Na minha adolescência, em Juazeiro do Norte, eu gostava de caçar passarinhos. Este esporte à época ainda era permitido. Nos baixios do rio Carás depois da apanha do arroz e do milho eram grandes os bandos de avoantes aproveitando os grãos esperdiçados no pasteio. Quando terminava a temporada de arribação, eu passava a perseguir as colombinas menores: rolinhas. Aí, as incursões mudavam de rumo; passava a caçá-las nas serras e brejos.
Como meu pai possuía um sítio no brejo, o Pau Seco, eu fazia um longo caminho para chegar até lá. Viajava pela serra do Horto, passando pelo Uruçui e Popô para então descer em direção à estrada velha, entre Crato e Juazeiro, que margeia o brejal. Nesse itinerário era farta a quantidade de rolinhas: caldo de feijão, cascavel, branca, caxexa e casco de burro.
Quando passava no Uruçui, sítio de José Geraldo da Cruz, primo do meu avô interno, eu sempre parava para beber água e se ele lá estivesse, manter um momento de prosa. A descida até o canavial era íngreme e deserta; algumas vezes até se topava com uma caça maior: jacu, mocó ou codorniz.
No ano que passou fui levado pelo casal Odival e Graça Cruz, ela filha de José Geraldo, para uma visita ao Uruçui. A casa antiga foi substituída por uma moderna que possui até piscina, mas no restante, o sítio permanece como há cinquenta anos atrás; a estrada, os pés de cajarana, a vista da cidade de Juazeiro e do Vale. Lá também ainda encontrei incólume e altaneira, a mais alta macaubeira da região caririense que, ao sabor dos ventos, ainda hoje executa sua bailia poética.
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