Veríssimo relata, num diário pictórico divertido e informativo, o deslumbramento com o gigantesco festival religioso Khumba Mela, os passeios a bordo do festival Ganesh, o deus mais popular do país, pela cidade de Mumbai, e a rota de peregrinação dos hindus no Himalaia, o Char Dam. E não faltou espaço para registro do grafismo peculiar de placas de trânsito e da publicidade local.
No prefácio, o autor revela que o interesse pela cultura hindu vem do berço. A mãe, Zezé Tavares, era entusiasta de ioga, e, por consequência, desde pequeno ele sempre teve um interesse estético e espiritual pela Índia. Ainda assim, os conhecimentos adquiridos à distância se provaram pouco importantes quando o viajante chegou ao solo indiano. "As informações que a gente tem de livros, de fotografias, de filmes, tudo isso fica impregnado na gente. Quando fiz a primeira viagem, tudo desmoronou. Desde a preparação, você já fica completamente magnetizado pelo local. No momento que pisei no aeroporto de Nova Délhi, me recordo claramente, entrei realmente num tsunami da cultura indiana", compartilha.
O festival Khumba Mela foi, para ele, algo extasiante. No início de 2001, Veríssimo acompanhou uma grande massa de 70 milhões de pessoas, vindas de todos os cantos do país e do planeta. Celebrado a cada 12 anos, em quatro cidades diferentes, a "megarrave", como define o autor, reúne gente em busca de purificação nas águas dos rios Ganges, Yamuna e Saraswati, e é digna de menção no Guinness World Records (o livro dos recordes), como a maior aglomeração religiosa do mundo. As cidades Allahabad, Ujjain, Hardiwar e Nassik, são os lugares em que caíram as quatro gotas do néctar da imortalidade, disputado por deuses e demônios. O mito que origina o Khumba Mela ganhou a população indiana, que, em Mumbai, estende as narrativas míticas para o terreno urbano, com as festividades para o deus Ganesh.
E mesmo gente anônima, que anda pelo caos organizado das ruas das cidades indianas, não deixa de exibir uma riqueza de cores, indumentárias e elementos de um temperamento e de uma expressão cultural pouco familiar aos ocidentais. Veríssimo faz questão de compartilhar um pouco do que viu, ouviu e sentiu em Karma Pop. "Você mergulha num ambiente de milhares de deuses, manifestações nas árvores, entre cruzamento de rios, numa colina, numa caverna, centenas de milhares de templos. Você desenvolve faro para diferenciar coques de cabelo, as pinturas, os tipos de robe. E é evidente no Brasil, a tal da globalização com a sua espiritualidade. Os coqueiros, a juventude com brincos, o ganesh nas tatuagens. O meu entender da fé em similar em qualquer parte. A festa do Juazeiro do Norte, de Padre Cícero, representa o Khumba Mela no Brasil. A mesma magnitude. Existe uma conexão orgânica dessas manifestações", filosofa.
Karma Pop
De Arthur Veríssimo. Editora Master Books,
138 páginas. R$ 120.
Fonte: www.correionrziliense.com.brNo prefácio, o autor revela que o interesse pela cultura hindu vem do berço. A mãe, Zezé Tavares, era entusiasta de ioga, e, por consequência, desde pequeno ele sempre teve um interesse estético e espiritual pela Índia. Ainda assim, os conhecimentos adquiridos à distância se provaram pouco importantes quando o viajante chegou ao solo indiano. "As informações que a gente tem de livros, de fotografias, de filmes, tudo isso fica impregnado na gente. Quando fiz a primeira viagem, tudo desmoronou. Desde a preparação, você já fica completamente magnetizado pelo local. No momento que pisei no aeroporto de Nova Délhi, me recordo claramente, entrei realmente num tsunami da cultura indiana", compartilha.
O festival Khumba Mela foi, para ele, algo extasiante. No início de 2001, Veríssimo acompanhou uma grande massa de 70 milhões de pessoas, vindas de todos os cantos do país e do planeta. Celebrado a cada 12 anos, em quatro cidades diferentes, a "megarrave", como define o autor, reúne gente em busca de purificação nas águas dos rios Ganges, Yamuna e Saraswati, e é digna de menção no Guinness World Records (o livro dos recordes), como a maior aglomeração religiosa do mundo. As cidades Allahabad, Ujjain, Hardiwar e Nassik, são os lugares em que caíram as quatro gotas do néctar da imortalidade, disputado por deuses e demônios. O mito que origina o Khumba Mela ganhou a população indiana, que, em Mumbai, estende as narrativas míticas para o terreno urbano, com as festividades para o deus Ganesh.
E mesmo gente anônima, que anda pelo caos organizado das ruas das cidades indianas, não deixa de exibir uma riqueza de cores, indumentárias e elementos de um temperamento e de uma expressão cultural pouco familiar aos ocidentais. Veríssimo faz questão de compartilhar um pouco do que viu, ouviu e sentiu em Karma Pop. "Você mergulha num ambiente de milhares de deuses, manifestações nas árvores, entre cruzamento de rios, numa colina, numa caverna, centenas de milhares de templos. Você desenvolve faro para diferenciar coques de cabelo, as pinturas, os tipos de robe. E é evidente no Brasil, a tal da globalização com a sua espiritualidade. Os coqueiros, a juventude com brincos, o ganesh nas tatuagens. O meu entender da fé em similar em qualquer parte. A festa do Juazeiro do Norte, de Padre Cícero, representa o Khumba Mela no Brasil. A mesma magnitude. Existe uma conexão orgânica dessas manifestações", filosofa.
Karma Pop
De Arthur Veríssimo. Editora Master Books,
138 páginas. R$ 120.
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