Repetiu seu carisma,
Disto a todos convenceu!
O Padre Murilo morreu;
Sua última liderança
O Clero do Crato perdeu!
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